158 - COISAS ESTRANHAS...
Ouvi fatos estranhos hoje, muito estranhos, os quais não tenho o direito de relatar. Mas este aconteceu comigo e sei que posso te contar. Já faz algum tempo, quase doze anos.
Meu pai havia falecido no mês de julho; e exatamente três meses depois me vem a triste notícia do falecimento de um dos meus irmãos. Faltou-me chão neste momento e não sabia o que fazer. A par do ocorrido, minha família me levou para o velório. Tristeza grande, enorme prostração, desespero total de todos, vontade de bradar aos céus, o porquê de tudo aquilo. Família em alvoroço, por tão inesperado acontecimento.
Silêncio total, após o enterro. Ninguém mais tinha vontade de falar, de comentar o fato. Somente o silêncio triste de uma dor profunda...
Foi aí que aconteceu, pois me ofereci para dormir com minha cunhada, na mesma cama. Ela estava profundamente triste, muito abalada, anos de feliz convivência, trabalhando, construindo sua casinha e planejavam agora o primeiro filho. Muito cansada, logo adormeceu, ali, do meu lado. Deitada, fiquei em oração e, de repente, sinto o braço de meu irmão sobre meus ombros. Assustei muito, mas não tive medo. Apenas disse a ele que descansasse em paz, porque a sua esposa era como uma irmã para nós; iríamos cuidar dela. Que ele não se preocupasse, ela estaria em boas mãos, que compreendíamos a situação, reafirmei que cuidaríamos dela com carinho, que ela não ficaria desamparada...
Mas aquele braço forte pesava sobremaneira. Pedi que ele se fosse, que eu viajara muito, que estava exausta, que precisava dormir, mas... seu braço... pesava cada vez mais...
Então, comecei a escorregar, devagarinho, tentando me livrar daquele peso. Deslizando, deslizando... vi quando o braço rolou sobre minha cabeça e caiu no travesseiro. Mas fiquei mal acomodada, com as pernas encolhidas e, pior, não consigo dormir sem um travesseiro. Porém, não queria colocar a mão naquele braço, que eu supunha estar gelado. Comecei a puxar o travesseiro com as duas mãos e o braço foi rolando; ouvi quando ele caiu lá na cabeceira da cama. E então, cansada, encolhida, adormeci...
No dia seguinte, logo pela manhã, minha irmã chega; contei-lhe o ocorrido e ela achou a coisa mais normal do mundo. Ali mesmo rezamos o terço com algumas vizinhas e ficamos depois em silêncio, cada uma com seus pensamentos...
Fiquei com minha cunhada até a missa de sétimo dia. Ele não mais apareceu, mas nunca saiu de minha mente, a sensação estranha daquele episódio, para mim, totalmente inusitado.
No dia seguinte, logo pela manhã, minha irmã chega; contei-lhe o ocorrido e ela achou a coisa mais normal do mundo. Ali mesmo rezamos o terço com algumas vizinhas e ficamos depois em silêncio, cada uma com seus pensamentos...
Fiquei com minha cunhada até a missa de sétimo dia. Ele não mais apareceu, mas nunca saiu de minha mente, a sensação estranha daquele episódio, para mim, totalmente inusitado.