sábado, 5 de dezembro de 2015

192 - CANEQUINHA AMARELA

192 - CANEQUINHA AMARELA

Há algum tempo estou aqui sorrindo, pois há coisas que nos fazem sorrir assim, como bobos, só ao lembrar o fato. Decidi me levantar e contar pra você, mesmo porque, uma coisa que não tolero é ficar acordada na cama. Aconteceu aqui em casa:

"Era já quase noite, eu na cozinha, lavando algumas vasilhas, enquanto todos, na varanda, conversavam animadamente, saboreando um churrasquinho.  Os meninos brincavam de forma bastante barulhenta, bem embaixo da minha janela.   E falavam todos ao mesmo tempo: _ É falta; eu vou bater. _ Isto nem é falta, é normal. _ É falta, sim! De repente, um grito mais forte: _ GOOOOOLLLLLL! _ Não, não foi! Passou fora da marca! (A marca, certamente, devia ser algum chinelo, sandália  ou um tênis preguiçoso, encostado no canto). Aí, vem o choro...

Pensei na hora: O vovô toma todas as bolas que aparecem por aqui; briga com eles porque 'vão estragar minhas orquídeas - vão quebrar as plantas -  parem com esta bola - vão jogar na casa de vocês - aqui, não -  por que não pedem a seus pais para levarem vocês pro clube?...'  Então, com quê, estão jogando?...

Fui ver: incrível! Há bem mais de uma hora os meninos brincavam, numa algazarra boa, num futebol animado, com direito a dribles ousados, faltas e tudo,  chutando - imagine! - uma canequinha amarela! 

Em outro canto do quintal, Lelê brincava: vasilhas cheias de folhas, de acerolas, encontradas pelo chão, pedaços de biscoitos... sozinha... quietinha... Nem deu pela falta da canequinha amarela! E como os adultos presentes, também não ouvia a algazarra dos meninos, os gritos de gol, as reclamações, o choro constante do Sávio...

Deixei ficar: uma canequinha velha... 'deixa quieto!' Se ninguém deu pela coisa, a mim, não incomodavam. Quero ver, pensei, até onde vai isto!...

Mas, não foi muito longe mais não! Um grito mais alto, um choro mais forte, e a voz autoritária do vovô: _ Celina, olha esses meninos com essa bola! _ Que bola? Eles não têm bola!

Aí, os pais se levantaram - até que enfim! - e foram colocar ordem na meninada, brigando por um futebol diferente que estava acontecendo há um tempão... Como demoraram a perceber!"

É... Acho que foi positiva a brincadeira: entretiveram-se por um longo tempo, deixaram os adultos em paz um pouco, e exercitaram. Quem sabe, são essas partidas loucas de futebol, essas peladinhas,  que fazem com que os meninos gostem tanto de uma bola?...

E, como relatado na crônica anterior, eles estão mesmo levando a sério esse esporte que é uma das maiores alegrias da criançada, não é Arthur, artilheiro do campeonato do Náutico? Não é, Sávio e Lucas, que participarão no próximo ano?!

Bem, está amanhecendo. Vejo os primeiros albores da aurora. No quintal, um frango ensaia timidamente o canto de um galo vigoroso que pretende ser. Vou ligar a TV Aparecida e rezar o terço com o Padre Antônio Maria. Até a próxima!!!