185 - Carta aberta para o RAFAEL
Oi, Rafael! Observando aqui o Lucas e a Gabi, lembrei-me muito de você.
Vai ser também bonito, com certeza, o relacionamento seu, com sua irmã. Um
irmão pode e deve ser um grande amigo, e é por isto que esperamos ansiosos, o
seu nascimento, principalmente ela, a Letícia!
Observo-os, com alegria: como brincam! Há pouco estavam lá fora,
construindo casas, carros e fazendas, com toquinhos de madeira - verdadeira
obra de arte! Agora estão ali na sala e pedem pra eu colocar "A
música" pra eles dançarem; uma coisa antiga, muito antiga, gravada num LP
antigo, de vinil, difícil de acreditar que crianças poderiam gostar disto...
É assim: crianças nos surpreendem a cada dia. Ontem o pai deles veio com
esta: chamava a atenção do Lucas porque ele está jogando os carrinhos todos no
telhado; erro difícil de consertar, porque puseram rede de proteção na janela.
Como o pai, severamente, desse uma grande bronca, o Lukinha pensou,
pensou e disse: "Ah, papai, criança é assim mesmo! Quando eu crescer, não
vou mais fazer isto!"
Viu, Rafael?... Um dia você vai ler estas crônicas e, convivendo com eles,
verá que ninguém inventou nada: eles são assim, engraçadíssimos e será muito
boa a sua convivência com crianças tão espertas, inteligentes, felizes!
Ontem, quando soube da morte do Sr. Moacyr, o bisavô de vocês, a Lelê
ficou triste e disse: "Ah, mamãe, eu queria levar um chocolate pra
ele!" E a mamãe, tranquila: "Sabe, Lelê, ele está feliz: vai
encontrar a vovó Ordália e o Papai do Céu preparou uma mesa, cheia de
brigadeiros lá pra ele".
A Júlia nos contou isto, toda emocionada. Então, após o sepultamento,
viemos pra casa e comemos também, brigadeiro, em sua homenagem. Porque ele
cumpriu lindamente a sua missão aqui na terra e é digno de todo respeito,
carinho e consideração! Só lamentamos você não chegar a conhecê-lo! Peça rara,
o Senhor Moacyr Almeida!
Beijinhos pra você, Rafael!
(10/11/2015)