261 - EXERCÍCIO POÉTICO
Foi-nos proposto recentemente, em uma
reunião do Clube de Letras de Sete Lagoas, um exercício poético, intitulado
"Por que escrevo". A princípio, como todos os membros que lá
frequentam gostam mesmo de escrever, pensei que as respostas seriam tão óbvias
que todos diriam a mesma coisa. Enganei-me! Uma diversidade imensa de gêneros
textuais, com argumentos bem diferentes entre si. Cada um escreve por um motivo
qualquer e há os que parecem fazê-lo sem motivo aparente, apenas pelo simples
fato de querer fazê-lo. Interessante!
Sempre gostei de escrever. Desde que
entendi o processo, comecei a brincar com as palavras. E só não tinha o hábito
de ler muito, porque não se tinha muito o que se ler, no meio em que eu
frequentava. Com meus filhos, foi bem diferente: já era professora quando me
casei e as mesas viviam repletas do que se ler, muita literatura boa. Além do mais, sempre
valorizando a leitura, eu comprava muitos livros para eles, além daqueles que
as escolas pediam. Assim, eles cresceram lendo muito.
Na minha infância, esse tipo de material
era bem restrito na casa de meus pais. Assim sendo, aquilo de que eu dispunha, lia e
relia muitas vezes, mas essas leituras não me saciavam. Por isto, parti para a
escrita. Escrevia recados, bilhetes, cartas, cartões, escrevia pequenos poemas,
historinhas, e um dia, ganhando um caderno grosso, não me lembro de quem,
comecei a escrever uma história - um romance! Intitulei-o "Vasos de
samambaia!". Lembro-me bem do seu início, pois toda vez que ia escrever
mais um trecho (capítulos?...) começava sempre a leitura, do começo, que era
exatamente assim: “Dez horas da manhã. As badaladas acordaram-me, se é que
ainda dormia, envolta na doce magia daqueles momentos. Dançara com ele a noite
toda...”
Ficava até tarde escrevendo e no dia
seguinte, lá estava a minha irmã a lê-lo. Não sei se ela se lembra disto, pois
foi há tantos anos... Caminhei com a história durante muito tempo. Não sei que
fim levou esse caderno, não tenho a mínima ideia de onde ele foi parar. Nem sei
dizer se terminei o conto e se os dois chegaram ao "felizes ´para
sempre". Era um caderno espiral de duzentas folhas. Será que fui até o
final do mesmo?... E onde será que ele foi parar?...
Meu pai assinava um jornal da Cidade de
Ubá. Certo dia, encontrando lá uma notícia bem triste da morte inesperada do
filho de um dos diretores do mesmo, todo mundo abalado com ao fato,
sensibilizada, escrevi um soneto e mandei para o jornal. Foi publicado! Fiquei
feliz demais e continuei escrevendo. E eles publicando. Nenhum desses trabalhos
foi guardado. Que pena! Devia haver coisa boa para eu reler hoje. Mas, tudo
bem! Leio outros trabalhos...
Até hoje continuo com a mesma mania. Já
que sabemos, "cada mania com seu doido", deixe-me continuar com a
minha. Gosto de escrever! E quando sei que há amigos que perdem seu precioso
tempo, lendo o que escrevo, aí é que fico feliz de verdade! Obrigada! Tudo de
bom pra você que acabou de ler isto! Deus o abençoe sempre. Que Ele continue
iluminando seus caminhos!
(Sete Lagoas, 30/10/16)