domingo, 28 de julho de 2019

384 - Insistência!

384  -  Insistência!

Hoje, lá na Paróquia de Santa Luzia, a homilia insistiu o tempo todo nesta Palavra: "Insistência". Analisando a primeira leitura - que tive a graça de fazer, pois me pediram, assim que lá cheguei - e o Evangelho de São Lucas 11, 1-13, o padre Evandro disse que precisamos insistir na Oração, nunca nos desanimarmos, pois, segundo as Palavras de Jesus "quem pede, recebe; quem procura encontra; e, para quem bate se abrirá."

Jesus, ao caminhar com seus discípulos, estava sempre em oração. Sua atitude orante anima os discípulos a pedir-lhe que os ensine a rezar.  E o Mestre lhes ensina a oração por excelência, a oração dos filhos e filhas de Deus: o Pai Nosso. Diz-lhes ainda que sejam perseverantes na oração. 

Segundo o Padre Paulo Bazaglia (Liturgia Diária, julho/19, pág. 94), "Rezar como Jesus é estar em sintonia e intimidade com Deus, para louvar, agradecer e suplicar. É confiar plenamente em Deus e apresentar-lhe nossas necessidades e os desafios da missão. Mas por que às vezes Ele parece não nos atender, ainda que Jesus nos garanta: 'Peçam e lhes será dado'? Ao ensinar o discípulo a rezar como Ele rezava, com as palavras do Pai Nosso, Jesus também chamou a agir como Ele agia. Daí a importância de pensarmos no peso das palavras desta oração que sempre rezamos, quem sabe por vezes de modo automático, sem nos comprometermos a fundo com o que dizemos a Deus."

Ao levar a Eucaristia, toda sexta-feira aos internos do Hospital Nossa Senhora das Graças, sempre rezamos o Pai Nosso, oração universal, e analiso com eles: nesta oração nos dirigimos ao Pai do Céu, nosso Criador e precisamos pensar no que estamos dizendo; refletimos sobre os pedidos que fazemos, e, confiantes, vamos caminhando pela vida, procurando seguir os passos de Jesus. Só assim conheceremos a verdadeira felicidade, a verdadeira paz que vem de Deus.

Perseveremos na oração, como bons cristãos; porém é preciso pensar muito em como estamos agindo com nossos irmãos, principalmente os mais necessitados. 
(Celina - 28/07/19)

domingo, 21 de julho de 2019

383 - Alguém Cuidou de Mim!

383  -  Alguém Cuidou de Mim!

Eu estou aqui! E já vivi boas décadas! Estou aqui porque alguém cuidou de mim. Seria bom se a gente pensasse nisto todos os dias, quando há alguém sob nossa responsabilidade para cuidarmos. Não seria bem interessante? Lembrar do quanto alguém teve que se desfazer de seus projetos, abrir mão de seus sonhos, deixar seu lazer ou horas de descanso, pelos cuidados que precisou ter com a gente! Porque se ninguém cuidasse de nós, com toda certeza, não estaríamos aqui, neste momento.

O ser humano é o que mais precisa de cuidados ao nascer. Totalmente indefeso e impotente, ele jamais sobreviveria por si mesmo. E é um cuidado grande, enorme! Dos pais, de avós, parentes, vizinhos, babás, empregadas domésticas, professores... e por aí vai! E é durante muito tempo mesmo, mas principalmente na primeira infância! Como um recém-nascido requer cuidados! E a preocupação é grande! O medo de não cuidar direito... O desejo ardente de fazer o melhor possível para aquela criaturinha que acaba de chegar...

Os meninos - Lucas e Arthur - riram muito quando eu falei do caçulinha - recém-nascido, recém-chegado, aquela coisinha de nada, enrolada em panos! Quando eu cheguei com ele do hospital, o Júnior completaria três anos, dali a três dias. Ao vê-lo no meu colo, ele saiu em disparada, em gargalhadas, e foi, e voltou, e foi de novo, correndo pelos corredores, da sala para o interior da casa, e daí de novo para a sala, numa correria estranha, uma risada nervosa, um procedimento totalmente inédito, ele que era muito calmo, calado, não tinha o hábito de gargalhar assim! Ele, que sabia da gravidez, sabia do nascimento de um irmãozinho e quando fui para o hospital, ele sabia que eu voltaria com o bebê no colo. Por isto, não entendemos tal comportamento.

Depois de algum tempo, quando conseguiu se situar, ele brincava com o irmãozinho no bercinho, mas tinha o hábito de tirar seus dedinhos, quando ele segurava na borda, para fazê-lo cair. E aí, rolava de rir. Hoje são grandes amigos, desde a adolescência, inseparáveis! Porém , o caçulinha passou certos apertos com ele, chegando a pronunciar uma frase inteira, antes de proferir qualquer palavra. No momento da amamentação, ele bem inquieto, de repente grita nitidamente: "Ai, meu dedim!" Olhei para o Júnior que ria e apertava o dedinho mindinho do pobre coitado, até deixar marcas profundas no mesmo! Brigar??? Não!!! Ele não sabia o que fazia.  Como Jesus, dizer apenas: " Perdoai-lhe porque não sabe o que faz!"

Precocemente falou e parece ser precoce em tudo na vida! Este é o Wálmisson que conhecemos, como diz sempre a vizinha: "Só alegria!!!"
(Celina - 21/07/19)

sexta-feira, 12 de julho de 2019

382 - Poemas do Geraldinho

382  -  Poemas do Geraldinho

O Beija-flor

Bailando pra cá e pra lá
Beijando a flor do jardim,
Todo o mel que recolhe
Leva pros seus filhotinhos.

Que lindo que ele é
Com suas penas furtacores!
Dos pássaros, o mais formoso
É o símbolo dos nossos amores.

O seu ninho, tão fofinho,
E seus ovos, que amor!
São tão pequenininhos
Tal qual os de lagartixa!
E nele, não há preguiça
Trabalha feito um doutor!

O Pica-pau

É um animal importante
Com seu bico possante
Vai bicando a madeira
É muito misterioso.

De repente, o majestoso
Derruba um imenso galho,
Não sei se ele procura 
Algum bicho pra comer.

Tem grande e tem pequeno
Mas são ambos iguais,
Pra cortar esta madeira
Tamanho não é documento
E todos trabalham demais.

A rosa

É a mais linda das flores
E é toda perfumada
Pros enterros, principalmente,
É a mais procurada.

Existem de várias cores
Rosas, vermelhas e brancas.
Todas elas são formosas
Que ficam em nossas lembranças!

A Noiva

Já vai pro cabeleireiro,
A noiva se enfeitar.
Ela sai toda vaidosa
E com o noivo vai encontrar.

Quando entra na igreja
Vai chorando de alegria.
O noivo já todo prosa
Vai em sua companhia.

O coroinha vai junto
Com a aliança na mão,
O noivo recebe a aliança
E coloca em sua mão!

O Bêbado

Lá vai ele moribundo
Cambaleando pra lá e pra cá.
De vez em quando, toma um tombo,
Mas levanta de repente,
Vai xingando toda a gente.

A mochila vai no ombro
Carregando um litrão.
Ninguém sabe se vai cheio,
Só sabe que ele, sorrateiro
Vai cantando uma canção!

Quando encontra uma pinguela
Nela atravessa, sem cair,
Parece até um milagre, coitado,
Só sei que ele dá cabo,
Do dia que há de vir!

O Prisioneiro

Lá vai o prisioneiro
Na sua grade ficar
Ele é meio zombeteiro
E todos ficam a espiar.

No dia de visita
Ele logo quer fumar
E pede logo um maço
Pro visitante comprar.

Exige até tira-gosto
Isso eu acho engraçado!
Come de tudo que ganha
Até ficar saciado!

Catástrofe

Um dia eu saí a andar
E me encontrei com um acidente;
Era sangue pra todo lado
E tanto pedaço de gente...

Eu fiquei entristecido
E me peguei a pensar,
Tantos corpos estirados no chão
Não ficou ninguém pra semente.

Os carros todos amassados
Só serviam pra ferro velho.
Pedaços pra todos os lados
No meio de tantos mistérios!

(Esse era o nosso irmão. Sensível, parece que se assentava e ficava observando os passarinhos, as flores, as pessoas que passavam... Não podia beber, mas de vez em quando se excedia - e era um problemão!  Não se casou, falecendo solteiro aos sessenta anos. Preso também esteve, nas clínicas de recuperação. Andava muito e deve ter ficado impressionado com os mistérios de cada uma das vítimas daquele acidente. Só não entendi bem sobre "o bêbado e o dia que há de vir"...  Enfim, Geraldinho, aqui estão os poemas que conseguimos recuperar! Esteja em Paz!)

Celina - 12/07/19 - 14 horas

381 - Uma Pessoa - Uma Vida!!!

381  -  Uma Pessoa - Uma Vida!!!

Houve uma pessoa aqui entre nós, que muita gente conheceu. Seu nome? Geraldo de Queiroz Filho, um de nossos irmãos. Hoje está com o Pai do Céu!  O Geraldinho. 

Foi meu aluno. Gostava de escrever! Fazia belos textos, dos quais não me lembro. Mas sei que o elogiava pelas boas ideias e até certa correção ao escrever. Em mãos, aqui comigo hoje, alguns de seus poemas, que devem ter sido feitos bem mais tarde - não me lembro de tê-los visto! Minha irmã Graça os entregou a mim, após a passagem dele para um plano superior. Deve estar poetando entre os Anjos; era, ele mesmo, um anjo aqui na terra... Saudades!

Era um menino bom; nenhuma correção mereceu na escola. Em casa também, creio que não; não dava trabalho - antes daquilo...  Rapaz, procurou, a princípio, fazer algo bom. Tenho em mãos sua Primeira prova de Mecânica de Automóveis, com uma pontuação de 6,5; e a Décima primeira, num total de trinta questões e uma pontuação de 9,0! Não encontrei data nas avaliações. Não sei quando isto aconteceu.

Nos poucos poemas guardados, ele fala de passarinhos, fala da rosa, de casamento - mas fala  de catástrofe, de bêbado e de prisioneiro!

Dá muita dor no coração, reler estas coisas! Porque nos reporta a muitas situações de dificuldades, de pouco entendimento, de tristezas...

Mas... é a Vida! E precisamos aprender... Trabalhou um tempo como guarda no Banco Real. E meu esposo diz que lá o chamavam de Pafúncio! E todos gostavam dele. Humilde, sorria apenas, quando se dirigiam a ele. Era um rapaz bom, tranquilo, confiável!

Não sei quando ficou doente. Só sei que, estando lá em Teixeiras, uma vez, fui com ele ao médico acompanhando uma de minhas irmãs. E o doutor, paciente, mas incisivo: "Vocês têm que aceitar. Seu irmão apresenta um quadro de esquizofrenia". 

Aceitar, é preciso; mas é difícil! Eu já não morava lá, mas sei que a sua doença o fez passar por períodos bem complicados e deu muito trabalho para a família! Coitado! Ele que era tão bom! Porém, quando a doença atacava mais, saía andando sem rumo, e a família procurando por ele. Ajuntava lixos na rua e trazia pra casa. Tirava coisas em casa e levava para os pobres, aqueles que ele conhecia; as casas que frequentava; via a necessidade deles e queria ajudar... Como?... Se não, tirando na casa de seus pais - e doando! Assim era o Geraldinho! Passou por muitas dificuldades, muitos atritos... Essa doença é terrível! 

Quando ele se foi, a minha irmã que mora em São Paulo me disse: "Descansou, Celina! Ele precisava descansar!"

Internado por várias vezes, conheceu o outro lado da vida aqui na terra. Vi isto no poeminha "O Prisioneiro"! 

Na próxima crônica, vou postar alguns poeminhas dele, porque  ele me disse um dia: "Celina, quero fazer um livro. Você me ajuda?"... 

A saudade dói muito! E as lágrimas não dão conforto!
(Celina - 12/07/19 - exatamente meio dia!) 

segunda-feira, 1 de julho de 2019

380 - Pedro e Paulo

380  -  Pedro e Paulo

Dois fortes pilares da Igreja Cristã e tão diferentes em sua existência! Pedro, chamado por Jesus desde o início de Sua Missão, era um humilde pescador, casado, bronco, semianalfabeto, que seguia rigorosamente as ordens do Mestre, numa submissão confiante, feliz, discordando de seu grande Mestre, apenas quando Ele falava de seus sofrimentos e morte, o que ele não podia aceitar, dada a admiração dele pela pessoa de Jesus! Pedro não conseguia entender que Aquele Homem, que era só bondade, pudesse sofrer da forma que Ele anunciava. 

Paulo era um letrado, muito inteligente, solteiro, realmente um cidadão de peso para as autoridades de Israel. Conhecido por perseguir ferrenhamente os seguidores de Jesus, a quem não conhecera pessoalmente, tem a sua conversão definitiva  na estrada de Damasco para onde se dirigia, com a missão de prender os cristãos. Depois de sua conversão, um animado pregador do Reino de Deus! Mestre e doutor das nações, viajou muito, viagens enormes e perigosas, apenas para anunciar o Evangelho a todas as gentes. Incrível o milagre que transformou definitivamente sua vida: de perseguidor, a corajoso defensor dos seguidores de Cristo! 

Ambos, Pedro e Paulo, trabalharam com afinco, para  que a Igreja primitiva pudesse ter forças para resistir a tanta perseguição!  E se doaram totalmente à causa do Evangelho. Pregaram com coragem a Palavra de Deus, e entregaram sua vida - Pedro, crucificado e Paulo, decapitado! Mereceram a glória eterna!

Porém, como qualquer um de nós, muitos erros cometeram, entre eles, negar Jesus, a quem seguia há três anos,  e perseguir os cristãos, quando ainda nada conhecia a respeito de Cristo! Eles poderiam ter paralisado no próprio erro, mas experimentaram a graça do perdão e se redimiram totalmente. Isso nos mostra a bondade de Jesus que não escolhe pessoas que se acham perfeitas, mas vê os corações que se reconhecem falhos, humildes, e receptivos.

Como São Pedro - embora ele tenha sido crucificado de cabeça para baixo - também foram crucificados: São Felipe, São Simão, São Matias e Santo André, este numa cruz em forma de X. São Tiago, São Bartolomeu e São Mateus foram decapitados,  São Tiago de Alfeu foi apedrejado, São Judas Tadeu, morto a machadadas, São Tomé, morto com uma lança e Judas Iscariotes se suicidou. Apenas São João morreu de morte natural, em Éfeso, aos noventa e quatro anos, no ano 103 d.C.

Realmente, era necessário muita fé, coragem e confiança para seguir os passos de Jesus!

(Celina - 01/07/19)