quinta-feira, 6 de abril de 2017

286 - DESCARTE

286  -  DESCARTE

Recentemente, uma amiga me pediu algumas fraldas, para uma netinha. Pensei: se eu der fraldas descartáveis, joga-se fora após o uso e não se tem mais. Comprei fraldas de pano, como sempre usei; só que procuramos em várias lojas uma calça plástica e não encontramos. Até hoje, estamos procurando - ela e eu! Porque, para usar fraldas de pano, precisamos colocar na criança uma calça plástica - talvez pouca gente hoje saiba disto... Mas foi assim que criei meus quatro filhos. Sempre que vou a uma loja, com a negativa, indicam outra – “talvez lá você ache” – e tem sido assim até agora.

Por isto, os lixões estão repletos! Porque é tudo descartável: fraldas, copos, pratos, bandejas, motivos de festas, balões coloridos... Enfeita-se lindamente o local: fica maravilhoso! E no dia seguinte? É só observar as lixeiras!...

E o pior de tudo isto, é que o ser humano também está se tornando descartável. Não há mais uma possível tolerância ou paciência bastante para se poder, no mínimo, tolerar as dificuldades do outro, os limites do irmão, principalmente no que diz respeito à convivência. Se não está satisfazendo àquilo que se espera dele, descarta-se! Meu Deus, a que ponto chegamos...

Por isto, eu os exorto, especialmente aos casais, que, cada um de nós, ao percebermos as “deficiências” do outro, pensemos nas nossas, que talvez sejam maiores e mais difíceis de se corrigir, de se erradicar. A Bíblia fala de “apontar o cisco no olho do outro, e não enxergar a trave que há nos próprios olhos”. Porque é preciso primeiro, ir cortando as nossas próprias arestas, enquanto ajudamos ao outro, sinalizando aquilo que ele talvez ainda não tenha enxergado em si mesmo e que dificulta o relacionamento.

Por que continuo batendo na mesma tecla com relação aos casais? Respondo com toda propriedade: trabalhei em diversas escolas durante quase meio século e pude observar, acompanhar e tentar ajudar a tantos filhos de pais separados e, na maioria das vezes, já em outro relacionamento, o que fazia dessas crianças, pessoas tristes, revoltadas, infelizes. Padrastos e madrastas, geralmente, não são as pessoas mais indicadas para cuidarem de nossos filhos. Um ou outro foge à regra, mas são exceções raríssimas, com certeza! É triste! Talvez tenha faltado mesmo um tiquinho de paciência e amor, para que a situação se revertesse. E é uma pena!!!

Peço a Deus, em minhas orações, que os casais considerem os sentimentos que os levaram a uma vida a dois, que não percam de vista os objetivos que traçaram, que amem profundamente a seus filhos e que curtam mesmo, com toda força, a felicidade de estarem juntos – até o fim!!! Para o bem de todos!


(Sete Lagoas, 06/04/17)

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