segunda-feira, 26 de outubro de 2015

177 - MARAVILHAS DA NATUREZA

177 - MARAVILHAS DA NATUREZA

"Lagartas são nojentas". Toda vez que a gente encontra uma, a vontade que se tem é de mandar para bem longe. Meu neto viu uma enorme no chão da garagem: "Mata, vovó, mata!" Coragem de matar, não tenho, mas joguei-a com força para a rua. 

No dia seguinte, a encontramos  na parede. Será que era a mesma? Não sei. "Tira, vovó, joga fora!" Com certa resistência, ele concordou chegar perto para ver o que eu lhe explicava:

_ Olha, Lucas, veja como ela está quietinha, inerte, presa à parede apenas por um pontinho. Parece morta, não é? Sabe o que vai acontecer?... "Vai virar casulo, vovó?"

_ Vai, sim. E aí você já sabe, será depois uma linda borboleta. Vamos acompanhar? Era o dia vinte e nove de setembro, terça-feira. Na quarta, chamei-o para ver: já era um gordo casulo. E então ele me chamou a atenção para mais três casulos, em outros pontos da garagem.

Todos os dias, quando eu o buscava em sua casa, ele perguntava logo: "Será que já virou borboleta, vovó?" A curiosidade ia aumentando,  a expectativa era grande, mas... nada!  Notei que ele ia ficando meio decepcionado; estava demorando demais...

Até que no dia doze de outubro, ao sair cedinho para a missa, lá estava ela: enorme, ainda agarrada ao casulo. Rapidamente, fotografei e mandei uma mensagem:"Mostre pro Lukinha. Uma borboleta já saiu do casulo!" Haviam viajado na véspera e estavam em Diamantina. 

Quando voltaram, ela ainda estava lá, agarrada, e ele pôde ver direitinho, ao vivo e a cores. Nem tanto assim porque ela era de um cinza escuro, feio, e ainda mantinha as asas fechadas. 

Somente dois dias depois foi que, abrindo-as um pouco, ele viu que, de asas abertas, era bem menos feia, pois havia uma faixa alaranjada em cada uma, com bastante simetria. 

Mais uns dois ou três dias, seu pai, chegando para buscá-lo,  gritou: "Vem ver, Lucas! Corre!" Era o outro casulo, um pouco acima do primeiro: lá estava outra borboleta, presa ao seu casulo.  
Porém, a curiosidade já era bem menor; já conhecia todo o processo, em longos dias de espera. Uma espera interminável para a sua mente infantil, que o fez duvidar se, de dentro daquela "coisa", sairia mesmo um bicho tão bonitinho como uma esvoaçante borboleta. Espera e dúvidas tão grandes e desanimadoras, que me fez usar uma comparação: "Lucas, é assim mesmo; demora a formar, o corpinho da borboleta. Lembra como demorou para a sua irmãzinha sair de dentro da barriga da mamãe?..."

Maravilhas da natureza: coisas de Deus!