190 - RESSUSCITE EM CADA QUEDA...
Éramos noivos... Mês de Maio de mil
novecentos e setenta e dois. A cidade em polvorosa! Esperávamos a chegada da
Imagem de nossa Senhora de Fátima, trazida pelos missionários. Seria uma semana
de muita movimentação na cidade.
Realmente, as missões corresponderam à nossa
expectativa. A imagem lindíssima, as pombas brancas que a acompanhavam -
e que sobrevoavam a multidão, vindo pousar depois na mesma
imagem, a euforia dos missionários, sinos que badalavam, músicas alegres
que tocavam o coração...
No dia da valorização do matrimônio, foram
escolhidos alguns casais. Nós, o Waldívio e eu, representamos os noivos.
Foi-nos dado um papelzinho - simples - que deveríamos ler, no nosso momento, lá
no presbitério, após a reflexão dos namorados (Será que ele se lembra
disto?...).
Guardo-o comigo até hoje. E aqui
transcrevo seus dizeres: "COLOCANDO
A ALIANÇA: Põe a aliança no meu dedo. Não só a aliança, mas a palavra
e o coração. E a vida - e os círculos dos anos - o círculo dos dias - o círculo
das horas - e o pranto e as alegrias. Se a aliança se for, ficará o dedo que
acusa - e no dedo, o vestígio. Tua aliança é pesada pois é o mundo que pões no
meu dedo - o amor fará leve o fardo. Não só o nosso amor, mas também o amor
daquele que é o próprio amor, em cujo amor nos uniremos. Senhor, dai-nos força
para que o amor ressuscite em cada queda..."
Como proclamei com fé! Não falava com
palavras apenas, falava com o coração. Perdi o sono hoje e fiquei relembrando -
e só esperava amanhecer para contar isto pra você. Como falam fundo em nossa
alma, as coisas de Deus! Aqueles cinco missionários talvez nem tivessem a
consciência da dimensão do seu trabalho de evangelização! Lembro-me de
dois nomes: Frei Ludovico, alto, claro, forte, sério - e o Frei Marciano,
moreno, alegre, muito bonito, de um sorriso lindo e palavras encantadoras. A
ele, entreguei o Waldívio pela mão, para que se confessasse... Foi lindo! E
agradeço a Deus e a Nossa Mãezinha do Céu, por tão grande dádiva.
Fizeram um trabalho maravilhoso em nossa
pequena cidade; dia das crianças, jovens, casais, idosos, escolas... Sempre uma
palavra de carinho pra cada segmento. Missão muito grande e valiosa, que
certamente rendeu numerosos frutos...
No meu caso, foi uma grande bênção!
Escrevi mentalmente uma crônica bem bonita, pelas horas vazias da madrugada de
hoje, mas, não sei se a emoção, ou a memória que não gravou bem, esqueci-me dos
termos usados. Mesmo assim, quero muito, neste texto simples de hoje, levar a
você um pouco da felicidade de pensar nessas palavras tão verdadeiras, que nos
foram entregues naquele dia longínquo, quando, sabiamente, não foi dito que não
haveria quedas, mas pedia ao Senhor que
o amor ressuscitasse a cada queda...
Muito lindo tudo isto, porque as pequenas
quedas - ou, quem sabe, até grandes - sempre existem, não há como fugir, ou
camuflar; elas existem, e é preciso contar mesmo com a força de Deus, para que
o amor vença sempre, ressuscitando das cinzas. Obrigada, Senhor, eu Te amo e Te
agradeço, de coração!
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