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- SONHOS... SONHOS... SONHOS!
Cinco
horas da manhã. Acordo com uma taquicardia horrível! E pior, querendo
ferrenhamente resolver a situação!
Resolver
uma situação que ficou lá nas minhas horas de sono?!... E aí me sinto impotente
para a solução de um problema que já não existe - ou que nunca existiu - a
não ser, na perturbação de um momento que poderia e deveria ser de paz.
Como
explicar os sonhos?... Como entender que deixei minha netinha de dois anos,
ali, quietinha, enquanto fui trocar a água da bacia onde ela brincava, pois a
mesma já estava muito suja, e ao olhar para trás, vejo-a correndo atrás de mim
e me gela o coração, vê-la sumir num pequeno buraco, ali, bem na minha frente?
O que fazer, meu Deus? Como agir num momento desses? Vejo-a escorregar chorando
e deslizar pelo buraco, um buraquinho de nada, redondinho, onde parece não
caber nem mesmo um de seus bracinhos? E vejo sua última mãozinha descendo, eu
ali, paralisada, com a bacia na mão, sem ação, boquiaberta, o coração aos
saltos...
E
aí, eu acordo. E ao invés de proclamar
bem alto: "Graças a Deus, foi só um sonho mau!" fico ainda tentando
entender, aflita, sem saber o que fazer, pensando, pensando... Que buraco seria aquele?
Como aconteceu? Como vou tirá-la dali?... Meu Deus, cadê a Gabizinha? Jesus, o
que é isto? E o coração parece saltar do peito...
Não
sei se você já sonhou assim. Mas meu travesseiro, de vez em quando, me prega uma
peça dessas... E por que será que,
saindo daquele estado de prostração, a taquicardia continua ainda por um bom
tempo?... Acontece isto com você?... Porque depois – penso – se já acordei,
se já passou o sonho, por que o corpo sofre ainda?...
Levantei-me
e fui ao quarto observá-la (porque os pais viajaram e os dois estão aqui); e aí
a vejo: dorme como um anjo; e nem sabe o quanto sofri por sua causa! Vou
ao seu irmão: dorme também, lindamente. Graças a Deus! Mas passei muito
aperto no sonho... Ai, Jesus!
E,
como já acordei mesmo, me levanto, e veja só o que encontro: uma mensagem do
meu sobrinho, em áudio, contando o sonho que minha irmã teve comigo: horrível
também! Horrível, absurdo, mas cômico; diferente do meu! Sonhos... sonhos... sonhos... Como
entendê-los?!...
(Sete
Lagoas, 13 de março de 2016)