sexta-feira, 24 de abril de 2020

436 - ERMAUM!

436  -  ERMAUM!

Notaram, amigos, que o título desta crônica está bem diferente dos outros? O título sim, mas o assunto é o mesmo da anterior: o aprendizado da escrita! E a autora deste novo vocábulo é a mesma do "coarto". Muito bem: é a Gabi! Seis anos.

A mãe conta que chega do trabalho e, por acaso, encontra um bilhete da Gabi, onde ela diz ao "QUE - RIDO ERMAUM" que sabe que ele está bravo com ela porque pegou seus adesivos sem permissão. E completa: "MAIS MESMO ASIM TE AMO" E desenha um lindo coração, fechando o seu ingênuo pedido de desculpas - por escrito!

E a palavra "ERMAUM" - parecendo um vocábulo de origem latina da quarta declinação, no acusativo singular (como "tribum") - já passou a fazer parte do vocabulário da família. Esta é a Gabi, que procura dar seu recado por escrito, como em diversas outras situações. E nós, orgulhosos da pequena escritora, vamos acompanhando seu progresso, já que ela, muitas vezes, prefere escrever, que falar. Há muitas pessoas assim, não é ? Outras têm dificuldade na  escrita,  preferindo abrir a boca e desabafar. 

Se você tem ainda em casa, uma criança, que inicia seu processo de aprendizagem da escrita, procure observá-la todos os dias e se surpreenderá com aquilo que diz, ali no papel, dando seu recado direitinho.  Em alguns casos, é preciso, delicadamente, pedir que ela diga o que escreveu. Mas, na maioria das vezes, dá pra entender, sendo utilizados alguns termos engraçadíssimos, como o coarto e o ermaum da Gabi. Acho fantástico isto!

Trago até hoje comigo, um recado do nosso caçula, quando morávamos em Três Marias. Houve um problema com o gado local - uma doença, que não me lembro mais de que se trata - e ficamos sem o leite. Ele, que sempre fizera um uso enorme desse alimento, sentindo sua falta, escreveu, num rótulo de Toddy, a seguinte súplica: "Mamãe, min da lete". Ô dó!... Antes de completar cinco anos! Claro, com a letrinha dele, bem difusa ainda!

Não é uma maravilha tudo isto?
(Celina  -  24/04/2020)


435 - Coarto

435  -  Coarto

Chegou pelo whatsapp! Mostrei ao vovô! Entusiasmado, declarou: "Nossa! Que coincidência! Igualzinho o cartaz da Júlia!"  E eu: Coincidência maior foi a gente ter comentado sobre isto há poucos dias. Estava falando com ele de vários bilhetes da nossa neta Júlia, que hoje já tem vinte anos,  e ele disse: "O melhor que eu achei foi aquele: Coarto da Júlia" - uma placa que ficou na porta do quarto durante meses - anos talvez - que era uma plaquinha de papel  colocada na porta. E agora, vem a Gabi com esta: "Amanhã, a brincadeira é no coarto da Gabi." 

Todo aprendizado é bom, mas aprender a escrever é muito bom! Esse início da alfabetização é  lindo demais! As crianças começam a manifestar o que pensam, através da escrita. Seja como for, sempre procuram dar o seu recado. Isto é fantástico! E aí surgem palavras ou expressões que ficam na história da família, como o "coarto da Júlia" que virou agora, "coarto da Gabi", já que escreveu da mesma forma. 

Tenho muita pena de quem não sabe ler. Durante todo o tempo que atuei na Educação, quase sempre trabalhei com alunos já alfabetizados, preocupando-me apenas com um letramento, mais apurado, a escrita correta, um jeito mais erudito de se expressar, principalmente através da escrita.  Pouquíssimas vezes, atuei como alfabetizadora, e devo declarar que achei fantástico! Como é lindo acompanhar o processo, desde o início do ano letivo, passando por várias etapas, mais ou menos, bem definidas e chegar ao final do ano com aquela leitura bonita, uma satisfação muito grande de alunos e principalmente das famílias, que acompanham passo a passo, e veem a vitória, quando as crianças dão sinais de dominar o processo. É muito lindo!

É preciso que as autoridades deem uma atenção especial à educação infantil, pois, quando a criança aprende na época certa,  o letramento seguramente é mais tranquilo e pode-se esperar que a mesma deslanche rapidamente e cada vez com mais entusiasmo. E a sociedade - especialmente o país - só tem a ganhar com isto. Cobremos dos governantes uma legislação eficiente nesse sentido.
(Celina  -  22 /04/2020)