domingo, 6 de setembro de 2020

488 - A Troca

  488  -  A Troca

Penso nisto hoje, quando levanto, bem cedinho e não ouço o barulhinho tão gostoso da água da fonte. Vou direto à cozinha e trago um copo d'água. Mas  o barulho da queda não vem. Pego então, distraidamente, outro copo; e nada acontece! Só então percebi que ela precisava de uma escovada. Levei o motorzinho à pia e passei delicadamente uma escovinha nas ranhuras. Volto com ela e a água cai com força, em grande ruído. E precisei tirar quase um copo da água que eu havia colocado.

Toda fonte precisa de algo que a mantenha funcionando. Portanto, sempre é uma troca: é preciso dar para receber. Uma árvore nos fornece tanta coisa... Mas se lhe for negado o alimento de que ela necessita, como poderá continuar produzindo? Seja no reino animal ou vegetal, tudo é uma questão de troca. Sem troca, nada feito!

Antigamente, as pessoas trocavam aquilo que produziam: quem cultivava a mandioca, trocava com aquele que plantava o feijão. E nesse intercâmbio, iam suprindo as suas necessidades básicas. Depois inventaram a moeda de troca e dever-se-ia dizer que a coisa descomplicaria, mas não foi exatamente assim. Porque alguns mais gananciosos começaram a guardar muitas dessas moedas, que deveriam continuar circulando. E começaram a desvalorizar aquele que produzia para que todos pudessem comer. Foi assim então que o dinheiro - que ninguém come, nem veste e nem calça - começou a valer mais que os produtos do trabalho de tanta gente. E como "o saco da ambição, não enche nunca" os que retinham consigo o dinheiro, começaram a desejá-lo cada vez mais, ficando os ricos sempre mais ricos, e os pobres na labuta diária, oferecendo sua força de trabalho, àqueles que nada faziam, a não ser ajuntar tesouros.

E é por isto que hoje é tão gritante a distância entre os donos do capital e os que estão a seu serviço. Não é fácil entender esta dinâmica se, no final desta vida, nada se leva daqui, ficando para outros, tudo aquilo que foi armazenado, muitas vezes, covardemente, ou, ainda pior: ilicitamente. 

Construir uma vida confortável para si e sua família, com seu trabalho, é direito de todos. Mas aproveitar-se do suor alheio, que vai minando continuamente,  sua energia produtiva, por excesso de esforço, é profundamente injusto. São Paulo Apóstolo escreve a seus discípulos: "Quem não quer trabalhar, também não deve comer!" Seria muito bom, o homem pensar seriamente nisto!

(Celina  -  06/09/2020)

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