domingo, 6 de setembro de 2020

487 - A Lagoa Paulino

 487  -  A Lagoa Paulino

(Esta crônica foi escrita em 10/10/97)

Paro. Hoje faço uma coisa diferente: assento-me neste banco - e observo... Eu nunca havia feito isto, sabia? Hoje quero fazê-lo; e faço-o agora! Como é lindo tudo isto! Estas sombras, estes pássaros, estas árvores, palmeiras enormes...

Palmeiras! Esta joga suas folhas para baixo, imensos braços a nos envolverem num gigantesco  abraço. Aquela, imponente, lança-os para o alto, num louvor ao Criador, agradecendo certamente, por tê-la feito assim, esbelta, tão majestosa! 

Levanto-me. Preciso caminhar. Preciso sentir cada sombra, cada farfalhar, cada verde plantado em volta desta lagoa! Uma pombinha branca caminha à minha frente; passinhos miúdos, olha para a direita, olha para a esquerda, olha para o chão... Caminha devagar, movendo com graça o seu bonito corpinho. E não teme a mim. Não voa quando passo por ela, não se assusta, não se exalta... Cumprimenta-me apenas com o olhar -  e continua, graciosa e feliz. Divinamente bela!

Continuo devagar também. Hoje, pela primeira vez, não quero ter pressa. Uma colega minha diz  que tem por hábito, amassar coquinhos com o calcanhar, procurando-os pelo chão. É gostoso mesmo, sabia? Dá um estalinho bom! Experimente!... Porém hoje parece que todos os coquinhos já foram amassados. Creio que ela já deve ter passado por aqui. Não acho coquinhos para eu amassar; uma pena!

Mas veja! Que tapete dourado a natureza preparou aqui, para que pudéssemos passar felizes, em grande estilo! Maravilhosas estas árvores, cobertas de ouro, que nos presenteiam com esta beleza. Continuo a caminhar. É bonito demais tudo isto! 

Por que será que a gente olha e nem sempre vê, a gente ouve e nem sempre escuta, de verdade? Tanta coisa bonita e a gente nem percebe. Passo por aqui todos os dias. Mas passo correndo, indo para o trabalho; meio dia, sol a pino, um calor incrível! Caminho rápido, apenas me detendo um pouco nas sombras; é gostoso apertar o passo, quase correr, para chegar à sombra seguinte, sentindo no corpo aquele ventinho bom...

Mas hoje não quero correr. E prometo que de hoje em diante, vou ficar mais atenta, deliciando cada palmo deste magnífico chão. 

Estão recuperando a lagoa. Esvaziaram-na. E estão limpando tudo. Dizem que o projeto é arrojado, e que vai ficar tudo muito lindo! Observo: vejo uma vasilhinha de plástico rosa, de um rosa que seria maravilhoso se não estivesse ali, sujando a lagoa; mais adiante, uma colherzinha vermelha, também de plástico; e lá adiante, uma latinha amassada; e copos, e pedaços de papel por todo lado; uma lata de óleo, uma garrafa quebrada, uma caixa de papelão e até um velho pneu de bicicleta...

Estão tirando toda a sujeira...  E depois de tudo concluído, será que vão sujar de novo? Por favor, não façam assim, caros cidadãos! É tão lindo, tudo isto! E há tantas lixeiras em volta da lagoa... Vamos procurar preservar tudo aquilo que a natureza nos deu de sobra! Toda a população agradece, com certeza! É bom para você; é bom para todos! Colaboremos!

(Celina  -  05/09/2020)

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