sexta-feira, 5 de abril de 2013

23 - ESCALADA




ESCALADA

Nossa vida é um constante caminhar, galgando os degraus, passo a passo, rumo à eternidade. Devagarinho, ano a ano, vamos conquistando novos espaços, numa escalada onde o fator surpresa nos faz refletir sobre a incerteza do amanhã, sempre previsto, mas nunca garantido. Quem se atreve a afirmar o que acontecerá no momento seguinte?!...

Estou de férias, um prêmio concedido a trabalhadores, por anos de dedicação E para justificar esta folga, fico pensando nas escolas por onde passei - cinco, só em Teixeiras: uma no final da Rua Santa Teresa, hoje extinta; outra no inicio do Beco, perto da praça principal; outra ainda, perto da estação ferroviária - ambas extintas; também trabalhei no ginásio onde havia estudado e na escola em que, atualmente,  minha irmã é diretora.

Depois tive a oportuna satisfação de conviver com criancinhas em escolinhas infantis, nas cidades de Lagoa Santa e Vespasiano. Uma gracinha, os meus pequeninos! Em Três Marias, trabalhei na E. E. Ermírio de Morais; em Diamantina, no Júlia Kubitschek e no Diamantinense; e em Curvelo, já como supervisora, numa escola, hoje, municipalizada, na praça do Santuário de São Geraldo. Em Sete Lagoas, passei por seis estabelecimentos de ensino! É um trabalho bem extenso, um currículo bastante rico! Sem contar que, desde os onze anos,  dava aulas particulares para os meus próprios colegas de turma e outros de turmas inferiores, só conseguindo me desvencilhar dessa prática, alguns anos após o meu casamento...

Assim, de escola em escola,  de cidade em cidade, seguimos trabalhando, levando o conhecimento e a boa nova a criancinhas, adolescentes e jovens.

Pude dar minha contribuição a educandos de todas as faixas etárias. Quando entrei pela primeira vez numa sala de aula, como professora, ainda nem o era, pois estava cursando o  Magistério, na Escola Normal Nossa Senhora do Carmo, em Viçosa/MG. Tinha alunos muito maiores e mais velhos que eu; mas nunca me intimidei: pedia todos os dias, a sabedoria divina, para eu não vacilar. Graças a Deus, nunca tive grandes problemas a enfrentar no meu trabalho e agradeço a Ele, as madrugadas e finais de semana que passei planejando, analisando textos, elaborando, digitando  e corrigindo avaliações...

Foram anos a fio - quase meio século - e creio que, apesar de meio constrangida com a situação de folga,  mereço mesmo estas férias, enquanto outros estão trabalhando, não acha?! É continuar fazendo meus exercícios na piscina. Isto é muito bom!!!  Eu mereço... Obrigada, meu Deus!




22 - SINAIS




22 - SINAIS

Há quantos anos analiso pensamentos de crianças e vejo os sinais de Deus na forma como enxergam o mundo e tentam dizer-nos, no silêncio dos seus escritos, aquilo que registram para ser lido por nós,  educadores. Precisamos ter a sensibilidade necessária para contemplar o universo, pelos olhares ingênuos de nossas crianças.

Em mãos, um exemplar do livro "PONTO LUMINOSO" da Escola Estadual Professora Júlia Kubitschek, de Diamantina, datado de mil, novecentos e oitenta e sete, quando o Júnior, nosso terceiro filho, cursava a terceira série do ensino fundamental. E aqui, na página vinte e oito, um belíssimo texto de sua autoria, falando de sua  volta para casa, num dia de chuva. Diz que "caiu uma chuvinha, mas logo começou a engrossar, apareceram relâmpagos, ventos fortes e virou um grande temporal." Descreve sua preocupação com seus cadernos, a caixa de lápis de cor... E diz que, já em casa, verifica sua pasta e tinha razão: estava tudo molhado. 

Vejamos como ele conclui seus pensamentos:  "Mas, em vez de ficar triste, fiquei rindo de mim mesmo e contando a minha briga com a chuva, tentando me esconder dela. Logo veio o arco-íris e o céu ficou mais bonito do que nunca!" E continua: "Mas mesmo assim fiquei  pensativo: como estariam os passarinhos? Será que estariam tristes? Seus ninhos teriam caído?...  E os pobrezinhos, que vivem andando pelas ruas?..."

E conclui, como num desabafo: "É tão bom a gente ter um lar!"
É... Ele nunca havia dito isto a nós. Mas deixou registrado para muitos leitores nestas páginas, encadernadas pelo carinho de uma escola que preza o que os alunos fazem. 

Obrigada, meu Deus: pelos nossos filhos... pelas nossas casas... escolas... ambientes de trabalho...  nossas famílias... NOSSO LAR, não é, Júnior?!