segunda-feira, 11 de maio de 2015

123 - NOSSOS NETOS: A LETÍCIA

123 - NOSSOS NETOS: A LETÍCIA

Como você, a nossa pequena Lelê, fez o vovô lembrar a Júlia! Dizia pra todo mundo que era a cara dela! Muitos não concordavam, com certeza, dizendo que parecia muito mais com a mãe. Mas o vovô era teimoso em afirmar o contrário. Acho que é pela saudade da Júlia pequena, com quem ele tinha que ficar muitas vezes, porque eu ainda não havia aposentado no segundo cargo. Assim o contato dele com a primeira neta foi muito maior e, por isto, ele tem muitas histórias dela pra contar.

Mas você chegou, Letícia, e o seu papai, que gosta tanto de criança, ficou babando à-toa! Podia deixá-la por conta dele, que sabia tudo o que devia ser feito. Como você soube trazer felicidade pra tanta gente! Não era a primeira neta paterna, mas era a do lado materno e foi paparicada demais. E o é até hoje, não é, Lelê? Todos gostamos muito de você.

Mas você parece ter uma paixão maior por alguém: e não poderia ser outro, a não ser o Arthur. Virgem Maria! Quando ele está por perto, você se transforma; não é a mesma menina quietinha, bem comportada, quase adulta. Não! De jeito nenhum! Você começa a fazer as mesmas peraltices que ele, rola de rir das bobagens que ele diz, formam uma dupla imbatível.  Nossa! Vocês dois juntos, sai de baixo, que aí vem coisa grande, levadeza sem limites, fica tudo de pernas pro ar! 

Ah, meninos levados! Vocês vão sentir com certeza, muitas saudades deste período de folguedos e brincadeiras em casa da vovó! Deve ser por isto que, em uma das suas muitas andanças com o papai e a mamãe, você trouxe pra nós um lindo quadro com os seguintes dizeres: "Casa dos avós, paraíso dos netos!" Mas não é só agora que vocês são pequenos: podem todos contar sempre com o vovô e a vovó. Podem contar conosco pro que der e vier!

122 - NOSSOS NETOS: ARTHUR

122 - NOSSOS NETOS: ARTHUR


Quando você surgiu, Arthur, a Júlia já tinha completado nove anos. Ficou apaixonada por aquele bebezinho lindo, pequenininho, indefeso, levinho, que ela carregava com a maior tranquilidade. Já no hospital, ela teve permissão para vê-lo e ficou toda feliz.


Você preenchia os dias da Júlia, como ela aos nossos, a princípio. Agora já eram dois e ninguém poderia imaginar que dali a pouco tempo seriam três, com a Letícia que chegou logo em seguida.

Você era assim como o brinquedo de estimação da Júlia: o seu ursinho de pelúcia, o seu boneco predileto. E talvez você também a considerasse um brinquedo, ou um ser especial a quem amava muito. Tanto é que a primeira palavra que você aprendeu a falar foi o nome dela. Era uma ligação muito forte. Recentemente, a Júlia leu pra mim uma crônica que ela escreveu pra você. Peça a ela para vê-la: ficou linda! Deu até vontade de chorar ao ouvi-la.  Realmente você marcou positivamente a vida dela. 

Até então, eram apenas os dois e ela estava sempre a carregá-lo no colo: era o seu xodó! Como, de repente, ela passasse alguns dias sem aparecer, você ficou sem entender e no seu linguajar de bebê, começou a chamá-la. Entendemos que era o  nome dela que  você estava dizendo; que era a sua falta que o incomodava. Então, de repente, ela aparece aqui e você  fez a maior festa, pronunciando repetidas vezes o seu nome. E daí pra frente, não parou mais. É difícil registrar com letras, a fala de um bebê, mas ficou confirmado o que desde o início imaginamos que era o  nome dela que você falava. 

A Júlia  sempre diz que gostaria de ter um irmão, mas pode ter certeza, você preencheu a vida dela, como um carinhoso irmãozinho. Que bom!

Espero que vocês sejam sempre muito amigos, apesar da diferença de idade. Parabéns, Arthur, por tudo de bom que você faz. E deve fazer muitas coisas mesmo porque todos os primos são apaixonados por você!!! Que Deus o abençoe sempre!

121 - NOSSOS NETOS: A JÚLIA

121 - NOSSOS NETOS: A JÚLIA

Quando você nasceu, Júlia, uma colega me disse: "Uma criança em casa é sempre bom; volta a ternura, o afeto." E foi assim mesmo, Júlia. Uma casa só de adultos não tem a mesma alegria, a mesma leveza, o mesmo barulho. Pode até se tornar um silêncio sepulcral.

A criança tem graça, estilo, sorrisos, falas engraçadas, gestos infantis deslumbrantes. Vou citar aqui algumas das suas:

A primeira palavra que você pronunciou  aqui em casa e que conseguimos alcançar o sentido, foi pedindo água para o vovô; ele se lembra com carinho disto. E dizia a todo mundo que você já sabia falar, mas, na verdade, não era bem uma fala,  apenas um jeito de se comunicar quando estava com sede.

Um dia, você ainda nem falava direito, lá fora, na rua,  ele lhe mostrou a lua e disse: "Olha lá, Júlia, a lua!" E você na mesma hora: "Não, vovô, é meia!" Isto porque a fase da lua era exatamente quarto-crescente. Então não era uma lua inteira: era apenas meia-lua!

Certa vez,  você estava sozinha com ele e pediu que lesse para você uma história; e ele, com preguiça, respondeu: "Júlia, eu não sei ler!" E você: "Claro, vovô! Você não vai pra escola!"

Histórias...Você adorava isto! O primeiro livrinho quem lhe deu foi o Tio Júnior, por quem você tinha um carinho imenso. Chamava-se: A princesa e o Sapo. Nossa! Quantas vezes será que ele foi lido pra você e por você... Lembra-se?

Quantas histórias... quantos filminhos infantis... Matilda, Thainá, Sítio do Picapau Amarelo, Historinhas diversas, mil vezes repetidas, milhões de vezes dramatizadas, saboreadas, as lágrimas... os sorrisos... as gargalhadas...  Lembra da Narizinho e a Emília que caía da "buticabeira"?... Quantas vezes fizemos isto!...


Você vivia recriminando o vovô que tinha passarinhos presos. Porque não se pode prender passarinhos, têm que ficar soltos na natureza, não se pode maltratar os animais... Um dia, ao voltarmos para casa, você viu um filhotinho, quietinho no chão. Pediu, parei o carro e você o trouxe. E quando aqui chegou, pediu ao vovô uma gaiola para prendê-lo. O vovô então soltou esta: "Uai, Júlia, não era proibido prender passarinhos?" E você, na mesma hora: "Era!"


Quando você certa vez, pediu dinheiro pra sua avó materna e ela lhe falou pra pedir ao vovô Waldívio, que foi que você lhe disse? "Ah, vovó, ele não tem dinheiro. Ele nem trabalha!" Você via todos nós, saindo pra trabalhar e não podia compreender, certamente, porque ele só ficava em casa. Explicar pra você que ele já estava aposentado?!... 


Assim era você, Juju, presença de espírito, esperteza, inteligência aguçada. Ah, como todos temos saudades de sua infância conosco!


Uma tarde, eu estava em uma reunião na escola, vovô aqui sozinho, alguém liga: "Olha, Sr. Waldívio, a Júlia está aqui até agora, ninguém veio buscá-la hoje, todos  os alunos já foram embora, ela está tristinha aqui, chorando!" Aí, quem chorou foi o Vovô ao pensar na triste cena; já começava a escurecer... Combinaram o que fazer e a pessoa gentilmente a trouxe para ele. Quando o viu, pulou em seus braços, abraçou-o com força, como se mendigasse proteção.


Ah, Júlia, você nos trouxe muitas alegrias, você soube preencher o nosso tempo, com suas gracinhas... Lembrar de tudo isto, nos faz um bem imenso. As escolas por onde passou, desde bebê, nossas viagens, as aulas de piano, nossas idas à igreja, coroinha, leiturista, comentarista... E aquele poema imenso que você decorou em três dias e o declamou com muita desenvoltura e graça por várias vezes na igreja e na minha escola? Até hoje as pessoas falam disto...


Obrigada, Juju, obrigada por você existir e colorir com sua presença os nossos dias. Muito obrigada! 

120 - FAMÍLIA-NAÇÃO

120 - FAMÍLIA-NAÇÃO

Interessante: a cada dia, refletimos um pouco mais sobre nossas experiências, o que vemos, o que ouvimos, as coisas que vão acontecendo em nossas vidas, aquilo que experienciamos no desenrolar dos capítulos de nossa história.

Hoje procuro refletir sobre a expressão "Família-Nação". Ao comentar  as falas da Bíblia - levar o Evangelho a todas as nações - o sacerdote disse que a primeira nação é a família. Que devemos ter um cuidado imenso com esta nossa nação, que o nosso testemunho de vida cristã deve ser forte, alegre, partilhado. Que é precisamente aqui, na nossa família, que vamos testemunhar o amor do Pai pelas criaturas, com a nossa dedicação aos filhos de Deus que nos foram entregues, a nossa doação por cada um daqueles que nos foram confiados.

E é assim mesmo. Poucos são os que vão fazer missão em outras nações, poucos os que deixam a sua terra e saem para países distantes, pregando o Evangelho. Poucos ainda os que ficam por aqui mesmo e atingem um número maior de pessoas. Nós que procuramos vivenciar os ensinamentos de Jesus, normalmente o fazemos num círculo muito pequeno, mostrando o que valorizamos como uma melhor forma de semear coisas boas. E onde ficamos mais tempo, onde mais nos despimos de nossas hipocrisias, é mesmo perante a família. 

Tenhamos então o cuidado e a falta de acanhamento para mostrarmos que somos de Cristo, que queremos ser cristãos autênticos,  pessoas boas que se doam, que se deixam consumir, que querem servir, da melhor forma possível. 

Podemos ser assim! Podemos cuidar melhor da nossa Família-Nação pra que todos os que convivem conosco possam também testemunhar o bem, sejam também construtores da Paz!!! 

119 - FRAGMENTOS...

119 - FRAGMENTOS...
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Listo aqui algumas falas do segundo volume das reflexões do escritor Augusto Cury sobre a milenar Oração do Pai-Nosso:
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"Algumas vezes Jesus chorou, mas em grande parte da sua vida se alegrou. Algumas vezes vivenciou angústias, mas na maior parte do tempo bebeu da fonte mais excelente da satisfação. Foi tão realizado e alegre que deixou perplexos seus ouvintes ao dizer que quem dele se aproximasse beberia de um rio de águas de prazer."
                                                                    ***
"Hoje é tempo de diminuir nossas atividades. Se não for possível fazer uma grande cirurgia em nossa agenda, devemos nos programar seriamente para começar a fazê-la amanhã, depois, gradativamente, no correr dos anos. Hoje é tempo de rever nossas metas, colocar colírio em nossos olhos para enxergar o que tem importância. Hoje é tempo de amar nossos filhos, elogiá-los por tantas coisas que fazem e que consideramos meras obrigações. Hoje é tempo de descobrir cada um com suas características únicas. Hoje é tempo de pedir-lhes perdão pela nossa falta de tempo, sem usar a desculpa de que tudo o que fazemos é para eles. Hoje é tempo de cobrar menos e abraçar mais. É tempo de dizer que eles não estão no rodapé de nossas vidas, mas nas páginas centrais de nossa história"... 
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"Se você deseja ser excessivamente racional, desista. Em algum momento entrará em contradição. Se almeja ser extremamente cartesiano, matemático, desista. Em algum momento sua emoção o trairá. E, se conseguir ser racional e estritamente lógico, a vida perderá o sabor, o tempero. Estará apto para ser um alienígena, não um ser humano. Somos deliciosamente ilógicos. Nossos gostos, expectativas, sensibilidades, preferências, disposições, mudam com o tempo. Sofremos menores ou maiores transformações a cada momento existencial."
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"Certa vez (o Mestre dos Mestres) disse: 'Não andeis ansiosos pelo dia de amanhã, basta ao presente o seu próprio mal' (Mateus 6:34)." E mais adiante:"Jesus sonhava em gerar pessoas livres e tranquilas diante de um Pai dócil e pacífico, e não pessoas atemorizadas diante de um Deus julgador e castrador."
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Falando das dívidas existenciais contraídas no teatro da vida: "O que estamos devendo? Devemos amor, gratidão, gentileza, paciência, solidariedade, afeto, compreensão e muito mais."
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"Aprender a agradecer tudo o que temos é uma forma excelente de cuidar carinhosamente da saúde psíquica. Hoje é tempo de agradecer a nossos pais, a nossos filhos, à pessoa amada e aos amigos. Agradecer o carinho, o afeto e a dedicação, dizer que eles fazem toda a diferença em nossas vidas. Quem não sabe agradecer não sabe saldar as dívidas de amor consigo mesmo e com os outros." 
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"Mais uma vez repito, para que o  leitor fique atento: nos primeiros 30 segundos depois dos focos de tensão cometemos os maiores erros de nossas vidas. O eu tem de ser treinado, desde a mais tenra infância, a fazer a oração dos sábios - o silêncio - nesses momentos e desenvolver a nobre arte de pensar antes de reagir. Caso contrário, perderá o controle e deixará um rastro de dor em sua história."
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"Muitas gerações se passaram na história da humanidade. Crianças brincaram, correram, jogaram, admiraram as borboletas, sentiram a suavidade da brisa que as tocava. Adolescentes sonharam, viveram aventuras, questionaram regras sociais, e, sob o calor da explosão hormonal, amaram intensamente a vida. Adultos desenvolveram projetos, batalharam, buscaram um lugar de destaque no palco da vida. Idosos beberam os últimos goles da existência como se ela fosse inesgotável. Onde estão as pessoas das gerações passadas? Não se ouve mais o eco daquelas crianças, nem a efervescência emocional dos jovens, nem a ebulição do intelecto dos adultos, nem os sussurros das experiências dos idosos. Eles se foram inexoravelmente. A maioria partiu sem deixar vestígio."
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E finaliza assim sua obra: "Parafraseando o Sermão da Montanha, bem-aventurados os que não se auto-abandonam, os que têm ricos encontros com o seu próprio ser, pois deles é o reino da serenidade, e do prazer de viver. Felizes os que humildemente olham para o espelho da sua psique, que descobrem que não são deuses, que procuram superar a necessidade doentia de poder, de controlar os outros, de se fixar em preocupações, pois deles é o sabor inefável da liberdade e o paladar inexprimível da sabedoria."
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