191 - CARTA ABERTA PARA O ARTHUR
Que festa linda, hein, Arthur! Que alegria você e o Clube
Náutico de Sete Lagoas nos proporcionaram! Ver sua família, colegas e amigos
presentes, naquela euforia, uma torcida forte, gritaria, fotos, troféu, nossa!
- foi bom demais! Não poderíamos nunca imaginar, em nossas idas ao Clube toda
semana, que seria assim, tão legal no fim!
Mas já pensou na sua responsabilidade agora? Já conseguiu
interiorizar que você foi o artilheiro do campeonato e precisa fazer de tudo
para conservar esta imagem de bom jogador?!... Ou a ficha não caiu ainda?
Desde o primeiro jogo, naquela sequência incrível de gols,
que a torcida, entusiasmada, grita seu nome, esperando que você continue sendo
a "salvação da pátria!" E você, traz pra casa agora, "a Chuteira
de ouro!" pelos doze gols, contabilizados no site do Clube, mas, na sua
contagem, são treze; lembra aquele que você fez e saiu vibrando, mas não foi
computado pra você? O vovô afirma, com todas as letras, que foi seu; na verdade,
você saiu vibrando - e o colega, não. Mas, tudo bem: você tem doze gols e
o segundo lugar apenas oito. Continue assim!
E ontem, no final da festa, um dos treinadores, ao
parabenizá-lo, disse: Mas, em
primeiro lugar, os estudos! Lembra?
Pois é! Alegra-nos também - e muito! - saber que você está bem na escola, que
completou o ano com nota A! Parabéns! O futebol é o seu momento de lazer,
melhora a condição física, trabalha a disciplina, é bom demais. Mas é o estudo
que vai encaminhar você para a vida profissional. E por falar em disciplina,
seja sempre muito disciplinado, em tudo aquilo que for fazer. Não se deixe
levar nunca por impulsos negativos.
Disse ao Sávio, na carta dedicada a ele, que só escreveria
a sua quando terminasse o campeonato, pois eu tinha certeza de que você teria
uma brilhante atuação. E acho que foi acima das expectativas. Guarde bem seu
troféu: pode ser o primeiro de muitos, se você continuar se esforçando; depende
só de você.
Também depende só de você, continuar brilhando na escola,
na família, na igreja e na sociedade, pois o nosso campo de atuação pode ser
enorme, basta querer, não se entregar à preguiça, procurar fazer sempre o
melhor possível. Vale a pena! Digo com toda força de minha alma: vale a pena!
Não vamos nos acomodar; nunca! Com a força que nos foi dada por Deus,
continuemos na luta, uma luta boa, que faz de nós pessoas melhores a cada dia.
Quero fechar esta, lembrando a você uma coisa muito
importante: Tudo na vida é um aprendizado, Arthur. Precisamos estar
atentos e seguir as ordens daqueles que têm algo a nos ensinar. Vou contar
pra você um pequeno fato (Pra você, seus primos e todos os que vierem a tomar conhecimento, já que esta é uma carta aberta.): Em comemoração ao Dia das Crianças, quando morávamos em Três Marias,
inventaram um futebol dos professores. Eu, que nunca tinha chutado uma bola, no
sorteio, saí no time de uma professora de Educação Física. Num dado momento, a
bola sobrou pra ela, saiu correndo em direção ao gol e eu, boboca, correndo
atrás dela; conhecedora da situação, falou rápido: Corre pro gol, Celina! Corri, sem saber o que fazer,
fiquei perto do goleiro; ela driblou, passou a bola pra mim e,
instintivamente, com o calcanhar, empurrei a
pelota pra dentro!
Foi uma festa! Meus alunos, de segundo ano, gritavam,
pulavam, festejavam... Foram poucos minutos de jogo, mas saí do campo, com o
coração aos pulos, vermelha, muito cansada, parecia que ia desmaiar! Porém valeu a pena! Porque ouvi a
professora; ela sabia pra
ensinar! Foi apenas uma brincadeira,
para divertir os alunos (não sei se o Júnior se lembra disto), mas fiquei com a
fama da vitória do nosso time, pode?!...
Por que estou contando isto? Para que você se lembre sempre
de duas coisas muito importantes: obediência e disciplina. Procure ser
obediente e disciplinado - e você vai ser sempre um VENCEDOR! Porque você
tem carisma, Arthur! Basta considerar o apreço que seus primos têm por você.
Um abraço carinhoso da vovó e do vovô.
Sete Lagoas, 29/11/2015
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(P.S.: No ano seguinte, estávamos em Diamantina e
propuseram fazer o mesmo, nas comemorações da Semana das Crianças: um jogo dos
professores para divertir a meninada. Coincidentemente, eu estava novamente com
uma turminha de segundo ano. Mas a diretora disse que concordava com a ideia,
desde que a partida terminasse empatada;
para evitar discussões entre os alunos. Sabe o que aconteceu?... Ninguém quis
mais! Jogar, sabendo que tinha que
empatar?... O interessante é, numa competição, você dar tudo o que tem, fazer o
melhor possível, e não, forjar um
resultado, previamente combinado. E aí, não tivemos o futebol em Diamantina, na
Escola Estadual Prof. Júlia Kubitschek!)