133 - É O FIM!
Fui à Biblioteca Municipal para entregar Pollyanna, querendo muito trazer uma obra de Rubem Alves. Chamou-me a atenção um livro seu intitulado: " Perguntaram-me se acredito em Deus". Qual não foi minha surpresa, ao verificar que o autor, utilizando um personagem a que denominou Mestre Benjamin, seleciona poemas e passagens das Escrituras Sagradas, para deixar seu pensamento a respeito do assunto.
Mestre Benjamin, em sua tenda, recebe um público curioso que, com simplicidade, vai colocando suas dúvidas para as explicações do lendário mestre. Num linguajar poético que lhe é peculiar, o grande Rubem Alves faz desfilar ante nossos olhos, personagens bíblicos do Antigo e do Novo Testamento. E ali, crianças, jovens e adultos, que residem em imaginárias tendas, ao lado do Mestre Benjamin, vão tendo suas dúvidas esclarecidas pelas sábias palavras do Mestre.
E, de repente, vem a nossa curiosidade: "Como vai terminar tudo isto? Quem fala da criação do mundo, do dilúvio, das parábolas de Jesus, como será que consegue terminar seu pensar a respeito do que propõe?"
Como são poucas crônicas e de fácil leitura, rapidamente a gente tem a resposta.
E assim ele termina a obra: após apresentar com entusiasmo o belíssimo poema de primeira Coríntios, treze, cantado por tanta gente, Mestre Benjamin, feliz e cansado com sua longa vida, sorriu, tomou a taça de vinho vermelho e disse: "Bebamos juntos! Como a vida é boa! Eu gostaria de viver mil anos"... Ditas essas palavras, ele fechou os olhos, começou a cantarolar baixinho uma cantiga que sua mãe lhe cantava para dormir. Sua mão se abriu, a taça de cristal caiu e se quebrou numa infinidade de cacos... Enterraram Mestre Benjamin no alto de uma colina...
Última frase do livro - o epitáfio de sua sepultura: "Ele teve um caso de amor com a vida".
É o fim! Lá se foi o Senhor das Estórias! Nas brumas e espumas, citadas por ele, na última crônica... Por favor, feche o livro!