quinta-feira, 24 de setembro de 2020

500 - Obrigada, meu DEUS!!!

 500  -  Obrigada, meu DEUS!!!

Só me resta agora, agradecer a Deus, por tantas coisas boas que Ele permitiu que me acontecesse! De tudo que aprendi, aproveitei um pouco! Antes mesmo de terminar o meu Curso de Magistério, eu já estava lá no Ginásio, que me acolhera tão bem como aluna, por quatro anos, estudando muito e me preparando, visualizando um futuro promissor! Menos de três anos depois de concluir o Curso Ginasial, lá estou eu de volta, agora entrando pela porta da frente, subindo os degraus daquela escadaria lindíssima, acesso dos profissionais, já que os alunos contornavam e entravam pelos fundos. Eu mal podia acreditar que tal privilégio fora concedido a mim, para trabalhar uma matemática, que eu amava - e outros conteúdos.

Assim foi meu ingresso a uma atividade educacional, na qual eu permaneceria - quem diria? -  durante longos quarenta e seis anos! Mais tarde - bem mais tarde - pude fazer o Curso de Pedagogia, que me daria direito de trabalhar no Ensino Médio e na supervisão escolar. De alunos de quatro anos, aos de ensino médio, passei por todos eles, em etapas e trabalhos distintos!

Ao chegar a Sete Lagoas, fiz ainda a pós-graduação, num curso de psicopedagogia, e montei uma salinha de atendimento psicopedagógico, o que foi de um ganho pequeno, mas imenso, em necessidades especiais, pois enquanto eu procurava ajudar crianças e adolescentes com dificuldades de aprendizagem, aumentava a renda familiar, já que meu esposo havia, inacreditavelmente, perdido o emprego, após um trabalho eficiente de vinte e seis anos na mesma empresa. E os quatro filhos, estudando: dois  já se encontravam, terminando o ensino fundamental, a filha fazendo cursinho pré-vestibular e o mais velho, na faculdade. Um sufoco!

Vencemos! Graças a Deus! Por isto, afirmo: nada do que fiz na vida ficou perdido. Sempre houve grande proveito e hoje posso dizer, quase como o grande apóstolo: "Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé!" E aqui estou eu hoje, profissional da Educação aposentada,  esposo que eu amo, quatro filhos, sete netos, quarenta anos de carteira de motorista, muitas árvores plantadas, seis livros publicados cuidando da casa, tirando sempre um tempinho para as Orações diárias, com um privilégio imenso de poder participar da Santa Missa todos os dias, aqui na cidade de  Sete Lagoas, recebendo a Sagrada Eucaristia! 

Que posso mais desejar, além de rezar todos os dias para aqueles que me pedem orações, para os que não pedem também - e para aqueles que julgam nem acreditar nas mesmas. Agradecer a Deus em todos os momentos da minha existência, porque "até aqui" Ele sempre me ajudou. E continuar caminhando com a nossa Mãezinha querida, que nos dá de presente o Seu, o Nosso Jesus! Agradecer aos Anjos e Santos de nossa devoção, sua poderosa intercessão,.

Infelizmente hoje, há um desleixo tão grande com relação aos preceitos da Igreja: amanhã é sexta-feira - dia de jejum e abstinência de carne; mas quem se lembra disto? Quando éramos pequenos, nós obedecíamos a nossos pais e fazíamos o que eles determinavam. E o jejum era uma prática normal. Por que será que não conseguimos passar isto para os nossos filhos? Ou será que desaprenderam depois? Fazer jejum é bom, dá uma fome!... E a gente não pode comer. Isto é ótimo, disciplina o corpo e fortalece o espírito. Porém, se abrimos mão de uma das refeições do dia, ou se o passamos a pão e água, qualquer que seja o sacrifício, depois temos o que comer. Por isto devemos pensar naqueles que nada possuem para satisfazer o desejo do corpo! E oferecer esse sacrifício pelos mais necessitados, exercendo ainda, a prática da caridade, ajudando àqueles que são privados de tantas regalias que nós possuímos.  

E terminando de ler a obra grandiosa de Maria Valtorta, encerrar como ela o fez, proclamando solenemente: "Só o autor de uma obra sabe o espírito dela, e o compreende, ainda que não consiga fazê-lo compreender aos leitores da mesma. Mas onde não consegue um autor humano, porque toda feição humana é rica em defeitos, aí chega o Espírito Santo (...) comenta e completa profundamente para as almas dos filhos de Deus". (O Evangelho como me foi Revelado, volume 10, pag. 506)

Agora só me resta, dizer Adeus e Agradecer! E, relembrando Monteiro Lobato, repetir: "Pode haver  futuro mais bonito para uma coitadinha, que nasceu na roça?!"... 

Agradecimentos sinceros e plenos de ternura a todos que me leem. Deus os abençoe, abundantemente! Agindo assim, vocês me fazem, ainda mais feliz!

(Celina 01/10/2020)

499 -- Finalizando

 499  -- Finalizando

Estamos finalizando este trabalho. Como surgiu, não sei dizer, ao certo! Sempre gostei de ler e escrever. E guardava algumas coisas. A princípio, mais poemas que textos. E um dia, decidi colocá-los em um blog, para que pessoas pudessem lê-los. Depois, resolvi imprimi-los e encaderná-los em quatro volumes ilustrados, para os quatro filhos. Poemas com um colorido especial, capa grossa, um trabalho bem artesanal, que os faria lembrar de mim, "quando eu me chamar Saudade"! Depois, ao começar a frequentar o Clube de Letras, incentivaram-me a transformar em livros, não só o meu Blog "RETALHOS DA ALMA!" - de poemas - como também o presente Blog de crônicas, BOTÕES DE ROSAS.

As crônicas, mandei encaderná-las para os netos. Um trabalho semelhante àquele feito para os filhos, com ilustrações diversas, bem artesanal também!  Isto foi até a crônica de número trezentos, com a chegada do Rafael. Foram depois transformados em livros de verdade.

Como continuei a escrever, lançamos o quarto volume até o número quatrocentos. E agora, completando a coleção, estamos chegando ao último, com a crônica de número quinhentos. E é com grande satisfação que encerro este trabalho, que preencheu minhas horas, com uma ternura, decisão e certeza tão grandes, que só pode mesmo ter vindo do alto. Não tenho dúvidas a este respeito!

Sei que é uma literatura para um público bem específico, para pessoas que gostam da Vida! Vida em família, vida alicerçada em belezas eternas! É um trabalho onde falo de Deus, na Trindade Santa, falo da Sagrada Família de Nazaré, falo de Santos e pessoas de atitudes santas, atitudes boas, a começar pelos familiares e alargando os horizontes.

Um trabalho, onde trago apenas boas mensagens, de coisas que nos alegram, que nos elevam, que nos fazem ser melhores no amor a Deus, a si mesmo e ao outro, como o mandamento maior. Um trabalho feito com muito amor, cujo nome foi inspirado naquela que afirma: "Na minha Igreja, Minha Mãe, serei o Amor!". Por isto, Botões de Rosas! E os espinhos, você poderá me perguntar? Os espinhos existem também - e são muitos! Mas com eles eu faço um trampolim para um novo aprendizado! Das rosas, eu levo o perfume, para doar a quem estiver necessitando de uma graça especial! 

E hoje, exatamente no dia de Santa Teresinha do Menino Jesus, eu ergo as mãos aos céus, em singela prece! Não poderia haver um dia melhor para finalização deste trabalho, cujo nome lembra a Minha tão requisitada Santinha, desde os tempos maios remotos. Ela que disse passar o céu, enviando uma chuva de rosas àqueles que, da terra,  suplicam sua poderosa intercessão! Que ela possa abençoar este nosso trabalho a fim de que todos aqueles que tomarem conhecimento do mesmo, possam ser tocados no mais profundo de sua alma, e transformem em lindas rosas, os botões que aqui se encontram. Assim, nosso objetivo terá sido alcançado! 

(Celina  -  01/10/2020)

498 - Agradecimentos

 498  -  Agradecimentos

Ao agradecermos aos filhos, pelos netos que nos deram, precisamos estender este sentimento de profunda gratidão, ao genro e noras que o Senhor colocou no caminho de nossos filhos. E com eles, os familiares que, com certeza, também nos ajudam a ajudar. É assim! Nossos círculos de amizade vão crescendo, à medida que caminhamos. 

São tantas as pessoas boas que cruzam o nosso caminho, que jamais poderemos citar nomes. Como citar, se durante a caminhada, sempre aparece mais um para nos dar a mão? É bom  considerar a forma como estamos todos entrelaçados neste mundo e valem todas as máximas e provérbios que vamos aprendendo ao longo da vida! Pois somos eternos aprendizes.

Prefiro por isto, agradecer a Deus, considerando que em tudo, Ele está presente e a Sua Mão nos conduz ao outro - e conduz o outro a nós! Tenho muito a agradecer! Lembro neste momento, Monteiro Lobato, que dá voz a Narizinho ao se dirigir à fogosa Emília, com esta frase: "Pode haver futuro mais bonito para uma coitadinha que nasceu na roça?!"

Bem, não sou boneca de pano, mas era uma Menina "nascida na roça" muito pobre, terceira filha de uma família, que ficou muito numerosa. Assim, as dificuldades foram as maiores possíveis. Porém, Deus nos ajudou tanto, que tínhamos saúde, vivíamos como uma família unida, sempre confiando uns nos outros, e ajudando-nos mutuamente. 

Foi fácil? Não foi não, mas sempre com muita fé em que tudo iria melhorar. E foi melhorando realmente, a cada dia. Por um pequeno e inusitado incidente, mudamos para a cidade, dedicamo-nos, com afinco, aos estudos, aos trabalhos que foram surgindo para cada um de nós, e vencemos!

Hoje temos tranquilidade e satisfação ao olhar para trás e repetir uma máxima que sempre nos acompanhou: "Até aqui, Deus nos ajudou!". E esse "até aqui" continua. Até quando?!  Só Deus sabe! Nossa vida, nós a colocamos em Suas Santas Mãos! E agora, é só agradecer. 

Jamais poderíamos imaginar os filhos maravilhosos que temos, os netos que Deus nos deu, as casas que construímos, carros para que possamos ter mais conforto ao deslocarmos, de acordo com as necessidades que  vão surgindo... e assim por diante. 

Obrigada, Senhor! Obrigada pelo carinho com que o Senhor conduz a nossa vida! Muito obrigada!!! Por isto tenho as mãos elevadas em preces, a todo momento. Uma fé possante na Bondade de Deus, que nos criou e nos acompanha durante toda a caminhada! Uma fé gigante que nos foi transmitida pelos nossos antepassados e recheada de palavras, pessoas e fatos, que nos fazem enxergar, cada vez melhor, a ação de Deus em nós. Uma fé que tentamos transmitir também a outros, fazendo-os ver que somos de Deus, d'Ele viemos e para Ele voltaremos, quando Ele assim determinar. Um dia, todos compreenderemos a ação de Deus em nós. Por tudo o que já se foi, e por tudo o que ainda virá, obrigada, Senhor!

(Celina  -  01/10/2020)


497 - Nossos Netinhos

 497  -  Nossos Netinhos

Continuando a caminhada por este mundo, os filhos nos dão netos e, aqui em casa já são sete! Crianças lindas, que vimos nascer, acompanhamos o crescimento, ajudando sempre, até hoje, no que se fizer necessário. Mas, nossos filhos são muito independentes, graças a Deus! Bons estudos, boas profissões, deram a cada um deles a condição de pautar sua vida em bons investimentos, conseguindo sempre o que pretendem. 

Amamos nossos netos, que, para nós, são verdadeiras joias preciosas - o que há de mais lindo em nossas vidas! Até ao se referir à primeira - a Júlia - que já passou dos vinte anos, o vovô fala: nossa netinha! Ou seja: vemos nela, aquela menininha linda, tão graciosa, tão espontânea, que nos fazia rir a cada palavra, a cada ato! Muito espirituosa, sempre vinha com suas gracinhas, que encantavam a gente! Com a sua chegada, volta a ternura a uma família de apenas adultos

Depois, surge o Arthur! E a Júlia, que então já contava nove anos, começou a ficar com ciúmes, pensando que aquele Pequeno Príncipe, que ela amava de montão, ia roubar-lhe o espaço aqui na família. Errado! Como esquecer a emoção de vê-la chegar? Como esquecer as coisas lindas que fazia e dizia, nossos teatrinhos - a Emília que caía da buticabeira - e tantas outras encenações, que ela inventava e tínhamos que participar com ela?...

O Arthur e a Júlia, apesar da diferença de idade, representam  uma história de amor de irmãos, que se entendem e se acham necessários, um ao outro, com uma empatia invejável. Mesmo depois do nascimento do Sávio, irmão do Arthur, a ligação entre ele e a Júlia continuou muito firme, só esfriando um pouco, após a separação por mudança forçada, pelos estudos e necessidades da família.

O Arthur é incrível! Muito levado, brincalhão, "chato" demais, é amado por todos! Todos os primos gostam dele de forma inacreditável - e é uma relação de muito amor. Ele e o Sávio, brincam muito, brigam demais e assim, vão levando a vida! Muitas vezes, precisamos separar os dois, para evitar as gozações e o choro, nas brincadeiras constantes!

Irmãos também, sempre juntos, são o Lucas e a Gabriela, filhos da Walcelina. Brincam muito, brigam pouco, talvez por ser um casal, o que nos faz lembrar, com saudades, o bom relacionamento entre o Walcely e a irmã. Estão sempre juntos, são também muito inteligentes e espirituosos, graças a Deus! Uma alegre presença constante por aqui! E são como irmãos para o Sávio, que é uma ternura de ser humano e que tem quase a mesma idade do Lucas.

A Letícia foi "filha única" durante um bom tempo. Era a princesinha da casa. Sempre muito educada, de mimosos gestos e palavras, bem comportada, até que chega o Rafael! E aí, também se acha no direito de brigar com ele, que é muito levado: um outro Arthur! Uma grande bênção, o nosso Rafa, completando a alegria da família!

Sempre fui contra a condição de filho único, e falava isto nas reuniões de pais, enquanto professora e supervisora. Porque é em casa, com os irmãos, que se aprende a brincar, a brigar, a desconsiderar, a fazer as pazes, a ser melhor, com certeza! É preciso ter irmãos! Viver a condição de "mais de um", para aprender a conviver em todas as situações, cultivando a tolerância e o entendimento, requisitos necessários a uma vida em sociedade, que possa ser considerada suportável.

Aos nossos quatro filhos e lindos netos, os sinceros agradecimentos pela presença constante, e nossas súplicas a Deus para que os proteja sempre, como tem feito até o presente momento!

(Celina  -  30/09/2020)

496 - Nossos Filhos

 496  -  Nossos Filhos

Pois é! O Sacramento do Matrimônio nos trouxe, de presente, quatro filhos maravilhosos! Veja você: um rapaz, que, no parecer da própria família, era tão diferente dos demais, nada tinha na cabeça, o que ganhava, gastava, era um "folgado", gostava de bebida, de jogo, estava sempre comprando brigas, e tantos outros predicados que lhe imputavam, quem diria? - logo no primeiro mês de casados, ao ver que eu não havia engravidado, já ficou preocupado: "Será que não vamos ter filhos?" Calma, meu bem, respondi. Temos só um mês de casados! Não é assim!  

Porém, fiquei ainda mais feliz com ele, a partir desta preocupação. Demonstrava assim, sua transformação e apontava para um futuro com que sempre sonhei! Ele realmente pensava como eu. Queríamos ter nossos filhos. O primeiro chegou logo no ano seguinte; e no outro, a primeira filha. Sendo assim, com dois anos de casados, já tínhamos dois filhos: um casalzinho lindo que preenchia nossos dias com suas gracinhas, seu jeito de ser, as brincadeiras constantes, as manifestações primeiras de grande inteligência! Que felicidade!

Estudando, ainda na época do namoro, como chamaríamos os nossos filhos, começamos a combinar os nomes de nós dois: Waldívio e Celina!  Assim, com dois anos de casados, tínhamos, duas bênçãos maravilhosas: o Walcely e a Walcelina! Cresceram muito juntos, brincando a infância com prazer  e eram a alegria da casa. Combinavam muito em suas brincadeiras. Sempre gostaram de ler, uma escolaridade tranquila, e a mesma Faculdade de Odontologia, que deu a eles uma boa profissão, na qual ela se encontra até hoje.

Porém, ele quis mudar um pouco. Ou muito! Trabalhando como dentista por quinze anos, um bom endodontista, fez o Curso de Direito, prova da Ordem, logo em seguida, concursos vitoriosos, e ingressou na Polícia Civil, que lhe trouxe maiores emoções. Parece estar gostando muito de seu novo trabalho, pleno de novas aventuras a cada dia.

Voltando ao início do casamento, três anos depois do nascimento da Walcelina, lá vem o Waldívio Júnior, outra grande bênção! Inteligente, estudioso, centrado sempre em seus projetos de vida, fez Medicina na UFMG e hoje é médico aqui, na cidade de Sete Lagoas, um bom anestesista, graças a Deus! Tão centrado que, sem fazer cursinho, conseguiu ser aprovado em três faculdades federais de Medicina: Em Juiz de Fora, Montes Claros e Belo Horizonte, escolhendo esta, por estar mais próxima. 

E ainda vem o caçula, três anos depois do Júnior, coroando nossa felicidade por completo! Fez também Odontologia em Diamantina, mas pouco exerceu a profissão, preferindo ser professor,  cursando outras Faculdades, sendo agora aprovado no Instituto Federal. Uma grande bênção também, este Menino, que nos traz tantas alegrias!

Filhos são sempre uma bênção e a constatação de que Deus confia em nós, ao nos entregar suas novas criaturas, para que cuidemos delas. Não é assim?

(Celina -  30/09/2020)

495 - O Sacramento do Matrimônio

 495  -  O Sacramento do Matrimônio

Pensando em Sacramentos, me vem ao coração, uma certa tristeza, porque muita gente hoje nem deve saber quais são os sete sacramentos. Você sabe? E os mandamentos da Lei de Deus, os da Igreja... Que pena que as coisas vão se perdendo ao longo dos anos...

Uma grande pena, porque, quando, por ocasião de um evento desses, as pessoas se reúnem, há tanta alegria, tantas festas, tanto reencontro... E depois, quando o período de euforia fica para trás, já nem se lembram mais, pouca coisa fica do que foi dito, das reflexões feitas, principalmente pelo sacerdote, que ministrou o sacramento, naquele momento. Realmente, uma grande perda, esse esquecimento!

Analisemos o Sacramento do Matrimônio: quanta preparação, quanto entusiasmo, desde os primeiros passos! E quanta história pra contar! Quantos encontros e desencontros, desde o primeiro olhar, as primeiras palavras de carinho, momentos inesquecíveis de grande emoção... Deveríamos sempre, estar pensando nas coisas que nos aconteceram desde o primeiro instante!

E a história é feita por cada um de nós. O caminho se faz ao caminhar, não é mesmo? No meu caso, foi assim: ele foi transferido para trabalhar no Banco Real, na minha cidade e eu já havia terminado o Curso de Magistério e lecionava no Ginásio pela manhã e à noite; e ainda, no Curso Primário à tarde. Sempre estudando muito e dando aulas particulares até nos finais de semana, não me sobrava muito tempo para outras coisas. E foi assim que nos encontramos, solteiríssimos, e na condição de um namoro sério. 

Porém, não foi tão simples assim. A princípio, a gente poderia pensar que estava tudo certinho: ele já tinha vinte e cinco anos, estava trabalhando, eu já com dezenove, também com uma profissão, teria tudo pra dar certo! Quem disse que as coisas são assim, fáceis? Por isto que é bom a gente nada saber, antecipadamente, sobre o que vai acontecer. Nem poderia nunca imaginar, desde aquele primeiro encontro, quantas lágrimas eu teria que derramar, antes de conseguir o que queria! Muitas lágrimas!!!

Quando passei para dar aulas no Ginásio, ele estava na porta de um bar, com um colega de trabalho, que era, naquela época, meu aluno. Ele olhou pra mim, e ao olhar para cumprimentar meu aluno, eu o vi e achei-o lindo. Procurou saber quem eu era e obteve, de imediato, a resposta. Isto foi no sábado, pela manhã.

Na terça-feira, à tardinha, eu estava indo com uma de minhas irmãs, à casa de uma amiga para ver o programa "RC 68", porque na época, não tínhamos ainda televisão em casa. Ele me viu e perguntou onde estava indo. E arriscou: "Vai ver Roberto Carlos, não. Fica comigo!"

E eu disse a ela que fosse e fiquei ali, no jardim, conversando com ele. Encontramo-nos umas poucas vezes, começando a nos conhecer. Mas, chegou a Semana Santa e ele disse que ia à sua casa, em Diamantina. Eu não queria que ele fosse. Então, o encardido, como diz o saudoso Padre Leo, colocou na minha cabeça que ele deveria ter uma namorada lá e eu lhe disse isto. Afirmou com todas as letras que não; e que iria apenas ver sua família. E, decidido como é, ao ver que eu fiquei brava com a situação, a sentença veio logo: "Eu vou de qualquer maneira! Só quero a sua resposta: Sendo, ou não sendo seu namorado!" Na dúvida, pensando que poderia ter uma outra lá esperando por ele, respondi: "Não sendo!" Ele virou as costas e foi embora!

E foi só aquele feriado prolongado. Voltou e comecei a querer de novo que voltássemos ao namoro. E ele, irredutível! Então, um outro colega de trabalho dele, que também era meu aluno, todos os dias, olhava pra mim, ria e dizia: "Waldívio mandou um abraço pra você!" Eu ganhava o dia, com aquelas palavras dele, e mandava um abraço também.

Até que retomamos o namoro, mas depois ele perdeu o emprego, teve que ir embora da nossa cidade, comunicação difícil naquela época, e por diversas questões, minha família não queria de forma alguma, o meu namoro com ele... Sabendo disto, a dele também não queria... E foi um sufoco! Uma tortura! Meses de muito choro, incompreensões, e ataques, até que, graças a Deus e a um velho amigo, ele conseguiu voltar para o Banco, ali, na minha cidade de Teixeiras. Juntos, ficou mais fácil, enfrentar tantos contratempos e chegamos ao matrimônio, sem festas, poucos parentes e amigos, mas testemunhas fiéis que nos viram trocar de dedo as alianças, cuja história, daria um livro! 

E estamos aqui hoje, graças a Deus, quatro anos de namoro e noivado e quarenta e oito de casados. Muitas alegrias, algumas preocupações e tristezas, tudo bem! Contarei mais algumas coisas, voltando ao assunto nas próximas crônicas, para fechar este último livro da minha coleção "Botões de Rosas" - um precioso filho, de uma grande e demorada gestação!

(Celina  -  25/09/2020)

494 - Vozes, Imagens!...

 494  - Vozes, Imagens!...

Eu já acordo com sua voz! Belíssima! Cada vez mais nítida! Cada vez, mais cedo! Aqui bem pertinho da janela do meu quarto, num chorão mexicano, que resolveu lançar seus galhos em todas as direções, com suas flores bem vermelhas! E já ultrapassa o telhado, maior ainda que as palmeiras, que também estão aqui na frente! É ele quem me acorda bem cedinho! Estou falando da "Sua Majestade", o sabiá!

Mas meu esposo, que conhece muito de fauna e flora, já listou, mostrando pra mim, mais de vinte espécies de pássaros, que aparecem por aqui. Quer saber? Será que em seu quintal, eles aparecem também? Aqui temos muitas árvores, que nós plantamos, e isto favorece, não só o seu passar por aqui, mas também, montar barraca e criar seus filhotes. E há alguns que chocam praticamente no mesmo lugar, todos os anos!

Estou falando, por exemplo, das pombas, em pelo menos três tamanhos diferentes: as pequenas, tão comuns, quanto graciosas. Já viu como elas andam de forma elegante? Mas temos também algumas enormes, que meu esposo diz que são "as verdadeiras", não sei por quê - as outras, não são? E as de tamanho intermediário, bem diferentes, tanto das pequenas, quanto das grandes!

E são tantos os outros que, se eu for contar tudo que o Waldívio diz sobre cada um, isto não será uma crônica, mas, com certeza, um livro! Então vou apenas citar. Veja se você já viu todos eles, dando sopa, aí no seu quintal. São tantos que prefiro fazer um novo parágrafo com a citação:

Gaturamo - lindo! - tizil, saíras, assanhaço, bem-te-vi, pica-pau, maritaca, periquito, joão-de-barro, melro, canário, papa-capim, pata-choca, tolinha (azulzinha!), papa-mel, um outro menor que ele - e o meu esposo diz que não sabe o nome, alma-de-gato, beija-flor, pardal, coruja, peixe-frito - que grita assim: PEIxefrito! PEIxefrito!...

É uma algazarra o dia todo. E por que eu coloquei "saíras", se todos os outros estão no singular? Quem já viu um pardal sozinho? Parece que o certo seria colocar pardais, não é? Mas estou apenas citando as espécies de pássaros que já vimos no nosso quintal. Devo até ter esquecido de alguns. Coloquei saíras, porque há mais de uma espécie delas por aqui. E as maritacas? Aparecem sempre em bandos, não é mesmo? E que gritaria elas fazem! Já prestou atenção em como conversam entre si?

Eu disse por que é que temos sempre aqui, tantos passarinhos;  é por causa das árvores que plantamos. Começamos com alguns pés de goiaba - que produzem tantos frutos; ganhei depois uma muda de acerola, que já rendeu outros pés por aqui; limoeiros são dois grandes e produzindo muito; uma pitangueira no meio do terreiro, um cajueiro, uma mangueira;  alguns mamoeiros e uma jabuticabeira-criança, da qual espero provar uns frutos, um dia; uma macieira - que não conseguiu ir pra frente... Ainda temos uma moita enorme de ora-pro-nobis, chuchuzeiro, verduras... É só plantar e cuidar, não é mesmo? Além dos pássaros, as plantas servem ainda de suporte para as orquídeas. Muito bom!

Como os homens, normalmente, não têm muitas tarefas em casa, quem cuida mais das plantas é o meu esposo, que ontem completou setenta e sete anos, com muita saúde, graças a Deus! Mas eu molho todos os dias, cuido e planto também.  Amo as plantas!  É uma verdadeira terapia, no jardim e no fundo do quintal. E ainda temos os peixinhos e, além deles,  as galinhas com seus ovos e pintinhos, a nos alimentarem e preencherem nossos momentos, sendo ainda a alegria dos netos, que dão nomes a eles, não é, Lukinha? 

Acabei de ler pro Waldívio, para ele ver se faltou alguma coisa, e ele disse que faltou citar a "dama-da-noite", que perfuma toda a vizinhança e, como está uma moita enorme sobre o telhado do primeiro pavimento, está sempre cheia de ninhos também, como vejo agora, além do ora-pro-nobis, o chuchuzeiro, a mangueira, a pitangueira, o chorão mexicano e outros mais, cheios de diferentes ninhos!  

Aí você pode estar se perguntando: Moram numa chácara?... E eu respondo: Não! Num lote comum, de trezentos e sessenta metros quadrados! Como o seu, certamente! Ou menor ainda!...

(Celina  -  24/09/2020) 

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

493 - Na Esperança!...

 493  -  Na Esperança!...

Na esperança de que tudo isto vai passar, pintei de um verde forte, a parte cimentada do quintal da minha casa. Na esperança de que dias melhores virão, colori ontem este chão aqui, mesmo sabendo que os passarinhos vão sujá-lo logo, logo, mas não importa. O que conta - sempre - é a esperança, que nunca me abandona. 

Fiquei o dia todo, na feliz missão. Desde que voltei da missa, comecei a fazer o que planejei durante a noite: lavei bem o espaço, e, enquanto secava, fui cuidar da rotina de todos os dias. Depois, abri a enorme lata de tinta e comecei a pintar. Como eu gosto de fazer isto! Como é bonito ver a transformação de um espaço, trabalhado pelas nossas próprias mãos!

Sei que as árvores não cooperam; e lançam suas folhas sobre a tinta ainda fresca. E sei que os passarinhos também não reconhecem o meu esforço para deixar o ambiente mais agradável; nem tinha dado ainda a segunda demão, lá estava o sabiá se deliciando com uma pitanga bem madurinha que havia caído. É muita folga!... E para comer uma simples pitanga, colore de vermelho vivo, bem mais que meio metro do meu espaço verde. Vê se pode! E ainda costuma deixar ali, o seu pagamento que eu tenho que limpar depois. É mole?

Ontem fiquei a tarde toda nessa tarefa pois o espaço é grande, uns  cinquenta metros quadrados. E quando vi que estava quase na hora da Oração, saí com as mãos coloridas, rezei e depois voltei para terminar a primeira demão. Hoje dei a segunda e fico feliz ao ver o produto do meu trabalho: ficou muito bom!

Sei que as árvores continuarão a jogar ao chão, as suas folhas. Sei também que elas estão cheias de ninhos e, assim sendo, os passarinhos vão sujar o meu verdinho e amanhã, quando eu me levantar, terei muito o que fazer para o chão ficar limpinho de novo. Mas não me importo. "Lavou, fica limpo!" Não é assim? É tinta de quadra, totalmente lavável e fica tudo bem lindo! 

Enquanto vamos ocupando o nosso tempo, unindo o útil ao agradável, o tempo vai passando, as coisas vão se ajeitando e, tudo bem! A esperança nos alimenta sonhos de dias melhores, quando poderemos sair por aí, sem máscaras e preocupações. Já são seis meses de pandemia e a gente na expectativa de uma vacina, que possa nos livrar da doença. Mas enquanto isto não acontece, não sabemos onde se encontra o inimigo e por isto, qualquer pessoa pode ser um perigo em potencial. Que situação não é mesmo?

Enquanto necessário ficarmos confinados, vamos inventando e pintando escadas, e cadeiras e chão, mesmo que para isto precisemos de um esforço um pouco maior. Isto é bom para ocupar o tempo ocioso, dando corda à esperança de que amanhã será melhor. Muito melhor! Dizem por aí que a esperança é a última que morre mas eu penso sempre diferente: para mim, a esperança não morre!

(Celina  -  18/09/2020) 

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

492 - Aniversário!

 492  -  Aniversário!

Muito bom comemorar o aniversário. Só que é muito mais significativo, quando esse dia é o aniversário de um filho. A gente fica o dia todo relembrando aqueles momentos mágicos que vivemos, muitas vezes, de dores intensas e de verdadeiras lágrimas de felicidade!

Hoje é o aniversário da minha filha. Os dois filhos dela, estão muito entusiasmados porque ela resolveu não ir para o consultório e ficar o dia todo com eles. Assim, foi ela quem fez o almoço pra família, participou das aulas online com eles e foi um dia de presença constante ao lado dos filhos, realmente o maior tesouro que possuímos. A  Gabi me ligou toda feliz, contando a novidade!

Desde cedo, pude acompanhar nas redes sociais, os muitos cumprimentos dirigidos a ela, com os votos de saúde, felicidade e muito amor, que pipocavam nos grupos de whatsapp e facebook. É uma alegria imensa, saber que nossos filhos possuem bons amigos, ótimos relacionamentos, vida saudável!

À noite, fomos vê-la; apenas um oi, nem um abraço, por causa da pandemia... Que situação difícil estamos vivendo, não é mesmo? Mas aí chega o maridão, que estava trabalhando e traz um bolo delicioso; e o  tão esperado "Parabéns" pôde acontecer e cantamos com gosto! O bolo realmente estava uma delícia!

Relembramos e contamos para os filhos, que ela, quando criança, se não tivesse bolo, não tinha também aniversário; ou seja, se estivesse com cinco anos, não poderia passar para seis, enquanto não comesse o bolo de "Parabéns!" São assim, as crianças! Elas me encantam cada vez mais!

Porém, o aniversário de qualquer filho pra mim, acontece muito antes do amanhecer. Acordo de madrugada e começo com as orações. Fui à missa hoje, no Santuário e como a pessoa que ia fazer as preces havia faltado, pediram-me que as fizesse. Não resisti e coloquei uma a mais para os aniversariantes do dia, entre eles, minha filha Walcelina. Assim, ela pôde receber muitas orações, além das minhas. Continuo afirmando: Deus é maravilhoso e os sinais acontecem a cada momento. Basta prestar atenção, sempre!

(Celina  -  16/09/2020)

terça-feira, 15 de setembro de 2020

491 - O Antigo - e o Novo!

 491  -  O Antigo - e o Novo! 

Ah, o novo! Um curso novo, uma roupa nova, um ano novo... Como tudo isto nos emociona! Um filho, quando vem à luz, e a gente contempla aquele serzinho, tão lindo, tão frágil, tão novinho, tão necessitado de cuidados... Meu Deus! É o mais maravilhoso sinal do Seu infinito poder!

Porém, o que era novo um dia, daí a pouco, já não o é mais! O curso termina, a roupa se desfaz, fica velha, feia, muitas vezes, desbotada, manchada, trapos... e é deixada de lado. O ano, rapidamente vai ficando velho; e se fica à espera do novo - de novo! E o filho também se torna adulto, velho, assim como todas as outras coisas novas.

Mas a minha mensagem de hoje é bem diferente de tudo isto! Porque o dia catorze de setembro,  que me traz à lembrança, tanta coisa boa - me faz refletir sobre o real significado da Cruz. Nesse dia da exaltação da Santa Cruz, uma das festas mais lindas de algumas de nossas cidades, é feita na liturgia diária, a leitura de dois textos  - um do Antigo e outro do Novo Testamento - que nos fazem compreender a caminhada do povo de Deus. 

Aquele povo, que foi retirado do Egito e caminhava pelo deserto à procura da terra prometida, se revolta  e começa a reclamar contra Deus e contra Moisés. E diz o texto que Deus manda serpentes venenosas, que os mordiam e matavam a muitos. Arrependidos das murmurações e pedindo perdão, recebe, aquele povo sofrido, o consolo de Deus, naquela serpente de bronze, não foi assim? Está em Números - capítulo vinte e um - Antigo Testamento.

E quando Nicodemos questiona Jesus, Ele lembra esse fato e lhe afirma que assim como a serpente de bronze foi levantada numa haste, para que o povo não perecesse com as mordidas das venenosas, assim também, Ele seria levantado no madeiro para que todos aqueles, que n'Ele creem, não morram, mas tenham a vida eterna! (Jo 3, 13-17)

Não sei se aquele fariseu entendeu bem, a princípio. Mas certamente, depois da Sua morte na Cruz, ele se certificou de toda a Verdade! E ajudou José de Arimateia, que também fazia parte do Sinédrio,  a sepultar Jesus, após aquela morte tão terrível.

Jesus, muitas vezes dissera a Seus discípulos: "Eu não vim para abolir a Lei, mas para dar-lhe um perfeito cumprimento, com justiça e misericórdia!", ou seja, tudo o que foi passado no Antigo Testamento, foi revivido e melhorado por Jesus, que lhe deu um novo e real significado.

Assim, na História da Humanidade, ao contrário do início deste texto, o Antigo veio primeiro e depois, o Novo, para dar-lhe cumprimento, não é interessante? O Antigo, que prenunciava a vinda do Messias, termina com a nascimento d'Ele. E daí pra frente, tudo é novo! Por isto, cantamos, alegremente: "Eis que faço novas todas as coisas..." Conhece esta música?

(Celina  -  14/09/2020)

sábado, 12 de setembro de 2020

490 - Ser Forte!

 490  -  Ser Forte!

Procurando caminhar com o mandamento maior que o Filho de Deus nos propôs: "Amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo" - a gente se torna, verdadeiramente,  um forte! Forte, porque sabe que está no caminho certo. E sabe que, como humanos, sujeito a deslizes, a gente pode confiar na misericórdia de Deus, pelo arrependimento, pelo perdão e reconciliação.

Não é assim, tão linear, o nosso jeito de ser; mas é, ao contrário, cheio de altos e baixos; porém, é visível a pessoa que tem Deus no coração: ela sabe reconhecer seus erros, desculpar-se por eles, procurar não mais cometê-los e ensinar ao outro apenas o que é bom. 

Hoje, meditando Lucas, o sacerdote lembrou, à atenta assembleia, que uma árvore boa não pode dar frutos ruins e vice-versa; e que se conhece a árvore pelos seus frutos. Precisamos cuidar bem de nossas crianças, dando-lhes o suporte necessário, para que possam conseguir enfrentar os desafios, que se lhes apresentarem, durante toda a sua existência.

Por isto, é com muito carinho que mestres, e pais, e avós, e idosos quaisquer, passam sempre uma lição de otimismo, de sabedoria acumulada ao longo dos anos. Assim, é bom viver um pouco mais, para que se possa acompanhar toda essa dinâmica da vida. 

Hoje, no Santuário, pensei: Jesus, aos doze anos, por tê-los recentemente completado, pôde estar no templo, conversando com os doutores da lei, respondendo e fazendo perguntas. Eu, que não tenho a Sua Sabedoria, mas que já estou para completar seis vezes essa idade, posso também me achar no direito de falar essas coisas, baseando-me no mesmo ensinamento que o Grande Mestre nos deixou. 

E como O amo profundamente, com todas as minhas forças, quero propagar a Verdade que Ele nos passou - e que é objeto maior da minha fé. E, em qualquer vacilo, posso ainda recorrer-me àquela que o gerou, e amamentou, e carregou ao colo, carinhosamente, como o fazemos com os filhos que nos são dados.

Reconhecer tudo isto, me dá a certeza de estar no caminho certo, estudando, sentindo e aprendendo cada vez mais. Por isto, sou tão feliz! Sou forte, em Jesus! E você pode concluir que seja assim também, a sua existência. Muito bom! 

(Celina  -  12/09/2020)

domingo, 6 de setembro de 2020

489 - Alegria e Paz!

 489  -  Alegria e Paz!

Quando se é pequeno, ou quando se considera assim, é fácil ser alegre e encontrar a paz de espírito. Muito fácil! Porque saber-se pequeno e reconhecer-se como tal, é contentar-se com o que se é, com o que se tem, não importa como, nem quanto: é simplesmente aceitação. É a virtude dos simples. Alegrar-se no sentido bíblico da palavra, e viver em paz!

Hoje, após longos seis meses, voltei à missa na catedral de Santo Antônio. Lista de presença, higienização, distanciamento, máscaras, tapete com água sanitária, borrifação antes da comunhão. Fiquei num banco de três metros, sozinha, porque optaram por colocar dois fiéis nas pontas de um banco e um apenas no meio do seguinte, alternando-se desta forma; distanciamento enorme e garantido.

Vai ser bem difícil daqui a alguns anos, alguém imaginar a situação que estamos enfrentando agora. Não sei se pela emoção do retorno naquela igreja, achei fantástica a homilia do presidente da celebração. Ele falou de um modo de vida condizente com o evangelho. E disse que "Deus perdoa sempre; o homem, de vez em quando; a natureza nunca perdoa!"  Falou dos mandamentos e informou que nunca se viu tanta separação de casais como agora, durante a pandemia. Que pena! E arrematou, gracejando, que separar-se de uma pessoa e unir-se a outra, de nada vai adiantar; é simplesmente, troca de defeitos; pois defeitos, todos os temos!

Por isto, deixou como mensagem, duas palavras: compreender e perdoar: procurar sempre compreender o outro e perdoá-lo, para que possamos conhecer a verdadeira alegria que nos traz a paz.

No próximo domingo, a celebração deste mesmo horário será na igrejinha da Piedade, onde tive a felicidade de comemorar os meus setenta anos, dia sublime de eterna gratidão, pois todos os meus irmãos estavam presentes, naquela quarta-feira abençoada! Surpresa imensa que minha amada filha me ofertou! Vou marcar logo no início. Não quero perder a oportunidade de lembrar-me daquela linda celebração, com irmãos, filhos e netos presentes. E assim continuamos  em oração. Graças a Deus, já podemos estar em nossas igrejas!

(Celina  -  06/09/2020)

488 - A Troca

  488  -  A Troca

Penso nisto hoje, quando levanto, bem cedinho e não ouço o barulhinho tão gostoso da água da fonte. Vou direto à cozinha e trago um copo d'água. Mas  o barulho da queda não vem. Pego então, distraidamente, outro copo; e nada acontece! Só então percebi que ela precisava de uma escovada. Levei o motorzinho à pia e passei delicadamente uma escovinha nas ranhuras. Volto com ela e a água cai com força, em grande ruído. E precisei tirar quase um copo da água que eu havia colocado.

Toda fonte precisa de algo que a mantenha funcionando. Portanto, sempre é uma troca: é preciso dar para receber. Uma árvore nos fornece tanta coisa... Mas se lhe for negado o alimento de que ela necessita, como poderá continuar produzindo? Seja no reino animal ou vegetal, tudo é uma questão de troca. Sem troca, nada feito!

Antigamente, as pessoas trocavam aquilo que produziam: quem cultivava a mandioca, trocava com aquele que plantava o feijão. E nesse intercâmbio, iam suprindo as suas necessidades básicas. Depois inventaram a moeda de troca e dever-se-ia dizer que a coisa descomplicaria, mas não foi exatamente assim. Porque alguns mais gananciosos começaram a guardar muitas dessas moedas, que deveriam continuar circulando. E começaram a desvalorizar aquele que produzia para que todos pudessem comer. Foi assim então que o dinheiro - que ninguém come, nem veste e nem calça - começou a valer mais que os produtos do trabalho de tanta gente. E como "o saco da ambição, não enche nunca" os que retinham consigo o dinheiro, começaram a desejá-lo cada vez mais, ficando os ricos sempre mais ricos, e os pobres na labuta diária, oferecendo sua força de trabalho, àqueles que nada faziam, a não ser ajuntar tesouros.

E é por isto que hoje é tão gritante a distância entre os donos do capital e os que estão a seu serviço. Não é fácil entender esta dinâmica se, no final desta vida, nada se leva daqui, ficando para outros, tudo aquilo que foi armazenado, muitas vezes, covardemente, ou, ainda pior: ilicitamente. 

Construir uma vida confortável para si e sua família, com seu trabalho, é direito de todos. Mas aproveitar-se do suor alheio, que vai minando continuamente,  sua energia produtiva, por excesso de esforço, é profundamente injusto. São Paulo Apóstolo escreve a seus discípulos: "Quem não quer trabalhar, também não deve comer!" Seria muito bom, o homem pensar seriamente nisto!

(Celina  -  06/09/2020)

487 - A Lagoa Paulino

 487  -  A Lagoa Paulino

(Esta crônica foi escrita em 10/10/97)

Paro. Hoje faço uma coisa diferente: assento-me neste banco - e observo... Eu nunca havia feito isto, sabia? Hoje quero fazê-lo; e faço-o agora! Como é lindo tudo isto! Estas sombras, estes pássaros, estas árvores, palmeiras enormes...

Palmeiras! Esta joga suas folhas para baixo, imensos braços a nos envolverem num gigantesco  abraço. Aquela, imponente, lança-os para o alto, num louvor ao Criador, agradecendo certamente, por tê-la feito assim, esbelta, tão majestosa! 

Levanto-me. Preciso caminhar. Preciso sentir cada sombra, cada farfalhar, cada verde plantado em volta desta lagoa! Uma pombinha branca caminha à minha frente; passinhos miúdos, olha para a direita, olha para a esquerda, olha para o chão... Caminha devagar, movendo com graça o seu bonito corpinho. E não teme a mim. Não voa quando passo por ela, não se assusta, não se exalta... Cumprimenta-me apenas com o olhar -  e continua, graciosa e feliz. Divinamente bela!

Continuo devagar também. Hoje, pela primeira vez, não quero ter pressa. Uma colega minha diz  que tem por hábito, amassar coquinhos com o calcanhar, procurando-os pelo chão. É gostoso mesmo, sabia? Dá um estalinho bom! Experimente!... Porém hoje parece que todos os coquinhos já foram amassados. Creio que ela já deve ter passado por aqui. Não acho coquinhos para eu amassar; uma pena!

Mas veja! Que tapete dourado a natureza preparou aqui, para que pudéssemos passar felizes, em grande estilo! Maravilhosas estas árvores, cobertas de ouro, que nos presenteiam com esta beleza. Continuo a caminhar. É bonito demais tudo isto! 

Por que será que a gente olha e nem sempre vê, a gente ouve e nem sempre escuta, de verdade? Tanta coisa bonita e a gente nem percebe. Passo por aqui todos os dias. Mas passo correndo, indo para o trabalho; meio dia, sol a pino, um calor incrível! Caminho rápido, apenas me detendo um pouco nas sombras; é gostoso apertar o passo, quase correr, para chegar à sombra seguinte, sentindo no corpo aquele ventinho bom...

Mas hoje não quero correr. E prometo que de hoje em diante, vou ficar mais atenta, deliciando cada palmo deste magnífico chão. 

Estão recuperando a lagoa. Esvaziaram-na. E estão limpando tudo. Dizem que o projeto é arrojado, e que vai ficar tudo muito lindo! Observo: vejo uma vasilhinha de plástico rosa, de um rosa que seria maravilhoso se não estivesse ali, sujando a lagoa; mais adiante, uma colherzinha vermelha, também de plástico; e lá adiante, uma latinha amassada; e copos, e pedaços de papel por todo lado; uma lata de óleo, uma garrafa quebrada, uma caixa de papelão e até um velho pneu de bicicleta...

Estão tirando toda a sujeira...  E depois de tudo concluído, será que vão sujar de novo? Por favor, não façam assim, caros cidadãos! É tão lindo, tudo isto! E há tantas lixeiras em volta da lagoa... Vamos procurar preservar tudo aquilo que a natureza nos deu de sobra! Toda a população agradece, com certeza! É bom para você; é bom para todos! Colaboremos!

(Celina  -  05/09/2020)

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

486 - Sentado à Beira do Caminho...

 486  -  Sentado à Beira do Caminho...

Esta pandemia, ao mesmo tempo que nos priva de muitas coisas, tem a capacidade de nos fornecer tantas outras... Que tempo diferente este que estamos vivenciando! Acostumados todos nós a uma rotina mais ou menos tumultuada, de agenda cheia, vivendo agora um distanciamento forçado, muitas vezes nos aproximamos de coisas e pessoas, numa situação que, em alguns casos, nos remonta a um tempo que se pensava esquecido ou guardado a sete chaves nas gavetas da existência.

E foi assim que voltamos a ser nós dois! Apenas nós dois!  Como outros avós, impedidos do contado com filhos e netos, e amigos, e pessoas que estávamos acostumados a receber em nossa casa. Sem visitas, e sem sair de casa, sobra-nos muito tempo para o diálogo sincero de tempos que se foram...

Meu esposo gosta muito de falar. E tem me contado tantos fatos interessantes de sua vida, que eu desconhecia. E foi nesses momentos bons de conversação a dois, que ele me veio com esta música: "Sentado à beira do caminho". 

Disse que estava indo com um amigo seu, talvez para Belo Horizonte. Já bem perto de Paraopeba, o carro deu problema  e o motorista foi procurar socorro. Ele ficou ali, na estrada, ao lado do carro, sentado à beira do caminho.  E  diz que não sabe exatamente, se algum outro carro passou cantando essa música, ou se foi ele mesmo quem se lembrou dela e começou a refletir sobre sua vida...

Bateu então um desespero ao pensar que estava já com vinte e três anos, sem estudo, sem emprego, sem condição de vida, sentado ali, na beira da estrada, questionando-se: O que haveria de ser do seu futuro, naquelas condições?... Falou-me disto com tanta tristeza, que aquilo machucou profundamente o meu coração! Fiquei com tanta pena dele!...

Este e outros fatos de sua vida, que eu ainda desconhecia, apesar dos cinquenta e dois anos de  intensa convivência, fizeram-me  profundamente agradecida a esta situação atual, quando, ao mesmo tempo que a gente é forçada a se isolar, a se distanciar dos demais membros da família, nos dá, a todos nós, uma excelente oportunidade de nos conhecermos melhor. Creio que está acontecendo isto com muita gente!

Claro que não estamos aplaudindo a doença! É muito triste o que está acontecendo com toda a população mundial. E estamos todos sofrendo muito com esta situação. É simplesmente uma forma de driblar a nostalgia do momento e, como Pollyanna, jogar um pouco o seu conhecido jogo do contente.

(Celina  -  03/09/2020)