495 - O Sacramento do Matrimônio
Pensando em Sacramentos, me vem ao coração, uma certa tristeza, porque muita gente hoje nem deve saber quais são os sete sacramentos. Você sabe? E os mandamentos da Lei de Deus, os da Igreja... Que pena que as coisas vão se perdendo ao longo dos anos...
Uma grande pena, porque, quando, por ocasião de um evento desses, as pessoas se reúnem, há tanta alegria, tantas festas, tanto reencontro... E depois, quando o período de euforia fica para trás, já nem se lembram mais, pouca coisa fica do que foi dito, das reflexões feitas, principalmente pelo sacerdote, que ministrou o sacramento, naquele momento. Realmente, uma grande perda, esse esquecimento!
Analisemos o Sacramento do Matrimônio: quanta preparação, quanto entusiasmo, desde os primeiros passos! E quanta história pra contar! Quantos encontros e desencontros, desde o primeiro olhar, as primeiras palavras de carinho, momentos inesquecíveis de grande emoção... Deveríamos sempre, estar pensando nas coisas que nos aconteceram desde o primeiro instante!
E a história é feita por cada um de nós. O caminho se faz ao caminhar, não é mesmo? No meu caso, foi assim: ele foi transferido para trabalhar no Banco Real, na minha cidade e eu já havia terminado o Curso de Magistério e lecionava no Ginásio pela manhã e à noite; e ainda, no Curso Primário à tarde. Sempre estudando muito e dando aulas particulares até nos finais de semana, não me sobrava muito tempo para outras coisas. E foi assim que nos encontramos, solteiríssimos, e na condição de um namoro sério.
Porém, não foi tão simples assim. A princípio, a gente poderia pensar que estava tudo certinho: ele já tinha vinte e cinco anos, estava trabalhando, eu já com dezenove, também com uma profissão, teria tudo pra dar certo! Quem disse que as coisas são assim, fáceis? Por isto que é bom a gente nada saber, antecipadamente, sobre o que vai acontecer. Nem poderia nunca imaginar, desde aquele primeiro encontro, quantas lágrimas eu teria que derramar, antes de conseguir o que queria! Muitas lágrimas!!!
Quando passei para dar aulas no Ginásio, ele estava na porta de um bar, com um colega de trabalho, que era, naquela época, meu aluno. Ele olhou pra mim, e ao olhar para cumprimentar meu aluno, eu o vi e achei-o lindo. Procurou saber quem eu era e obteve, de imediato, a resposta. Isto foi no sábado, pela manhã.
Na terça-feira, à tardinha, eu estava indo com uma de minhas irmãs, à casa de uma amiga para ver o programa "RC 68", porque na época, não tínhamos ainda televisão em casa. Ele me viu e perguntou onde estava indo. E arriscou: "Vai ver Roberto Carlos, não. Fica comigo!"
E eu disse a ela que fosse e fiquei ali, no jardim, conversando com ele. Encontramo-nos umas poucas vezes, começando a nos conhecer. Mas, chegou a Semana Santa e ele disse que ia à sua casa, em Diamantina. Eu não queria que ele fosse. Então, o encardido, como diz o saudoso Padre Leo, colocou na minha cabeça que ele deveria ter uma namorada lá e eu lhe disse isto. Afirmou com todas as letras que não; e que iria apenas ver sua família. E, decidido como é, ao ver que eu fiquei brava com a situação, a sentença veio logo: "Eu vou de qualquer maneira! Só quero a sua resposta: Sendo, ou não sendo seu namorado!" Na dúvida, pensando que poderia ter uma outra lá esperando por ele, respondi: "Não sendo!" Ele virou as costas e foi embora!
E foi só aquele feriado prolongado. Voltou e comecei a querer de novo que voltássemos ao namoro. E ele, irredutível! Então, um outro colega de trabalho dele, que também era meu aluno, todos os dias, olhava pra mim, ria e dizia: "Waldívio mandou um abraço pra você!" Eu ganhava o dia, com aquelas palavras dele, e mandava um abraço também.
Até que retomamos o namoro, mas depois ele perdeu o emprego, teve que ir embora da nossa cidade, comunicação difícil naquela época, e por diversas questões, minha família não queria de forma alguma, o meu namoro com ele... Sabendo disto, a dele também não queria... E foi um sufoco! Uma tortura! Meses de muito choro, incompreensões, e ataques, até que, graças a Deus e a um velho amigo, ele conseguiu voltar para o Banco, ali, na minha cidade de Teixeiras. Juntos, ficou mais fácil, enfrentar tantos contratempos e chegamos ao matrimônio, sem festas, poucos parentes e amigos, mas testemunhas fiéis que nos viram trocar de dedo as alianças, cuja história, daria um livro!
E estamos aqui hoje, graças a Deus, quatro anos de namoro e noivado e quarenta e oito de casados. Muitas alegrias, algumas preocupações e tristezas, tudo bem! Contarei mais algumas coisas, voltando ao assunto nas próximas crônicas, para fechar este último livro da minha coleção "Botões de Rosas" - um precioso filho, de uma grande e demorada gestação!
(Celina - 25/09/2020)
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