domingo, 27 de dezembro de 2015

200 - PASSO A PASSO




200 - PASSO A PASSO...

Oi, Rafael! Todos na expectativa, uma ansiedade enorme! Nove meses, um período de espera, pode até  não parecer muito tempo,  mas quando chegam os últimos dias... Esses demoram!...

Saí da capela hoje, o vovô a e a vovó já lá estavam com a mamãe. Eles ficaram; eu precisava ir. Voltei daí a pouco, mas ainda não pude vê-lo, a não ser pelas fotos que já rolavam na internet. 

Voltei mais tarde com o vovô Waldívio; já estavam todos lá, babando! Como você chegou lindo, três quilos e trezentos e trinta gramas! Hoje é dia vinte e sete de dezembro de dois mil e quinze e esta é a crônica número duzentos!

Quando sua mãe, ao ler os textos dedicados aos netos (121 a 126), pediu-me que escrevesse um para o novo neto (crônica nº 140), prometi a ela que o terceiro volume chegaria junto com você. Aqui está! Com mais de sessenta postagens. Mas isto não teria valor algum, não fossem os seguidores fiéis, como sua mãe e seu avô que sempre me incentivam! A eles, e aos outros, agradeço de coração!

Passo a passo, chegamos a este total; vou mandar encadernar, com sua foto na capa, conforme prometido. Graças a Deus, tudo correu bem. E hoje, precisamente hoje, lá na igreja, o padre falou muito sobre o útero materno que foi o local escolhido por Deus para a gestação das suas criaturas. 

Agora, você necessita de cuidados; muitos cuidados! Passo a passo, vai percorrendo as estradas da vida, com seus pais, sua irmã e todos que o cercam. Depois chegará o momento de suas escolhas e daí pra frente, é por sua conta!  E a vida continua! É assim! Que Deus o cubra de bênçãos, que tenha muita saúde e que seja sempre um bom cidadão, prestativo, generoso, estudioso, trabalhador, um construtor da paz.

Que bom! Estamos todos muito felizes! Você acaba de chegar! Louvado seja Deus!!! E despedindo-me, aqui encerro o volume três. Encadernado, será entregue a vocês no dia luminoso, em que você receberá o sacramento do Batismo. Obrigada!


199 - COMO AS ORQUÍDEAS

199 - COMO AS ORQUÍDEAS

Quanta diversidade, os orquidófilos que o digam! Observemos as folhas: são largas, estreitas, diversos tons de verde, diferentes formas.  E as flores?... Tão diferentes entre si: algumas enormes, outras minúsculas! E de um colorido singular! Umas têm perfume, outras, não!

Assim são as pessoas que povoam o nosso planeta. Podem até se parecer um pouco, mas sempre algum detalhe as diferencia. Sim, há diferenças no físico, no psíquico, no espiritual... Porém, o que não se poderia aceitar num ser humano é a falta de caráter. 

Li hoje um texto muito bonito no informativo da AMAIBEN (Associação dos Amigos de Irmã Benigna) que lembra os rumos que a sociedade brasileira está tomando, "abalada por uma incontrolável onda de violência que mantém a todos em clima de desassossego e medo..." - na verdade, falta de Deus, conclui! O próprio texto é intitulado "Sem Deus".

Façamos uma fervorosa oração para os pais, pedindo ajuda à Trindade Santa  na educação de seus filhos pequenos, para que cresçam "em sabedoria, idade e graça, diante de Deus e dos homens..." como Jesus.

E quando a gente ouvir bobagens - como eu ouvi hoje de uma pessoa e que jamais falarei a quem quer que seja, - a gente simplesmente e com toda fé possa dizer como Ele disse na Cruz: "Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem!"

Ó Pai do Céu, que sejamos pessoas diferentes, cada uma com a sua impressão digital, mas  conscientes de sermos filhos do Deus Altíssimo, o Criador do Universo! Diferentes por fora, mas iguais, na essência, porque filhos do mesmo Deus!

sábado, 26 de dezembro de 2015

198 - LINGUAGEM MATEMÁTICA

198 - LINGUAGEM MATEMÁTICA

Um, dois, três... é assim que começa! Lindíssimo aprendizado é a linguagem matemática! Gosto de observar o relacionamento das crianças com a contagem: é impressionante! Contam os dedinhos, os degraus da escada, os carrinhos, os carros grandes pelas ruas, os peixinhos nadando ali no aquário -  e até no laguinho!

O  Lukinha desce todos os dias comigo, contando os carros de auto escola. Outro dia ao virar a esquina, contava, contava... Perguntei: O que você está contando, Lucas?... Continuou contando - e respondeu exatamente quantas vezes estava escrito SESC nos muros da esquina!

É assim! Contamos os nove meses, dia após dia - e contamos depois os anos de vida - as décadas - e há pessoas, como meu sogro, que vão além de um século!

A contagem nos leva aos problemas concretos; estes, aos abstratos e hipotéticos - até que a gente descubra que viver é solucionar problemas, dos mais diversos matizes, problemas que são escolhas, problemas que são vida.

E imprimindo este pequeno texto numa folha especial, vejamos se você é capaz de contar as joaninhas que circulam apressadas entre as folhas verdes, perdidas no papel! É um desafio! Uma dica: por que não usar o mesmo método primitivo do pastor e suas pedrinhas, contando ovelhas?!...

196 - COMPROMISSO

196 - COMPROMISSO
(Carta aberta aos irmãos)

Sei que vocês queriam que eu fosse, gente; eu também o queria muito; mas não deu, fazer o quê, não é?... Quando me levantei hoje, bem cedinho, fiquei pensando em vocês aí: quem poderia estar acordado àquela hora?... Se eu estivesse aí, já ia sair correndo pelos campos, observando fauna e flora e, certamente, iria à mangueira a ver se encontrava alguma fruta madura pelo chão. Seria ótimo! Um programão!

Como me levantei hoje no mesmo lugar de sempre, fui à missa, pedi ao sacerdote que benzesse uma imagem linda que a Gabi ganhou, rezamos o Glória alegremente, porque estamos na oitava de Natal; rezamos o Creio e o Santo. Após a comunhão, um pouco de adoração ao Santíssimo; rezamos o terço - o mesmo grupo de sempre - e fui comprar o milho que o Waldívio pediu ontem. Passei lá na casa da Ina, para colocar comida pra Luna e os peixinhos. Já lavei um pouco de roupa e... daqui a pouco, vou mexer com o almoço. Tudo isto e muito mais, pensando em cada um de vocês. É como se eu estivesse aí com todos...

O Walcely queria ir e me chamou com insistência; mas como eu deixo o pai dele aqui sozinho?... Ele não quis ir, o que eu posso fazer?... Imaginem ontem, o dia do Natal do Senhor, ele ficar aqui o dia todo, sentado ou deitado, sem ter com quem falar, sem ter com quem contar... Não, me perdoem, não tive coragem! Pensei muito no Sacramento do Matrimônio: "na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, em todos os momentos da vida". Assumimos um dia, este compromisso!... Na eventualidade de doenças ou morte, tudo bem,  mas para o lazer?... Um lazer que seria excelente, junto com ele, como foi de outras vezes. Expliquei isto pra Ana Cláudia ontem; creio que ela, recém-casada, entendeu direitinho!

Além do mais, a Letícia vem para a nossa casa hoje porque o Rafael chega amanhã, bem cedinho, se Deus quiser!  E certamente, devo levá-la para vê-lo, assim que for liberado. 

Faço votos de que se divirtam muito, muito mesmo! Que seja, este encontro de hoje, ainda melhor que os anteriores. Aguado fotos e relatos. Deus os abençoe a todos!
                        Celina - com saudades!
(Sete Lagoas, 26 de dezembro de 2015)

197 - COMO É BOM SABER LER!

197 - COMO É BOM SABER LER!

Oi, Rafael, você chega amanhã, não é maravilhoso? Seja muito bem-vindo, Deus abençoe sua chegada! Há muito estamos ansiosos para vê-lo; e isto se dará agora; é obra divina realmente, a criação de todas as criaturas. Só mesmo um Deus-Criador de extrema sabedoria para proporcionar ao ser vivo, a capacidade de se reproduzir.

O mundo é surpreendente, cheio de maravilhas, Rafael. Você vai ver! Muitas coisas boas e simples você vai vivenciar; entre elas está o saber ler; saber enxergar letras, numerais e símbolos diversos, que foram registrados por alguém para que sejam lidos, compreendidos, compartilhados, ensinados a outros que ainda não os dominam. Isto é  fantástico, muito mais do que se pode imaginar!

Certa vez, surpreendi uma pessoa idosa, à frente de um pequeno cartaz pregado na porta da igreja matriz de minha terra; ela ia ajuntando as letras, formando sílabas com grande dificuldade, até conseguir -  palavra por palavra -  detectar as poucas frases que ali haviam sido registradas. Estava tão absorta em sua atividade que nem me viu chegar. Fiquei um pouco distante, observando e acompanhando a soletração. Ela falava alto, exageradamente alto, como se estivesse numa sala de aula, com muitos colegas, lendo aquela mensagem com toda a turma. Você um dia vai entender o que estou dizendo. Pensei: Deve estar frequentando o MOBRAL - Movimento Brasileiro de Alfabetização - um programa do Governo Federal que, na época, tentava erradicar o analfabetismo no país. Ela, a velhinha, ainda não dominava o processo, mas estava tão empolgada que certamente o faria em pouco tempo.

Mas fiquei com pena dela. Porque crianças tão pequenas já estão lendo. Vejo o Arthur com seis anos: como lê direitinho, com pontuação, segurança e compreensão.

Aquela senhora de muitos anos, apresentava um estágio de letramento como o nosso Lukinha, de cinco! Mas o entusiasmo dela era bem maior, porque fora-lhe dada uma oportunidade, à qual ela se agarrara com toda força. Certamente, tal privilégio não lhe fora oferecido enquanto criança. Mas compreendia que nunca é tarde para aprender, para conhecer, para amar! E ela estava disposta a sacrificar suas sonolentas noites, numa sala de aula. 

Relato esse pequeno incidente, ocorrido há algumas décadas, para lhe mostrar uma das maravilhas da vida neste mundo que o recebe agora. Você tem muito o que aprender, cada coisa a seu tempo. E você vai sentir que viver é bom demais e que a gente pode ser feliz se conseguir se maravilhar com pequenas coisas. Venha! Deus o abençoe!

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

195 - "ENTÃO É NATAL..."

195 - "ENTÃO  É NATAL..."

Chegou o grande dia: é Natal! Toda a natureza se veste de magia; um clima gostoso, um  misticismo no ar, uma lua brilhante no céu, tão diferente, como a Estrela longínqua de Belém;  uma visão beatífica, aliada a comentários significativos, fazendo com que este seja, de certa forma, um tempo realmente magnífico!

E as ruas se enchem de vozes; e as casas também! Há alegria no ar. Há sorrisos, abraços, troca de presentes: "Feliz Natal!"

Um desejo que vai pela noite a dentro e perdura ainda, durante todo o dia... Vozes grossas e finas, infantis e adultas: Feliz Natal!...  Feliz Natal!... Feliz Natal!

É o Deus-Menino, que da manjedoura, inocentemente nos contempla, e certamente nos abençoa, com seus olhinhos brilhantes de misericórdia, seu coração gigante de compreensão, de sabedoria maior, de visão do eterno...

É Natal! Os Anjos anunciam. Os sinos badalam! Deixemo-nos embalar pelo carinho suave de horas sonolentas que se vão... Dorme-se pouco, cochila-se muito, faz-se diferente... Porque é Natal!!!


sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

194 - COROA DO ADVENTO

194 - COROA DO ADVENTO

Pronto! Vou perguntar: "O que é a Coroa do Advento?" Você!...  Sabe responder?... Hoje é muito fácil  discorrer sobre qualquer assunto, desde que seja permitido um tempinho para buscar na internet. Mas assim, de improviso, você saberia responder?...

Pois é! Um bom católico sabe. Aquele que acompanha a liturgia, que tem o hábito de ir à missa, de ler a Bíblia, de sintonizar canais católicos, está ouvindo falar muito disto e é com grande alegria que procura viver este tempo de esperança que precede o Natal do Senhor.  

É aí que mora a nossa preocupação, porque ninguém ama o que não conhece. É preciso levar as crianças à igreja, para conhecerem Jesus, a sua bondade, sua alegre convivência, sua solidariedade, seu jeito de ser. Ninguém ama o que não conhece, repito! Como as nossas crianças vão amar Jesus, se não ouvirem falar dele?

Estamos vivendo um tempo tão rico na igreja. Vamos levar nossas crianças pra vivenciarem isto. Se não o fizermos, tiramos delas a oportunidade da alegria do verdadeiro Natal, Natal do nascimento de Jesus! Aí, o Natal se resume à futilidade de Papai Noel, a dias de euforia passageira, a momentos de folga da família, viagens ou visitas em casa, mas vai ficar só nisto, o que é uma pena!  Nossos filhos merecem mais!

Pais, levem seus filhos pra igreja! Deem a eles a alegria de conhecerem  a Sagrada Família, para que vejam na sua família, um valor maior, um amor mais profundo e  um sentido verdadeiro para a sua própria vida.

É uma maldade negar a nossas crianças o conhecimento de uma vida em Deus! Vamos refletir: não é bom deixá-las sem Deus, pois esse espaço vazio poderá ser preenchido pelos inimigos de Deus e do ser humano. Pensemos nisto.

domingo, 6 de dezembro de 2015

193 - NO CORAÇÃO DE JESUS!

193 - NO CORAÇÃO DE JESUS!

Desci a pé hoje para o Santuário, porque o Wálmisson havia saído com o nosso carro. Depois da missa, algumas mulheres rezam o terço e, quando posso, fico lá com elas. É muito gratificante perceber que vários casais, ou famílias inteiras, grupos variados, também fazem após a missa, um momento de adoração. 

Hoje, ao colocar as intenções, pedi pelos filhos, netos, pelo  Waldívio que esta noite -  com umas cachacinhas a mais - estava todo choroso, lembrando do pai. Levei um susto, quando uma delas disse: "Uai, eu sempre pensei que você era solteirona!" _ Que isto? Tenho quarenta e três anos de casada, quatro filhos e o sétimo neto está a caminho!... Todas acharam graça, na observação dela, e continuamos nossa oração.

Voltando pra casa, a pé, numa caminhada de vinte e poucos minutos, vim pensando, com meus botões: Ela tem razão de pensar assim. Sempre chego lá sozinha, participo da missa, rezo, volto pra casa sozinha...

Quando os filhos eram pequenos, eles iam comigo. Em Teixeiras, Lagoa Santa, Vespasiano, Três Marias e  Diamantina, ninguém ia pensar que eu era solteirona! Sempre com os filhos! Em Curvelo, nem sei! Aqui, na Paróquia Sant'Ana e na Igreja  Santo Expedito, eu antes  levava a Júlia e depois, outros netos. Mas lá no Santuário, realmente, nunca levei ninguém! Ah, não! Levei a Lelê lá, num domingo! E quando a missa terminou e ela ficou esperando o pãozinho... não havia pãozinho!  Aí expliquei pra ela, que o pãozinho era lá na Sant'Ana e que a missa de lá estava começando. Fomos pra lá, acredita? Ela, a Neuza, minha amiga e eu. Há poucos dias, a Neuza lembrava deste fato, admirando como ela é quietinha. Como ficou bem, participando de duas celebrações, com a maior paciência! Viva o pãozinho das crianças! 

Lá na Igreja do Divino também, o padre entrega o pãozinho. Mas é ele mesmo quem gosta de entregar; põe as crianças de joelhos, à frente do altar,  reza com elas, agradecem - e só depois - é que saboreiam o pão que precede a Eucaristia, a qual receberão mais tarde, quando estiverem preparadas. 

Lembrando essas coisas todas, voltando hoje da igreja, lembrei-me de minha cunhada, que me ligou na semana passada. Conversamos um tempão, e chegamos à conclusão de que o meu sogro, recebeu mais de sete missas de sétimo dia, que bom!  Duas aqui em Sete Lagoas, três em Belo Horizonte, uma em Baldim, em Diamantina, não sabemos quantas e uma lá na Igreja de Nossa Senhora do Desterro, em Porto de Galinhas!

Fiquei pensativa: se as minhas irmãs falecerem antes de mim, acho que não terei quem rezará pela minha alma, quando eu me for!... A não ser que os pais resolvam levar os filhos para a igreja e ensiná-los a rezar... Porque, afinal, catequese começa na família!

Pensamentos confusos e sombrios assim, prefiro colocar, com confiança, no Coração de Jesus... 

sábado, 5 de dezembro de 2015

192 - CANEQUINHA AMARELA

192 - CANEQUINHA AMARELA

Há algum tempo estou aqui sorrindo, pois há coisas que nos fazem sorrir assim, como bobos, só ao lembrar o fato. Decidi me levantar e contar pra você, mesmo porque, uma coisa que não tolero é ficar acordada na cama. Aconteceu aqui em casa:

"Era já quase noite, eu na cozinha, lavando algumas vasilhas, enquanto todos, na varanda, conversavam animadamente, saboreando um churrasquinho.  Os meninos brincavam de forma bastante barulhenta, bem embaixo da minha janela.   E falavam todos ao mesmo tempo: _ É falta; eu vou bater. _ Isto nem é falta, é normal. _ É falta, sim! De repente, um grito mais forte: _ GOOOOOLLLLLL! _ Não, não foi! Passou fora da marca! (A marca, certamente, devia ser algum chinelo, sandália  ou um tênis preguiçoso, encostado no canto). Aí, vem o choro...

Pensei na hora: O vovô toma todas as bolas que aparecem por aqui; briga com eles porque 'vão estragar minhas orquídeas - vão quebrar as plantas -  parem com esta bola - vão jogar na casa de vocês - aqui, não -  por que não pedem a seus pais para levarem vocês pro clube?...'  Então, com quê, estão jogando?...

Fui ver: incrível! Há bem mais de uma hora os meninos brincavam, numa algazarra boa, num futebol animado, com direito a dribles ousados, faltas e tudo,  chutando - imagine! - uma canequinha amarela! 

Em outro canto do quintal, Lelê brincava: vasilhas cheias de folhas, de acerolas, encontradas pelo chão, pedaços de biscoitos... sozinha... quietinha... Nem deu pela falta da canequinha amarela! E como os adultos presentes, também não ouvia a algazarra dos meninos, os gritos de gol, as reclamações, o choro constante do Sávio...

Deixei ficar: uma canequinha velha... 'deixa quieto!' Se ninguém deu pela coisa, a mim, não incomodavam. Quero ver, pensei, até onde vai isto!...

Mas, não foi muito longe mais não! Um grito mais alto, um choro mais forte, e a voz autoritária do vovô: _ Celina, olha esses meninos com essa bola! _ Que bola? Eles não têm bola!

Aí, os pais se levantaram - até que enfim! - e foram colocar ordem na meninada, brigando por um futebol diferente que estava acontecendo há um tempão... Como demoraram a perceber!"

É... Acho que foi positiva a brincadeira: entretiveram-se por um longo tempo, deixaram os adultos em paz um pouco, e exercitaram. Quem sabe, são essas partidas loucas de futebol, essas peladinhas,  que fazem com que os meninos gostem tanto de uma bola?...

E, como relatado na crônica anterior, eles estão mesmo levando a sério esse esporte que é uma das maiores alegrias da criançada, não é Arthur, artilheiro do campeonato do Náutico? Não é, Sávio e Lucas, que participarão no próximo ano?!

Bem, está amanhecendo. Vejo os primeiros albores da aurora. No quintal, um frango ensaia timidamente o canto de um galo vigoroso que pretende ser. Vou ligar a TV Aparecida e rezar o terço com o Padre Antônio Maria. Até a próxima!!!

domingo, 29 de novembro de 2015

191 - Carta aberta para o ARTHUR

191 - CARTA ABERTA PARA O ARTHUR

Que festa linda, hein, Arthur! Que alegria você e o Clube Náutico de Sete Lagoas nos proporcionaram! Ver sua família, colegas e amigos presentes, naquela euforia, uma torcida forte, gritaria, fotos, troféu, nossa! - foi bom demais! Não poderíamos nunca imaginar, em nossas idas ao Clube toda semana, que seria assim, tão legal no fim!

Mas já pensou na sua responsabilidade agora? Já conseguiu interiorizar que você foi o artilheiro do campeonato e precisa fazer de tudo para conservar esta imagem de bom jogador?!... Ou a ficha não caiu ainda?

Desde o primeiro jogo, naquela sequência incrível de gols, que a torcida, entusiasmada, grita seu nome, esperando que você continue sendo a "salvação da pátria!" E você, traz pra casa agora, "a Chuteira de ouro!" pelos doze gols, contabilizados no site do Clube, mas, na sua contagem, são treze; lembra aquele que você fez e saiu vibrando, mas não foi computado pra você? O vovô afirma, com todas as letras, que foi seu; na verdade, você saiu vibrando - e o colega, não.  Mas, tudo bem: você tem doze gols e o segundo lugar apenas oito. Continue assim! 

E ontem, no final da festa, um dos treinadores, ao parabenizá-lo, disse: Mas, em primeiro lugar, os estudos! Lembra? Pois é! Alegra-nos também - e muito! - saber que você está bem na escola, que completou o ano com nota A! Parabéns! O futebol é o seu momento de lazer, melhora a condição física, trabalha a disciplina, é bom demais. Mas é o estudo que vai encaminhar você para a vida profissional. E por falar em disciplina, seja sempre muito disciplinado, em tudo aquilo que for fazer. Não se deixe levar nunca por impulsos negativos.

Disse ao Sávio, na carta dedicada a ele, que só escreveria a sua quando terminasse o campeonato, pois eu tinha certeza de que você teria uma brilhante atuação. E acho que foi acima das expectativas. Guarde bem seu troféu: pode ser o primeiro de muitos, se você continuar se esforçando; depende só de você. 

Também depende só de você, continuar brilhando na escola, na família, na igreja e na sociedade, pois o nosso campo de atuação pode ser enorme, basta querer, não se entregar à preguiça, procurar fazer sempre o melhor possível. Vale a pena! Digo com toda força de minha alma: vale a pena! Não vamos nos acomodar; nunca! Com a força que nos foi dada por Deus, continuemos na luta, uma luta boa, que faz de nós pessoas melhores a cada dia.

Quero fechar esta, lembrando a você uma coisa muito importante: Tudo na vida é um aprendizado, Arthur. Precisamos estar atentos e seguir as ordens daqueles que  têm algo a nos ensinar. Vou contar pra você um pequeno fato (Pra você, seus primos e todos os que vierem a tomar conhecimento, já que esta  é uma carta aberta.): Em comemoração ao Dia das Crianças, quando morávamos em Três Marias, inventaram um futebol dos professores. Eu, que nunca tinha chutado uma bola, no sorteio, saí no time de uma professora de Educação Física. Num dado momento, a bola sobrou pra ela, saiu correndo em direção ao gol e eu, boboca, correndo atrás dela; conhecedora da situação, falou rápido: Corre pro gol, Celina! Corri, sem saber o que fazer, fiquei perto do goleiro; ela driblou, passou a bola pra mim e, instintivamente, com o calcanhar, empurrei a pelota pra dentro! 

Foi uma festa! Meus alunos, de segundo ano, gritavam, pulavam, festejavam... Foram poucos minutos de jogo, mas saí do campo, com o coração aos pulos, vermelha, muito cansada, parecia que ia desmaiar! Porém valeu a pena! Porque ouvi a professora; ela sabia pra ensinar! Foi apenas uma brincadeira, para divertir os alunos (não sei se o Júnior se lembra disto), mas fiquei com a fama da vitória do nosso time, pode?!...

Por que estou contando isto? Para que você se lembre sempre de duas coisas muito importantes: obediência e disciplina. Procure ser obediente e disciplinado - e você vai ser sempre um VENCEDOR! Porque você tem carisma, Arthur! Basta considerar o apreço que seus primos têm por você.

Um abraço carinhoso da vovó e do vovô.
                                                              Sete Lagoas, 29/11/2015

 *******

(P.S.: No ano seguinte, estávamos em Diamantina e propuseram fazer o mesmo, nas comemorações da Semana das Crianças: um jogo dos professores para divertir a meninada. Coincidentemente, eu estava novamente com uma turminha de segundo ano. Mas a diretora disse que concordava com a ideia, desde que  a partida terminasse empatada; para evitar discussões entre os alunos. Sabe o que aconteceu?... Ninguém quis mais! Jogar,  sabendo que tinha que empatar?... O interessante é, numa competição, você dar tudo o que tem, fazer o melhor possível, e não, forjar  um resultado, previamente combinado. E aí, não tivemos o futebol em Diamantina, na Escola Estadual Prof. Júlia Kubitschek!)

sábado, 28 de novembro de 2015

190 - RESSUSCITE EM CADA QUEDA...

190 - RESSUSCITE EM CADA QUEDA...

Éramos noivos... Mês de Maio de mil novecentos e setenta e dois. A cidade em polvorosa! Esperávamos a chegada da Imagem de nossa Senhora de Fátima, trazida pelos missionários. Seria uma semana de muita movimentação na cidade. 

Realmente, as missões corresponderam à nossa expectativa. A imagem lindíssima,  as pombas brancas que a acompanhavam - e que sobrevoavam a multidão, vindo pousar depois na mesma imagem,  a euforia dos missionários, sinos que badalavam, músicas alegres que tocavam o coração... 

No dia da valorização do matrimônio, foram escolhidos alguns casais. Nós, o Waldívio e eu, representamos os noivos. Foi-nos dado um papelzinho - simples - que deveríamos ler, no nosso momento, lá no presbitério, após a reflexão dos namorados (Será que ele se lembra disto?...).

Guardo-o comigo até hoje. E aqui transcrevo seus dizeres: "COLOCANDO A ALIANÇA:  Põe a aliança no meu dedo. Não só a aliança, mas a palavra e o coração. E a vida - e os círculos dos anos - o círculo dos dias - o círculo das horas - e o pranto e as alegrias. Se a aliança se for, ficará o dedo que acusa - e no dedo, o vestígio. Tua aliança é pesada pois é o mundo que pões no meu dedo - o amor fará leve o fardo.  Não só o nosso amor, mas também o amor daquele que é o próprio amor, em cujo amor nos uniremos. Senhor, dai-nos força para que  o amor ressuscite em cada queda..."

Como proclamei com fé! Não falava com palavras apenas, falava com o coração. Perdi o sono hoje e fiquei relembrando - e só esperava amanhecer para contar isto pra você. Como falam fundo em nossa alma, as coisas de Deus! Aqueles cinco missionários talvez nem tivessem  a consciência da dimensão do seu trabalho de evangelização!  Lembro-me de dois nomes: Frei Ludovico, alto, claro, forte, sério - e o Frei Marciano, moreno, alegre, muito bonito, de um sorriso lindo e palavras encantadoras. A ele, entreguei o Waldívio pela mão, para que se confessasse... Foi lindo! E agradeço a Deus e a Nossa Mãezinha do Céu, por tão grande dádiva. 

Fizeram um trabalho maravilhoso em nossa pequena cidade; dia das crianças, jovens, casais, idosos, escolas... Sempre uma palavra de carinho pra cada segmento. Missão muito grande e valiosa, que certamente rendeu numerosos frutos...

No meu caso, foi uma grande bênção! Escrevi mentalmente uma crônica bem bonita, pelas horas vazias da madrugada de hoje, mas, não sei se a emoção, ou a memória que não gravou bem, esqueci-me dos termos usados. Mesmo assim,  quero muito, neste texto simples de hoje,  levar a você um pouco da felicidade de pensar nessas palavras tão verdadeiras, que nos foram entregues naquele dia longínquo, quando, sabiamente, não foi dito que não haveria quedas, mas pedia ao Senhor que o amor ressuscitasse a cada queda...  

Muito lindo tudo isto, porque as pequenas quedas - ou, quem sabe, até grandes - sempre existem, não há como fugir, ou camuflar; elas existem, e é preciso contar mesmo com a força de Deus, para que o amor vença sempre, ressuscitando das cinzas. Obrigada, Senhor, eu Te amo e Te agradeço, de coração!

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

189 - EXORTAÇÃO


189 - EXORTAÇÃO

É com muita confiança e uma fé inabalável que queremos, humildemente, exortar a todos os cristãos do Brasil e de todo o mundo, a  um mutirão de orações pela Paz. Em nome de Cristo, vamos rezar incessantemente, pedindo ao Pai das Misericórdias, que tenha piedade do ser humano. É preciso  considerar a vida como dom de Deus, considerar que foi Ele quem nos deu a vida e compete a Ele, e somente a Ele, tirá-la, a seu tempo. Não é possível banalizá-la, do jeito como tem acontecido; é inconcebível um ser humano tirar a  vida de um semelhante, por motivos tão banais...

A terra sofre com os desvios de comportamento do ser humano.  Como é possível o homem não reconhecer a Deus como seu Criador e, se seu, também do próximo? Como pode ele achar que tem o direito de sair por aí matando, destruindo, abatendo vidas que não lhe pertencem, se nem é dono da sua própria vida?...

Dirá alguém: "Sempre foi assim. Qual a diferença? Caim matou a Abel, seu irmão, segundo a Bíblia; mortes e mais mortes, o povo vivia em guerras..."

Sim, respondo, mas tenho dois pontos a considerar: Primeiro, que é com tristeza e até um tanto assustada,  que leio em Gênesis seis, cinco-seis: " O Senhor viu que a maldade do homem se multiplicava na terra: o dia todo, seu coração não fazia outra coisa senão conceber o mal, e o Senhor arrependeu-se de ter feito o homem sobre a terra." 

Realmente assustador!... É muito triste ver no Antigo Testamento da Bíblia Sagrada, tantos conflitos, tantas guerras, um povo inteiro sendo passado "ao fio da espada"! Era realmente "olho por olho, dente por dente"

Mas Jesus veio pregar a Paz! Veio falar de amor, de bondade e não mais o olho por olho, mas o "oferecer a outra face". Não foi compreendido pelos grandes da época, mas seus seguidores foram muitos e procuravam  imitá-lo em seu modo de ser. E foi assim que  suas maravilhas chegaram até nós. 

Fomos batizados, somos cristãos! Vamos tentar viver segundo  os ensinamentos de Jesus. Mas viver mesmo,  com intensidade: procurando conhecê-lo cada vez mais, lendo sua palavra, participando da comunidade paroquial, recebendo sempre a Santa Eucaristia, caminhando  com Ele, numa vida de oração e ajuda aos mais necessitados, procurando sempre fazer o bem, pessoas melhores a cada dia!

Portanto, o segundo ponto a considerar é este: Jesus Cristo veio ao mundo para que pudéssemos mudar o nosso modo de agir. Nada de alimentar o ódio, o espírito de vingança, a desunião, mas viver o Bem, a conversão diária,  como bom cristão, como missionário da Paz. 


Maria, que O trouxe ao mundo, há de nos ajudar nesta missão de Paz! Peçamos a Ela, com muito carinho, que seja nossa conselheira, nossa companheira, medianeira de todas as graças. Rezemos o rosário, como Ela pede em suas aparições, perseveremos na oração, para que o mundo creia que a Paz é possível. No silêncio do Sacrário, comprometamos com Jesus, sermos seguidores de seus passos, em nossa passagem por este mundo. Vale a pena! Vale a pena, viver em Paz com Deus e com os irmãos!

sábado, 21 de novembro de 2015

188 - SER MÃE!

188 -  SER MÃE!

É algo realmente divino, divinamente belo e encantador, o poder que nos foi confiado: Ser Mãe! Sim, podemos gerar, podemos contribuir com Deus  na perpetuação da humanidade!

É belo, divinamente belo, mas não é fácil! Precisamos pedir continuamente, à nossa Mãezinha do Céu que interceda por nós e nos cubra com seu manto sagrado - a nós e a nossos filhos! Ela que teve o privilégio de  gerar o Filho de Deus, que nos ajude também, a todas nós, a gerarmos os nossos. 

Porque não se trata apenas de carregar no ventre; é gerá-los a cada instante, durante toda a vida; gerá-los para Deus e para o mundo.  Gerá-los, participando de suas agruras, derrotas e vitórias, chorar com eles, sorrir com eles, participar de seus momentos, em cada etapa, cada novo degrau da existência. É preciso que vivam aqui, e que vivam depois, na eternidade. Por isto, a nossa missão é eterna. Como eternos são os planos de Deus para nós.

Consideremos as alegrias e os sofrimentos de cada mãe: Maria passou por tudo isto, aqui na terra! Como se alegrou! Como viveu intensamente o magnificat. E como sofreu! Ao contemplar Seu Divino Filho na cruz, sofria com as marteladas! Porém isto foi apenas o momento final, a coroação de todas as situações de espinhos...

Imagino o desconforto da Mãe, nos últimos momentos da gravidez, indo para Belém, no lombo de um animal... Imagino a sua dor, ao saber que Herodes queria matar seu Filho... Imagino as dificuldades por que passou,  em terras estranhas... E também sua aflição, ao não encontrar o Filho na caravana, no caminho de volta para casa. Teria Ele se perdido pelo caminho?... Teria ficado - onde? - em que lugar da enorme Jerusalém, apinhada de gente, naquela semana de festas?... Teria Ele sido sequestrado?... Estaria ainda vivo?... E a aflição e interrogações, no caminho de volta para a grande cidade, a fim de procurá-lo - onde?!... (Conheço bem esses momentos de dor, quando nosso filho mais velho se perdeu, com alguns amigos, nas serras de Diamantina... Noite escura!... chuvas que Deus dava!...)

Que sofrimento, ainda, para uma Mãe, que vive com seu Filho em casa até os trinta anos, vê-lo sair por lugares nunca antes visitados, sendo, muitas vezes, perseguido, humilhado, não compreendido em sua missão!... Alguns acreditavam em seus  ensinamentos; outros, não! E o invejavam... E procuravam um meio de se livrarem dele... 

Nossos filhos também passam por momentos difíceis; e sofremos, na carne, o que lhes acontece. Qual a mãe que não padece, com os sofrimentos daqueles a quem gerou?...

E participamos, silenciosamente, de suas vitórias, de sonhos realizados, pedaços de felicidade! 

Ser Mãe é isto: perpetuar-se na carne e no espírito, gerados, pela bondade de Deus, em nossas entranhas, que Ele mesmo permitiu, serem também geradas! Muito lindo, tudo isto! Obrigada, meu Deus!

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

187 - PINCELADAS

187 - PINCELADAS

O Sr. Pedro aceitou levar-nos ao aeroporto, mais uma vez. Conversa vai, conversa vem, falou-nos de seu avô, que tinha o mesmo nome. Contou-nos fatos interessantes a respeito dele, disse que era muito bravo,  e eu me lembrei de um tal Pedro Barão, um vizinho nosso, quando morávamos lá pras bandas de Rodeiro de Ubá, Diamante, Ubeba, lá longe, entre as plantações da zona rural. Um pequeno desentendimento entre ele e meu pai, virou caos total!

Nós, crianças, nada entendíamos; chega lá um caminhão e começam a colocar ali, os trapos de uma família que se despede daquele pedaço de chão. Naquele dia, não fomos para a escola, a escola é que veio até nós! Carregando às pressas, as poucas coisas que possuíamos, de repente, chega a professora e com ela, todos os nossos colegas, para se despedirem de nós.

Minha mãe, pessoa forte, naquele momento, apavorada, era ajudada por um irmão e alguns bons vizinhos; era preciso sair rápido dali, meu pai estava jurado de morte. Sabe quantos filhos?... Sete! Todos pequenos. Eu ocupava o terceiro lugar na fila e tinha apenas sete anos!... E olhe que aquele senhor – que Deus o tenha! – era um simples vizinho, morava do outro lado da estrada, nem era o dono do espaço que ocupávamos... Mas, diziam que era bravo mesmo!

Fecharam as portas! Deixamos  para trás uma história de vida, construída ali, junto aos familiares de minha mãe. Difícil calcular pensamentos dela naqueles momentos de aflição, mas de uma coisa me lembro bem: trazia nas mãos, durante todo o tempo, o terço de Nossa Senhora! Para trás ficaram animais, plantações, nossos cinco pés de manga, enormes, lindíssimos, onde brincávamos e nos deliciávamos com seus adoráveis frutos. 

Fomos para a casa de uma irmã do meu pai - santa mulher, a saudosa Tia Marcelina - até conseguir um teto, com um terreno, a fim de que  meu pai pudesse voltar a lavrar a terra, para dar de comer aos sete filhos - depois, vieram ainda mais quatro! Meus pais, grandes heróis!

Tudo isto me veio à mente - como é fantástico o pensamento! - antes de chegarmos ao aeroporto. O Sr. Pedro retorna com o nosso carro e, observando os meninos entusiasmadíssimos com a situação, fico a comparar as duas: que diferença! Fila de atendimento especial, riqueza de detalhes, aviões estacionados, uns que chegam, outros tantos que se vão! E, apesar de tantos que voam, o grito do Lukinha, que comemora a presença de uma camionete amarela no pátio. E a alegria da Gabizinha: "O vião tá subindo, vovó!" E mais tarde: "O vião palô, vovó! O vião palô!" Como é que pode? Uma velocidade tão grande e ele parece mesmo estar parado no ar!... E, com tantas nuvens no céu,  o gracejo de Luciano: "Devemos estar passando sobre Diamantina!" 

Pois é,  gente,  considerando   esta  situação  -  e  muitas outras semelhantes, de todos os membros desta nossa imensa família -  comparando-as, àquela longínqua situação, creio que podemos proclamar, com alegria: Não foi uma bênção aquele desentendimento lá atrás, no começo de nossa história, quando fomos arrancados  da roça? Claro, passamos  por angústias e dificuldades, mais nossos pais que nós, crianças, que não conhecíamos a dimensão do problema. Mas, com Deus, a gente sempre vence!  Fomos para a cidade de Teixeiras, onde tivemos condições de estudar, trabalhar, constituir família, filhos maravilhosos, que dão sua contribuição pelos mais longínquos rincões de nosso país, em  trabalhos e passeios divertidos, dentro e fora dele, ganhando o mundo, numa vida digna e feliz. Agradeçamos a Deus, por tantas dádivas! 

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

186 - FAMÍLIA EM FESTA!

186 - FAMÍLIA EM FESTA!

Hoje, sinceramente,  nem sei por onde começar: turbilhões de ideias e de fatos, um emaranhado de coisas boas, bem parecido com esta bagunça aqui da sala, que não consegui ainda destrinchar. Pensei levantar bem cedo para lavar toda a roupa usada durante a viagem, mas, amanheceu chovendo. Fui à missa e parei para marcar uma consulta com o oftalmologista, porque desde sexta, pela manhã, quando acordei com o olho esquerdo arranhando muito -  como se estivesse dentro dele, um cisco bem grande - que não tive mais sossego com o mesmo. Resultado: a manhã foi diluída com o fato, que era realmente grave, pois desde esse dia, estava com a lente dobrada, na parte superior do globo ocular.

Resolvido o problema, voltei pra casa, não sem antes, passar pela padaria: saudade do nosso pãozinho de sempre. E aqui estou eu, tentando dizer pra você um pouquinho do muito que vivenciamos nesses quatro dias de folga, beleza total!

Quando minha filha disse que queria que eu fosse com eles conhecer Porto de Galinhas, e que gostaria muito de que o pai fosse conosco, não pensei que seriam tão grandes as maravilhas nossas de cada dia. Foi realmente encantador, divinamente maravilhoso! 

Maravilhoso o fato de conseguir que o pai também fosse, ele, que não gosta de viajar de avião; maravilhoso tudo o que vimos e desfrutamos,  de praia e mar, de imensos coqueirais e canaviais, de pessoas gentis, de acomodação aconchegante, de viagens tranquilas, de belezas sem par, bênçãos sobre bênçãos! Coisas lindas de se ver!

Maravilhoso o fato de poder participar da missa de sétimo dia do Sr. Moacyr, meu sogro, não aqui, mas lá na Capela de Nossa Senhora do Desterro,  que, de acordo com o padre que celebrava, se transformará em paróquia, neste final de ano. E a homilia me arrancou lágrimas, pois ele, falando de morte, realçou o amor que se deve cultivar durante a vida, ajuntando tesouros para a eternidade. Citou vários casos de pessoas que já se foram e eu pensava a todo instante no meu sogro, que soube servir a todos que dele necessitavam. 

É impossível descrever tudo o que foi sendo registrado na minha mente, agradecimentos sem limites, vontade de dar o recado a cada instante.  Basta dizer que denomino a esses mágicos momentos,  "família em festa",  pois é sempre muito bom estarmos juntos. A primeira vez que vi o mar foi quando precisaram de mim pra ficar com a Júlia, então, bem novinha, quando conheci Nova Viçosa; depois, fiquei com o Lucas numa pousada em Arraial d'Ajuda, para que os pais pudessem estar na Bat Caverna em uma de suas apresentações. Mais tarde, fomos a Macapá e  a Foz do Iguaçu, a convite de Walcely, mas, o Waldívio sempre ficava,  por não querer estar acima das nuvens... Medo de cair? Talvez! Porém desta vez, ele aceitou ir conosco - maravilha total! Graças a Deus, tudo correu bem. Resta-nos apenas, a vontade de lá voltar. Um dia, se Deus quiser! 

Mas agora, vamos curtir nossa casa. Hoje, já fiz café cinco vezes, uma das coisas de que ele sentiu falta, muita falta. Estar em casa também é bom; bom demais! Agradeçamos a Deus, pelo nosso lar, nossa igreja doméstica, local de aprendizado constante, principalmente no que diz respeito ao amor e ao perdão. Que o Senhor abençoe sempre o nosso lar!!!

terça-feira, 10 de novembro de 2015

185 - Carta aberta para o RAFAEL


185 - Carta aberta para o RAFAEL

Oi, Rafael! Observando aqui o Lucas e a Gabi, lembrei-me muito de você. Vai ser também bonito, com certeza, o relacionamento seu, com sua irmã. Um irmão pode e deve ser um grande amigo, e é por isto que esperamos ansiosos, o seu nascimento, principalmente ela, a Letícia!

Observo-os, com alegria: como brincam! Há pouco estavam lá fora, construindo casas, carros e fazendas, com toquinhos de madeira - verdadeira obra de arte! Agora estão ali na sala e pedem pra eu colocar "A música" pra eles dançarem; uma coisa antiga, muito antiga, gravada num LP antigo, de vinil, difícil de acreditar que crianças poderiam gostar disto...

É assim: crianças nos surpreendem a cada dia. Ontem o pai deles veio com esta: chamava a atenção do Lucas porque ele está jogando os carrinhos todos no telhado; erro difícil de consertar, porque puseram rede de proteção na janela. Como o pai, severamente, desse uma grande bronca, o Lukinha  pensou, pensou e disse: "Ah, papai, criança é assim mesmo! Quando eu crescer, não vou mais fazer isto!"

Viu, Rafael?... Um dia você vai ler estas crônicas e, convivendo com eles, verá que ninguém inventou nada: eles são assim, engraçadíssimos e será muito boa a sua convivência com crianças tão espertas, inteligentes, felizes!

Ontem, quando soube da morte do Sr. Moacyr, o bisavô de vocês, a Lelê ficou triste e disse: "Ah, mamãe, eu queria levar um chocolate pra ele!" E a mamãe, tranquila: "Sabe, Lelê, ele está feliz: vai encontrar a vovó Ordália e o Papai do Céu preparou uma mesa, cheia de brigadeiros lá pra ele".


A Júlia nos contou isto, toda emocionada. Então, após o sepultamento, viemos pra casa e comemos também, brigadeiro, em sua homenagem. Porque ele cumpriu lindamente a sua missão aqui na terra e é digno de todo respeito, carinho e consideração! Só lamentamos você não chegar a conhecê-lo! Peça rara, o Senhor Moacyr Almeida!

                                                 Beijinhos pra você, Rafael!

                                                                                                  (10/11/2015)

184 - UMA MENSAGEM DE PAZ!

184 - UMA MENSAGEM DE PAZ!

Ó Tu que por aqui passas, é contigo mesmo que quero falar! Porque eu trouxe uma mensagem de Paz! Quem ma entregou me disse: "Distribui esta Paz, com todos aqueles que encontrares pelo caminho, hoje!"

A Paz esteja contigo. A Paz esteja em tua casa, esteja sempre com cada membro de tua família, porque o hoje é agora, o presente, o tempo que se está vivendo, o tempo de Deus.


Presente - é o tempo que nos é dado viver agora. Presente, é cada dia, cada amanhecer, cada nova página do grande livro que estamos escrevendo.


Se assim é, porque assim precisa ser, por que deixar escapar esta paz que nos foi conquistada a duras penas pelo nosso Salvador?!...


Jesus Cristo, ao entrar em cada casa, repetia sempre: "A Paz esteja nesta casa!" E ensinou esta saudação para seus seguidores. Deixou-nos, o Mestre, esta bênção: a Paz!


Recebendo hoje a Paz que eu te trago, sejas tu também, um promotor da Paz. Nunca te esqueças de que a recebeste e tens igualmente a missão de transmiti-la a todos de teu convívio. Procura vivê-la intensamente, e entrega-a, sem reservas, não a deixes escapar, pois, o reino de Deus é assim: quanto mais se doa, mais se tem!


Psiu! Toma! Leva! Viver em Paz é muito bom! Quero que vivas em Paz com Deus, em Paz contigo mesmo, em Paz com todos os teus irmãos! Que Deus te abençoe! Sempre!


terça-feira, 3 de novembro de 2015

183 - Carta aberta para o LUCAS

183 - Carta aberta para o LUCAS

Acho linda a amizade que você tem com seus primos, Lucas! Parecem três irmãos. Quando estão juntos - já disse isto aos seus pais - é ótimo ficar de longe, prestando atenção nos diálogos. É muito legal! Quanta coerência, principalmente naquilo que você diz!

Um dia, você vai saber do que estou falando. A facilidade que você tem de interpretação, argumentação e conclusão dos fatos, é impressionante. Faz-nos acreditar, com muita esperança, que você terá enorme  facilidade em sua vida acadêmica e, futuramente, na profissão que escolher.  Esperamos que abrace uma bem de acordo com seu jeito de ser. 

Quantos fatos interessantes são lembrados e contados, com entusiasmo. O vovô gosta muito deste e conta pros seus amigos: "Certa vez, ele bebeu um gole de pinga na sua presença e fez aquela cara feia que todos gostam de fazer. Observando, você disse: _ Tá ruim tanto assim, vovô? _ Nossa, Lucas, horrível!  _ Então, por que você bebe? A resposta veio  rápida:       _ Porque eu sou bobo!   E você, ponderando: _ Você nem é tão bobo, assim. Os outros é que pensam que você é bobo!..."

Contando para o pai dele mais tarde, este deu gostosas risadas. Aí o vovô se entusiasmou: conta pra todo mundo! E continua bebendo cachaça e fazendo careta!

Você certamente não vai querer beber essas coisas,  não é, Lucas?... Já sabe que não presta, não é nada legal e não tem gosto bom! Mas a observação foi ótima!

E se a gente fosse registrar todas as coisas lindas que vocês dizem, daria preguiça de ler o livro: seria grosso demais. Então, vamos ficando por aqui, apenas dizendo a você e aos primos que curtam muito esta amizade bonita de que vocês agora desfrutam e que nada no mundo, nenhuma intriga, nada, nada, possa distanciá-los, pois é linda a amizade de vocês.

Que sejam também amigos do Rafael, quando ele chegar, crescer e puder estar junto de vocês, conversando, brincando, colorindo os dias uns dos outros. Obrigada pelos momentos bons que você e todos eles nos proporcionam. Deus o abençoe e a todos os que convivem com você! Um carinhoso abraço da vovó Celina e do vovô Waldívio!
                                                     (Sete Lagoas, 02/11/2015)



segunda-feira, 2 de novembro de 2015

182 - Carta aberta para o SÁVIO

182 - Carta aberta para o SÁVIO

Oi, Savinho! Você deve estar na piscina agora, não é? Porque sei que o Lukinha foi pra sua casa, portanto, devem estar todos naquela farra! Não pude ir ainda. O vovô não está aqui, mas quando ele chegar, vamos ver vocês aí. Imagino a alegria da Gabi, porque é só falar em sair e ela começa: "Pisxina! Pisxina! Pisxina! Pisxina!... Um dia, levei-a ao Náutico. Nossa! Adorou a piscina! Acha que queria sair?  Nem pensar!...

Muito bom ter piscina em casa, porque você vai brincando, brincando e, quando menos espera, já está nadando... O Arthur estava na academia; já sabe nadar?...  Mas não quero falar dele agora, a carta para ele só vai sair no final de semana. Sabe por quê?... Vou esperar terminar o campeonato. Vamos falar de partidas e artilharias...


Você já vai completar cinco anos. E aí, vai poder também participar do próximo campeonato. Sei que gostaria de já estar lá, fazendo muitos gols como o Arthur; mas não tem ainda idade para se inscrever. No próximo, com certeza, vai estar fazendo uma boa atuação, se Deus quiser. 

Estou gostando de ver como você torce por ele lá no campo. No próximo, ele vai torcer pra você também. E pro Lukinha, com certeza! Espero que vocês sejam tão entusiasmados quanto o Arthur, para fazer muito bonito, nas suas jogadas. 

E brilhar também na escola, com todas as atividades cumpridas, conquistando a amizade dos professores e colegas; semear o sorriso, a alegria; ser sempre uma pessoa amável, perto da qual todos querem ficar!

Rezo para que vocês sejam estudiosos, trabalhadores, batalhadores, como seus pais. E que sejam muito amigos, cresçam unidos como irmãos, de mãos dadas em todas as conquistas. Beijos da vovó e do vovô.

                                                           (Sete Lagoas, 02 de novembro de 2015)




181 - Carta aberta para a GABRIELA

181 - Carta aberta para a GABRIELA

E aí, Gabi, tudo bem? Que levadeza está fazendo agora, hein? Está mexendo nas gavetas da mamãe - ou nos brinquedos do Lukinha? Ô energia saudável, meu Deus! Só vem a sossegar, quando dorme... Não! Injustiça! Às vezes, fica quietinha, horas brincando no cercadinho! Aí dá pra gente fazer muitas coisas. Mas, solta pela casa...

Acho maravilhoso, quando, após uma daquelas artes bem grandes, chega perto, com a carinha mais linda do mundo, um ar de interrogação, como se dissesse: "Sabe o que eu fiz agora?!" Aí, vou confirmar. Com a maior inocência, me pega pela mão e me leva até onde estava! Como brigar, se é tudo uma descoberta? Como  ficar brava com uma de suas más ações, se você não tem consciência de que está errado?!...


Um dia, arrisquei: Que feio, Gabi? Como foi que você fez isto?... Mas aí, o Lukinha, que tinha vindo contar tudo, ponderou: "Que isto, vovó? Ela é um bebê ainda. Não pode brigar com ela!"


É assim, Gabriela, a vida de irmãos. Como o Lukinha está atento ao que lhe acontece! Sempre defendendo você contra tudo, contra todos. Que vocês sejam,  durante toda a vida,  muito amigos, companheiros de jornada. Este carinho entre os irmãos é uma das maravilhas do universo! Curta muito, a amizade de seu irmão, pois será ele um de seus maiores defensores, aquele que marcará presença a seu lado, em todos os momentos, principalmente, os de maior necessidade. 


Conte sempre com ele! E conosco também! A vida pode ser linda, maravilhosa,  e você poderá sentir sempre a presença de seus pais, seus avós, todos aqueles que hoje testemunham seu crescimento. Que seu pai cante sempre pra você, com muito entusiasmo, sabendo-a merecedora do que ele tem de melhor: "Linda, te sinto mais bela, te fico na espera..."   Deus abençoe você, Gabi, e a toda a família!


                                                       (Sete Lagoas, 02 de novembro de 2015)