segunda-feira, 5 de agosto de 2019

387 - Salmos


387  -  Salmos

Ter vez e voz - que interessante! Voz para cantar, sei que não tenho! Para falar, sim; para cantar, não! Uma vez, o otorrino me disse, solenemente, como dono da verdade absoluta: "Cantar, nunca mais. Nem no banheiro!" Continuei cantando, não no banheiro, mas na igreja, com certeza! Porque amo as músicas que lá são cantadas por toda a assembleia.

Mas estou tendo vez! Nem sei como! Pediram-me um dia para cantar um salmo. Achei simples - e cantei. E me pediram de novo! E agora, toda segunda-feira, lá estou eu, cantando. E no sábado passado, o coordenador me disse: "O salmo hoje é do Eduardo, mas se ele não vier, você vai cantar." Tomei a Liturgia Diária e comecei a ensaiar ali um pouco; o Eduardo chegou, mas estava sem voz, muito rouco, e eu subi, pedindo a Deus que me ajudasse; ao descer, o coordenador me deu os parabéns. Fiquei feliz porque tudo o que procuramos fazer na igreja é para a glória de Deus.

Claro que há muita gente que canta e encanta; não tenho esta pretensão. Mas se continuam pedindo, eu continuo cantando. Mesmo porque, canto para Deus! E creio que, para Deus, não é preciso ter uma voz assim tão bela; ninguém está pedindo um tenor que se apresente para encantar a assembleia! Apenas uma pessoa que tenha a coragem de subir lá no presbitério, pegar o microfone e cantar. 

Assim, estou cantando. Olho o Salmo do dia, e a primeira melodia que me vem, vou cantando e aprimorando para fazer o melhor que posso. Porque é para a glória de Deus. O nosso novo reitor quer que o salmo seja cantado e não apenas lido. Então, vamos tentando. É mais um aprendizado. E creio que precisamos aprender a cada dia. E nem é tão difícil assim. Se você for à internet, vai encontrar um mesmo salmo cantado de várias formas. Então aprendi que você pode colocar nele a melodia que mais lhe convier. E, como disse a minha irmã: quanto mais suave, melhor fica. Porque as harpas e liras, soavam as mais encantadoras notas pelos dedos mágicos daqueles que as sabiam manejar. 

Que bom! Estamos cantando os salmos todos os dias. Sempre aparece um corajoso para pegar o microfone e fazer o que estou fazendo. Obrigada, meu Deus! Muito obrigada, por mais esta atividade!
(Celina - 05/08/19)


386 - Histórias...

386  -  Histórias...


Ontem, domingo, levei a Letícia e o Rafael à Missa na Paróquia de Santa Luzia. Fiquei sensibilizada com a homilia do Padre Evandro: como falava bem do Rodolfo, como se emocionou ao falar da morte dele! Contou a uma assembleia atenta que ele veio morar nas ruas em Sete Lagoas, porque não deu conta de lidar com a morte de sua mãe. E nunca mais quis voltar à terra natal.  

Falou que dormia ali nas imediações da igreja e que certa vez deram a ele um colchão, mas logo, logo, ficou sem ele dizendo que não precisava. Sempre com um sorriso, cumprimentava a todos, era feliz. O Padre procurou saber sobre ele na Polícia Civil: nenhum crime, nenhum furto, nada, nada que desabonasse a vida do Rodolfo. Pessoa boa, humilde, simples, alegre. Faleceu aos trinta e sete anos, e queriam enterrá-lo como indigente, mas o Padre não deixou: organizou um velório para ele, com a maior dignidade, comunicou a morte aos familiares e três irmãos estavam aqui para o sepultamento. 

E o Padre quase chora ao concluir: depois do enterro, um irmão procurou por ele e pediu que agradecesse a todos que conviveram com o Rodolfo e de uma forma ou de outra o ajudaram. Disse que estava indo embora triste porque perdera o irmão, mas em paz, por ficar sabendo que aqui ele tinha sido bem tratado.

Esta história me fez lembrar do Luciano, um mendigo ainda tão novo, que morava ali na Rua Urcine Campelo. Também era sempre acompanhado por alguns cachorros de quem ele tratava. Todos daquela rua gostavam dele e lhe davam comida. Procurei agora uma de minhas amigas,  a Gema,  para saber que fim ele levou, já que há muito tempo não o vejo por lá. E ela  me disse que ele era muito bom, nunca fez mal a ninguém e que chamava de mãe a  todas as mulheres dessa rua, mulheres boas que o ajudavam; disse ainda que arranjaram um emprego pra ele e está morando num comodozinho que alguém lhe arrumou. 

Histórias e mais histórias de pessoas que passam às vezes uma vida inteira perambulando por aí, sem ter o que fazer, sem ter o que comer, sem ter onde dormir. Mas Jesus disse um dia aos discípulos: "As raposas têm suas tocas e as aves do céu têm seus  ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde recostar a cabeça!" - (Mateus 8:20)

Assim, vamos caminhando, cada um com sua história!
(Celina  -  05/08/19)