segunda-feira, 14 de setembro de 2015

162 - BRILHO NO OLHAR

162 -  BRILHO NO OLHAR

Como o cheiro de terra molhada, após longo período de seca; ou como o calor gostoso do sol, após vários dias chuvosos; como a criancinha feliz, que brinca distraidamente, ali no chão, aos pés do adulto em quem confia,   assim é o brilho no olhar de quem tem amor. Se não há brilho, é porque o amor ainda não se instalou. E se não aconteceu ainda, não há como forçá-lo, porque o amor é espontâneo,  é gratuito, e é construído na rotina do cotidiano.

Brilho no olhar é amor sem limites, é aceitação dos projetos de Deus para a nossa vida, é a disposição para a luta na construção de um mundo melhor, é a ousadia na gratuidade da fé.


Vejo o brilho no olhar da mãe que acaricia delicadamente, com divinal ternura, o recém-nascido, que traz ao colo; vejo o brilho no olhar da mãe aflita,  a medicar o filho  doente que tem febre. 

Grande e especial era o brilho no olhar de Maria que fitava o Menino na manjedoura; e havia igualmente brilho ao fitá-lo depois,  agonizando na Cruz. Porque o amor  não desiste, não se omite, não se desespera, não sai de cena nas situações difíceis da vida. O amor está sempre presente, sempre tentando ajudar. Havia brilho no olhar de Maria, quando ajudava Isabel, em Ain Karin; e havia igualmente brilho ao participar do primeiro milagre, nas Bodas de Caná... Assim é Maria, acompanhando os passos de seu Filho Amado, desde a Anunciação. E não perdeu o brilho no olhar, nem mesmo aos pés da Cruz, porque Ela sabia que Ele não estava ali, pagando os Seus pecados - pois, não os tinha - mas pagava os pecados da humanidade, pagava os nossos pecados, e ali fomos salvos por Ele, levantado no lenho do madeiro. E a Mãe, no esforço extremo de compreender os planos do Pai, ali nos foi entregue pelo Filho: "Eis aí, tua Mãe." Pela misericórdia do Pai, naquele momento, fomos salvos - e não podemos perder a salvação.


Quero ser como Maria, quero ter sempre esse brilho no olhar, não quero me esmorecer nas horas de provação, nos momentos difíceis da existência. Para isto, convido Jesus e Maria para viverem conosco, na nossa casa, pela preocupação de conservar intenso, o brilho no olhar. Fica conosco, Senhora, fica conosco, Senhor! 

   

161 - COISAS BOAS

161 - COISAS BOAS

Momentos de felicidade  são pequenas coisas que nos fazem bem, alimento para a alma. São porções do tesouro que é a vida. A felicidade é silenciosa, é degustada bem devagarinho, espiritualmente, massageando o eu interior.

Ontem, silenciosamente, vivi um momento desses, quando a Carol me disse que os três - pai, mãe e filha - ficaram juntos, um bom tempo, lendo Botões de Rosas. Gratificante saber que o que pensamos e registramos com todo carinho, pensando na posteridade, é visto por pessoas que nos querem bem. Poderiam estar lendo outras coisas, um bom livro, apreciando algum novo programa, mas ali estavam a ler o que resolvemos escrever. Obrigada, meus filhos! O que mais peço a Deus é que sejam felizes, que curtam muito a família, que conservem esse sentido de família, que tentamos passar, com alguns erros, às vezes - somos todos passíveis de erros - mas também com muitos e sólidos acertos.

Devo lhe dizer, Júnior, que você, como todos os seus irmãos, já nos deu muitas alegrias. Somos-lhe gratos, pelo seu esforço e boa vontade com relação a tudo que faz. Seu pai, com o maior orgulho, sempre comenta,  com todos os amigos, que, sem fazer cursinho,  você passou em três faculdades federais no vestibular de medicina e que, antes mesmo de terminar o ensino médio, havia passado em medicina veterinária, em Viçosa. Você poderia escolher fazer o curso em Montes Claros, Juiz de Fora ou Belo Horizonte. É bom que nossos netos saibam de todas as suas vitórias para que compreendam que o esforço compensa.

Meu filho, ser inteligente é dom de Deus; aproveitar bem a inteligência que nos foi dada, é mérito nosso, é escolha nossa. Escolher empregar para o bem, os dons que nos são dados, é a maior dádiva. Tanta gente direcionando-os para o mal.

Você que veio de uma gestação bem longa, que chegou ao mundo por meio de um parto normal bem difícil, que teve que fazer um esforço grande para ver a luz do dia, você, meu filho é um vencedor; sempre foi um grande vencedor. Que Deus continue abençoando seus passos, para que você saiba levar a bom termo todos os seus empreendimentos, especialmente no que diz respeito a seus filhos.

Na vida, adotamos valores que julgamos corretos e que nos fazem felizes. Por isto, confesso hoje, humildemente,  algumas coisas suas  que me fizeram um grande bem - e você talvez nem  tenha percebido. Na sua primeira comunhão na Catedral de Diamantina, chorei  copiosamente, com sentimentos antagônicos que me fizeram derramar quentes e sentidas lágrimas; sentimento bom de ver você tão compenetrado, recebendo pela primeira vez, Jesus na Eucaristia, após longo tempo de preparação, mas triste, porque seu pai, que tanto o ama, por preguiça, ali não estava. 

Um segundo momento, em Belo Horizonte, na sua formatura, quando vi você, um lindo rapaz, esplendoroso em sua alegria, com alguns colegas, na fila de comunhão. Como isto me fez feliz!

E um terceiro momento, talvez ainda mais marcante, ajoelhado frente ao altar, o padre me chama para ministrar a comunhão aos recém-casados. Fiquei surpresa, não esperava por isto, disse à sacristã que se eu soubesse, teria levado o meu jaleco e ela me respondeu: "Foi seu filho quem pediu para você dar a eles a comunhão."  Chorei!

Júnior, não tenho palavras para agradecer o carinho de vocês para comigo. Só posso pedir a Deus que os abençoe abundantemente e que vocês recebam de seus filhos cem vezes mais. Obrigada por tudo!