terça-feira, 1 de agosto de 2023

550 - Capítulo III

 

Capítulo III

SER FELIZ,

com os eufóricos!

Não pense que, em nossa infância, a vida era triste. Não! Muito pelo contrário: os pobres, da roça, sempre pessoas muito unidas e alegres, vivem felizes: trabalham todos juntos pelo mesmo ideal; rezam juntos; divertem-se juntos, na medida do possível...

Domingo, quando havia celebração da Santa Missa na igrejinha que ficava perto da escola, lá íamos todos para a igreja. E era uma festa! A gente rezava com gosto, naquele local bem diferente da nossa casa. E  as pessoas que lá estavam eram todas conhecidas. E vizinhas. E amigas. Depois voltávamos felizes para casa, renovados, conversando, juntos, aqueles que moravam próximos.

E havia um campo de futebol, ali mesmo, ao lado da escola. Ficavam numa espécie de praça, onde havia, de vez em quando, nas tardes de domingo – ou sábados –  uma boa partida de futebol. E foi ali que um dia, meu tio, irmão da minha mãe, que, por sinal, era meu padrinho, comprou pra mim, um balão. Era tão lindo - eu achava naquele dia, naquela hora! Mas não me lembro nem um pouquinho dele, mesmo porque, durou tão pouco tempo em minhas mãos…

Fiquei toda entusiasmada, segurando em minhas frágeis mãozinhas, aquele tesouro tão valioso. Um tesouro que o meu padrinho comprou para mim! Eu já nem olhava para ele, que estava lá no campo, correndo, como os outros, atrás de uma bola. Eu tinha olhos apenas para o meu balão – o meu balão!

E, de repente, ele se solta! A linha fugiu. Tentei pegar. Meu pai também, certamente! – não me lembro. Mas perdemos a ponta da corda. E ele se foi! Lindo! Maravilhoso! Subindo... subindo...

Não sei que palavras meus pais usaram para me consolar. Minha mãe, sempre meio brava, deve ter me dado uma pequena bronca, por eu ter soltado a cordinha que prendia o balão e que o fazia meu; mas não me lembro bem: eu era muito pequena. Isto foi há quase setenta anos! Só sei que o meu padrinho voltou quando acabou  o jogo, e eu já estava sem o presente. Ele ficou triste, mas não comprou outro: não devia ter mais dinheiro, ou o moço dos balões já havia ido embora – ou minha mãe deve ter-lhe dito que não o fizesse. Quem sabe, ele também estivesse triste, porque o seu time perdeu, ou eufórico demais, para se compadecer de uma garotinha boba, depois de uma vitória no futebol... São apenas meras suposições, porque, como disse, não me lembro mesmo.

549 - Capítulo II

 

Capítulo II

SER FELIZ,

 na Oração!

 Ajoelhar-me, colocar as mãozinhas postas e elevar o pensamento aos céus, isto me foi ensinado, desde pequenina. Terceira, de uma família muito pobre - sem saber ainda que seríamos onze filhos, no final! - morando na roça, sem teto próprio e cultivando a vida em terras alheias, meus pais me ensinaram a rezar.

Rezar a fim de que as sementes pudessem germinar para o alimento de cada dia. Rezar a  fim de que as chuvas viessem no tempo certo, para uma boa colheita. Rezar, pedindo que o sol não viesse muito forte, para não queimar as tenras plantinhas. Rezar ainda para que ele permanecesse o tempo necessário e que os grãos se formassem devidamente. Rezar para que o alimento, brotado da terra, fosse suficiente para a família que trabalhava, esperando o pão de cada dia - e ainda, para os outros que não trabalhavam, mas eram os donos da terra e tinham direito também ao que fosse colhido!

Ah, meus irmãos, era muita Oração! E a gente rezava, rezava, rezava! Todas as noites, ajoelhados aos pés da cama de nossos pais, as mãos se uniam em oração. E Deus, que tudo vê, sorria lá de cima, e atendia às nossas preces! Nunca nos faltou o pão de cada dia! Nem muito tempo depois, aos treze: papai, mamãe e onze filhos! Isto é muita Bênção! Para uma família pobre – e tão numerosa – colocar o pão na mesa todos os dias, só mesmo com muita fé, trabalho e a prática da oração: terço na mão e joelhos no chão!

E eram momentos de sublime e sobrenatural felicidade! Obrigada, Senhor!

            Reze! Reze sempre; mantenha sintonia com o Criador e você sentirá como é bom viver! Uma paz tão grande envolverá seu coração e você se sentirá pertencente a uma humanidade que caminha e que está aqui de passagem – e que o melhor ainda virá!

Sempre pensei assim! Dizem por aí que a esperança é a última que morre, mas eu penso diferente: “Para mim, a Esperança não morre! Jamais!”

Pois sempre estamos esperando alguma coisa, algum acontecimento, pequeno ou grandioso. É assim! Estamos sempre à espera...

E esperando... e realizando... e esperando mais... vamos caminhando pela terra, até o dia final!

  Não é mesmo assim?!... Neste exato momento, o que você está esperando?