sexta-feira, 12 de julho de 2019

382 - Poemas do Geraldinho

382  -  Poemas do Geraldinho

O Beija-flor

Bailando pra cá e pra lá
Beijando a flor do jardim,
Todo o mel que recolhe
Leva pros seus filhotinhos.

Que lindo que ele é
Com suas penas furtacores!
Dos pássaros, o mais formoso
É o símbolo dos nossos amores.

O seu ninho, tão fofinho,
E seus ovos, que amor!
São tão pequenininhos
Tal qual os de lagartixa!
E nele, não há preguiça
Trabalha feito um doutor!

O Pica-pau

É um animal importante
Com seu bico possante
Vai bicando a madeira
É muito misterioso.

De repente, o majestoso
Derruba um imenso galho,
Não sei se ele procura 
Algum bicho pra comer.

Tem grande e tem pequeno
Mas são ambos iguais,
Pra cortar esta madeira
Tamanho não é documento
E todos trabalham demais.

A rosa

É a mais linda das flores
E é toda perfumada
Pros enterros, principalmente,
É a mais procurada.

Existem de várias cores
Rosas, vermelhas e brancas.
Todas elas são formosas
Que ficam em nossas lembranças!

A Noiva

Já vai pro cabeleireiro,
A noiva se enfeitar.
Ela sai toda vaidosa
E com o noivo vai encontrar.

Quando entra na igreja
Vai chorando de alegria.
O noivo já todo prosa
Vai em sua companhia.

O coroinha vai junto
Com a aliança na mão,
O noivo recebe a aliança
E coloca em sua mão!

O Bêbado

Lá vai ele moribundo
Cambaleando pra lá e pra cá.
De vez em quando, toma um tombo,
Mas levanta de repente,
Vai xingando toda a gente.

A mochila vai no ombro
Carregando um litrão.
Ninguém sabe se vai cheio,
Só sabe que ele, sorrateiro
Vai cantando uma canção!

Quando encontra uma pinguela
Nela atravessa, sem cair,
Parece até um milagre, coitado,
Só sei que ele dá cabo,
Do dia que há de vir!

O Prisioneiro

Lá vai o prisioneiro
Na sua grade ficar
Ele é meio zombeteiro
E todos ficam a espiar.

No dia de visita
Ele logo quer fumar
E pede logo um maço
Pro visitante comprar.

Exige até tira-gosto
Isso eu acho engraçado!
Come de tudo que ganha
Até ficar saciado!

Catástrofe

Um dia eu saí a andar
E me encontrei com um acidente;
Era sangue pra todo lado
E tanto pedaço de gente...

Eu fiquei entristecido
E me peguei a pensar,
Tantos corpos estirados no chão
Não ficou ninguém pra semente.

Os carros todos amassados
Só serviam pra ferro velho.
Pedaços pra todos os lados
No meio de tantos mistérios!

(Esse era o nosso irmão. Sensível, parece que se assentava e ficava observando os passarinhos, as flores, as pessoas que passavam... Não podia beber, mas de vez em quando se excedia - e era um problemão!  Não se casou, falecendo solteiro aos sessenta anos. Preso também esteve, nas clínicas de recuperação. Andava muito e deve ter ficado impressionado com os mistérios de cada uma das vítimas daquele acidente. Só não entendi bem sobre "o bêbado e o dia que há de vir"...  Enfim, Geraldinho, aqui estão os poemas que conseguimos recuperar! Esteja em Paz!)

Celina - 12/07/19 - 14 horas

381 - Uma Pessoa - Uma Vida!!!

381  -  Uma Pessoa - Uma Vida!!!

Houve uma pessoa aqui entre nós, que muita gente conheceu. Seu nome? Geraldo de Queiroz Filho, um de nossos irmãos. Hoje está com o Pai do Céu!  O Geraldinho. 

Foi meu aluno. Gostava de escrever! Fazia belos textos, dos quais não me lembro. Mas sei que o elogiava pelas boas ideias e até certa correção ao escrever. Em mãos, aqui comigo hoje, alguns de seus poemas, que devem ter sido feitos bem mais tarde - não me lembro de tê-los visto! Minha irmã Graça os entregou a mim, após a passagem dele para um plano superior. Deve estar poetando entre os Anjos; era, ele mesmo, um anjo aqui na terra... Saudades!

Era um menino bom; nenhuma correção mereceu na escola. Em casa também, creio que não; não dava trabalho - antes daquilo...  Rapaz, procurou, a princípio, fazer algo bom. Tenho em mãos sua Primeira prova de Mecânica de Automóveis, com uma pontuação de 6,5; e a Décima primeira, num total de trinta questões e uma pontuação de 9,0! Não encontrei data nas avaliações. Não sei quando isto aconteceu.

Nos poucos poemas guardados, ele fala de passarinhos, fala da rosa, de casamento - mas fala  de catástrofe, de bêbado e de prisioneiro!

Dá muita dor no coração, reler estas coisas! Porque nos reporta a muitas situações de dificuldades, de pouco entendimento, de tristezas...

Mas... é a Vida! E precisamos aprender... Trabalhou um tempo como guarda no Banco Real. E meu esposo diz que lá o chamavam de Pafúncio! E todos gostavam dele. Humilde, sorria apenas, quando se dirigiam a ele. Era um rapaz bom, tranquilo, confiável!

Não sei quando ficou doente. Só sei que, estando lá em Teixeiras, uma vez, fui com ele ao médico acompanhando uma de minhas irmãs. E o doutor, paciente, mas incisivo: "Vocês têm que aceitar. Seu irmão apresenta um quadro de esquizofrenia". 

Aceitar, é preciso; mas é difícil! Eu já não morava lá, mas sei que a sua doença o fez passar por períodos bem complicados e deu muito trabalho para a família! Coitado! Ele que era tão bom! Porém, quando a doença atacava mais, saía andando sem rumo, e a família procurando por ele. Ajuntava lixos na rua e trazia pra casa. Tirava coisas em casa e levava para os pobres, aqueles que ele conhecia; as casas que frequentava; via a necessidade deles e queria ajudar... Como?... Se não, tirando na casa de seus pais - e doando! Assim era o Geraldinho! Passou por muitas dificuldades, muitos atritos... Essa doença é terrível! 

Quando ele se foi, a minha irmã que mora em São Paulo me disse: "Descansou, Celina! Ele precisava descansar!"

Internado por várias vezes, conheceu o outro lado da vida aqui na terra. Vi isto no poeminha "O Prisioneiro"! 

Na próxima crônica, vou postar alguns poeminhas dele, porque  ele me disse um dia: "Celina, quero fazer um livro. Você me ajuda?"... 

A saudade dói muito! E as lágrimas não dão conforto!
(Celina - 12/07/19 - exatamente meio dia!)