Já que na crônica anterior falávamos da necessidade de ocuparmos
nosso tempo, trabalhando, aqui vai mais uma crônica publicada no jornal
VOZ DE DIAMANTINA, há mais de vinte anos:
266 - ENQUANTO
DESCANSA, CARREGA PEDRAS!
Você está de férias - férias escolares,
férias de trabalho. Tempo bom; você descansa; esquece o relógio; deixa o tempo
passar, indolente, sem os compromissos rotineiros de sempre.
Mas, é bom lembrar: Você não está de
férias da vida! Férias, sim, de suas atividades habituais. Todavia, há um
milhão de outras atividades sadias a que podemos nos dedicar.
Curtir as férias, não é certamente ficar
de braços cruzados o tempo todo, totalmente inerte, em dias ociosos e
improdutivos. Não! Não deve proceder assim.
Dirá talvez que quer descansar, que deseja
repousar um pouco. Mas eu lhe respondo que descansar de determinada atividade é
fazer outra que exija um esforço diferente daquele que lhe é habitual. Se você
está acostumado a trabalhar com a mente, escolha nas férias, uma atividade que
lhe permita trabalhar com o físico e vice-versa. É uma questão de equilíbrio. E
como você não está acostumado a esse tipo de atividade, logo se cansará e terá
prazer em retornar a seu campo de ação.
Mas se você se entrega à ociosidade, à
inércia total ou quase, como muitos pensam fazer, terá certamente dificuldade
em se readaptar à sua atividade, quando tiver que dizer adeus às férias.
Um velho provérbio diz: “enquanto
descansa, carrega pedras” – sabedoria antiga, mas sempre renovada por uma
reflexão consciente das nossas capacidades.
Que seus dias de férias sejam preenchidos
de maneira útil e agradável e que você possa retornar à escola ou ao trabalho,
dizendo: não perdi meu tempo!
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(Minhas férias eram ótimas: aproveitava o tempo para pintar
as grades das janelas, envernizar as treliças do telhado, refazer canteiros e
outras coisas mais que não me era possível fazer na rotina diária. Mais pesado
ainda era o trabalho, quando estudante e morava com meus pais: nas férias de
julho, minhas irmãs e eu tínhamos que abastecer de lenha, um cômodo reservado para
esse fim, já que só possuíamos fogão a lenha. Era excessivamente cansativo, mas gostávamos de
fazer. Você, certamente, não sabe o que é isto! Era preciso buscar lenha longe,
antes do tempo das chuvas. Nas férias de dezembro e janeiro, tínhamos muito
trabalho na roça; enxada nas mãos, lá íamos nós, ajudar nosso pai que era – sem
sombra de dúvida – o MELHOR PAI DO MUNDO!)
(Sete Lagoas, 15/11/16)