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- DESCARTE
Recentemente, uma amiga me pediu algumas fraldas, para uma netinha. Pensei: se eu
der fraldas descartáveis, joga-se fora após o uso e não se tem mais. Comprei
fraldas de pano, como sempre usei; só que procuramos em várias lojas uma calça
plástica e não encontramos. Até hoje, estamos procurando - ela e eu! Porque, para usar fraldas de pano, precisamos colocar na criança uma calça plástica -
talvez pouca gente hoje saiba disto... Mas foi assim que criei meus quatro
filhos. Sempre que vou a uma loja, com a negativa, indicam outra – “talvez lá
você ache” – e tem sido assim até agora.
Por
isto, os lixões estão repletos! Porque é tudo descartável: fraldas, copos,
pratos, bandejas, motivos de festas, balões coloridos... Enfeita-se lindamente
o local: fica maravilhoso! E no dia seguinte? É só observar as lixeiras!...
E
o pior de tudo isto, é que o ser humano também está se tornando descartável. Não
há mais uma possível tolerância ou paciência bastante para se poder, no mínimo,
tolerar as dificuldades do outro, os limites do irmão, principalmente no que
diz respeito à convivência. Se não está satisfazendo àquilo que se espera dele,
descarta-se! Meu Deus, a que ponto chegamos...
Por
isto, eu os exorto, especialmente aos casais, que, cada um de nós, ao
percebermos as “deficiências” do outro, pensemos nas nossas, que talvez sejam
maiores e mais difíceis de se corrigir, de se erradicar. A Bíblia fala de “apontar
o cisco no olho do outro, e não enxergar a trave que há nos próprios olhos”. Porque
é preciso primeiro, ir cortando as nossas próprias arestas, enquanto ajudamos
ao outro, sinalizando aquilo que ele talvez ainda não tenha enxergado em si
mesmo e que dificulta o relacionamento.
Por
que continuo batendo na mesma tecla com relação aos casais? Respondo com toda
propriedade: trabalhei em diversas escolas durante quase meio século e pude
observar, acompanhar e tentar ajudar a tantos filhos de pais separados e, na
maioria das vezes, já em outro relacionamento, o que fazia dessas crianças,
pessoas tristes, revoltadas, infelizes. Padrastos e madrastas, geralmente, não
são as pessoas mais indicadas para cuidarem de nossos filhos. Um ou outro foge
à regra, mas são exceções raríssimas, com certeza! É triste! Talvez tenha
faltado mesmo um tiquinho de paciência e amor, para que a situação se
revertesse. E é uma pena!!!
Peço
a Deus, em minhas orações, que os casais considerem os sentimentos que os
levaram a uma vida a dois, que não percam de vista os objetivos que traçaram,
que amem profundamente a seus filhos e que curtam mesmo, com toda força, a
felicidade de estarem juntos – até o fim!!! Para o bem de todos!
(Sete
Lagoas, 06/04/17)