165 - CRISE FINANCEIRA OU CRISE EXISTENCIAL?
Quinta-feira: dia de ginástica, de oito às nove horas. Como todas as manhãs, fui à missa. Esta terminou bem cedo, pouco mais de sete e meia; então, aproveitei para ir ao Banco. Não encontrando vaga onde normalmente deixo o carro nesse horário, estacionei um pouco à frente.
Um caminhão-pipa jogava água na calçada, que era lavada por funcionários da prefeitura. Lavavam certamente, excrementos de garças que passam a noite naquelas árvores, em volta da Lagoa Paulino.
Ao sair da Agência, encontro minha cunhada, que me conta muitas coisas interessantes sobre meu sogro, que completa em novembro, cento e três anos. Pensei comigo: Nossa! Vou perder minha ginástica hoje. Mas não disse nada a ela; realmente, não importa; há coisas mais importantes.
Finalmente liberada, dirijo-me ao carro e, de longe, o vejo todo molhado. Pensei: Será que viraram a mangueira para cá e molharam o meu carro? Ao chegar mais próximo, vejo um rapaz lavando o tal carro. Passei adiante e continuei procurando o meu. Não o encontrando, já quase chegando à Lassance Cunha, voltei. E pude ver a placa daquele carro branco. Era mesmo, o meu, e o rapaz o secava com um pano. Perguntei:
_ Por que está lavando este carro?
Ao que ele respondeu:
_ Uai, é da senhora? Eu pensei que era de um amigo meu. Ele tem o costume de parar o carro aqui e pede para eu lavar. Como ele me disse que trocou de carro, pensei que era este. O dele era igual a esse aí atrás. Posso acabar de secar?
_ Já está terminando mesmo... Não devia estar lavando. O que você passa no carro?
_ Passo sabão mas no da senhora não passei não.
_ E por que não passou?
_ Porque estava sem dinheiro e não comprei ainda.
_ E por quanto você faz este serviço?
_ Dez reais.
_ Olha, moço, eu não precisava pagar nada; não mandei lavar o meu carro. Vou te dar o dinheiro, mas não faça mais isto. Se fosse outra pessoa, você poderia estar agora com um sério problema.
Eu tinha, graças a Deus, uma nota de dez reais na carteira. Paguei e fui embora. Mas fica uma interrogação na cabeça da gente por muito tempo.
Já passava muito de oito e meia. Fui para casa, em oração como sempre, mas com uma sensação estranha.
Mais tarde, meu esposo perguntou:
_ Uai, cê mandou lavar o carro?
Contei-lhe o sucedido. Ele observou o carro todo, deu uma volta em torno dele e disse:
_ É! A crise tá brava mesmo... Onde chegamos...
Disse apenas isto, mas ficou pensativo também...
Não vou me esquecer mais tal fato - e jamais voltarei a parar o carro naquele local. Fiquei indignada com o ocorrido! Você, o que faria?...
Um caminhão-pipa jogava água na calçada, que era lavada por funcionários da prefeitura. Lavavam certamente, excrementos de garças que passam a noite naquelas árvores, em volta da Lagoa Paulino.
Ao sair da Agência, encontro minha cunhada, que me conta muitas coisas interessantes sobre meu sogro, que completa em novembro, cento e três anos. Pensei comigo: Nossa! Vou perder minha ginástica hoje. Mas não disse nada a ela; realmente, não importa; há coisas mais importantes.
Finalmente liberada, dirijo-me ao carro e, de longe, o vejo todo molhado. Pensei: Será que viraram a mangueira para cá e molharam o meu carro? Ao chegar mais próximo, vejo um rapaz lavando o tal carro. Passei adiante e continuei procurando o meu. Não o encontrando, já quase chegando à Lassance Cunha, voltei. E pude ver a placa daquele carro branco. Era mesmo, o meu, e o rapaz o secava com um pano. Perguntei:
_ Por que está lavando este carro?
Ao que ele respondeu:
_ Uai, é da senhora? Eu pensei que era de um amigo meu. Ele tem o costume de parar o carro aqui e pede para eu lavar. Como ele me disse que trocou de carro, pensei que era este. O dele era igual a esse aí atrás. Posso acabar de secar?
_ Já está terminando mesmo... Não devia estar lavando. O que você passa no carro?
_ Passo sabão mas no da senhora não passei não.
_ E por que não passou?
_ Porque estava sem dinheiro e não comprei ainda.
_ E por quanto você faz este serviço?
_ Dez reais.
_ Olha, moço, eu não precisava pagar nada; não mandei lavar o meu carro. Vou te dar o dinheiro, mas não faça mais isto. Se fosse outra pessoa, você poderia estar agora com um sério problema.
Eu tinha, graças a Deus, uma nota de dez reais na carteira. Paguei e fui embora. Mas fica uma interrogação na cabeça da gente por muito tempo.
Já passava muito de oito e meia. Fui para casa, em oração como sempre, mas com uma sensação estranha.
Mais tarde, meu esposo perguntou:
_ Uai, cê mandou lavar o carro?
Contei-lhe o sucedido. Ele observou o carro todo, deu uma volta em torno dele e disse:
_ É! A crise tá brava mesmo... Onde chegamos...
Disse apenas isto, mas ficou pensativo também...
Não vou me esquecer mais tal fato - e jamais voltarei a parar o carro naquele local. Fiquei indignada com o ocorrido! Você, o que faria?...