sábado, 28 de novembro de 2015

190 - RESSUSCITE EM CADA QUEDA...

190 - RESSUSCITE EM CADA QUEDA...

Éramos noivos... Mês de Maio de mil novecentos e setenta e dois. A cidade em polvorosa! Esperávamos a chegada da Imagem de nossa Senhora de Fátima, trazida pelos missionários. Seria uma semana de muita movimentação na cidade. 

Realmente, as missões corresponderam à nossa expectativa. A imagem lindíssima,  as pombas brancas que a acompanhavam - e que sobrevoavam a multidão, vindo pousar depois na mesma imagem,  a euforia dos missionários, sinos que badalavam, músicas alegres que tocavam o coração... 

No dia da valorização do matrimônio, foram escolhidos alguns casais. Nós, o Waldívio e eu, representamos os noivos. Foi-nos dado um papelzinho - simples - que deveríamos ler, no nosso momento, lá no presbitério, após a reflexão dos namorados (Será que ele se lembra disto?...).

Guardo-o comigo até hoje. E aqui transcrevo seus dizeres: "COLOCANDO A ALIANÇA:  Põe a aliança no meu dedo. Não só a aliança, mas a palavra e o coração. E a vida - e os círculos dos anos - o círculo dos dias - o círculo das horas - e o pranto e as alegrias. Se a aliança se for, ficará o dedo que acusa - e no dedo, o vestígio. Tua aliança é pesada pois é o mundo que pões no meu dedo - o amor fará leve o fardo.  Não só o nosso amor, mas também o amor daquele que é o próprio amor, em cujo amor nos uniremos. Senhor, dai-nos força para que  o amor ressuscite em cada queda..."

Como proclamei com fé! Não falava com palavras apenas, falava com o coração. Perdi o sono hoje e fiquei relembrando - e só esperava amanhecer para contar isto pra você. Como falam fundo em nossa alma, as coisas de Deus! Aqueles cinco missionários talvez nem tivessem  a consciência da dimensão do seu trabalho de evangelização!  Lembro-me de dois nomes: Frei Ludovico, alto, claro, forte, sério - e o Frei Marciano, moreno, alegre, muito bonito, de um sorriso lindo e palavras encantadoras. A ele, entreguei o Waldívio pela mão, para que se confessasse... Foi lindo! E agradeço a Deus e a Nossa Mãezinha do Céu, por tão grande dádiva. 

Fizeram um trabalho maravilhoso em nossa pequena cidade; dia das crianças, jovens, casais, idosos, escolas... Sempre uma palavra de carinho pra cada segmento. Missão muito grande e valiosa, que certamente rendeu numerosos frutos...

No meu caso, foi uma grande bênção! Escrevi mentalmente uma crônica bem bonita, pelas horas vazias da madrugada de hoje, mas, não sei se a emoção, ou a memória que não gravou bem, esqueci-me dos termos usados. Mesmo assim,  quero muito, neste texto simples de hoje,  levar a você um pouco da felicidade de pensar nessas palavras tão verdadeiras, que nos foram entregues naquele dia longínquo, quando, sabiamente, não foi dito que não haveria quedas, mas pedia ao Senhor que o amor ressuscitasse a cada queda...  

Muito lindo tudo isto, porque as pequenas quedas - ou, quem sabe, até grandes - sempre existem, não há como fugir, ou camuflar; elas existem, e é preciso contar mesmo com a força de Deus, para que o amor vença sempre, ressuscitando das cinzas. Obrigada, Senhor, eu Te amo e Te agradeço, de coração!