domingo, 31 de março de 2019

347 - Infância!

347  -  Infância!


Como os fatos da infância nos marcam!  Há cenas que ficaram tão gravadas  no subconsciente que, ao pensarmos nelas,  é como se as vivêssemos hoje, tal é o poder da mente humana. É fantástico tudo isto! Até as vozes, as cores, os arrepios, as mais estranhas sensações são revividas, quando trazemos à tona os fatos de nossa infância. 

Interessante notar como uma situação vivenciada por várias pessoas, algumas se lembram perfeitamente e outras nem tanto. Portanto, guardamos aquilo que, de certa forma, nos marca por algum capricho da mente. 

Lembro-me do sobrado onde morávamos, da escadinha muito rústica, do porão, onde os animais se abrigavam à noite, dos enormes pés de mangas, da mina lá no fundo do quintal, das plantações, da estrada por onde passávamos para ir à escola, da igrejinha, do trajeto para a casa do vovô...

Lembro-me de meu pai na janela do seu quarto, jogando lá de cima umas mexericas pra nós, enquanto minha mãe lá estava, em trabalho de parto. E alguns dias depois, meu irmãozinho tão novinho, sofrendo com a catapora,  que castigou a turma toda. 

E uma lembrança bem triste do meu irmão mais velho, abrindo a cabeça da minha irmã com um enxadão, ao fazer uma cova para plantar uma bananeira; sem querer, é lógico! Ela caiu na cova, o sangue jorrou em demasiado, e nós ficamos apavorados, sem saber o que fazer. Pensamos que ela estava morrendo. Foi terrível! 

Lembro-me de muitas outras coisas, mas um fato que me fez ficar muito tempo com medo e que até hoje sinto arrepios ao lembrar, foi o tremendo berro daquela vaca brava!  Estávamos indo para a casa  de Dona Alaíde pra brincar um pouco. Creio que nossos pais iriam depois e voltaríamos com eles. Estava começando a escurecer e de repente ouvimos um berro enorme. E vimos uma vaca brava correndo em nossa direção. Apavorados, não sabíamos o que fazer. Trememos da cabeça aos pés e nem teríamos pernas pra correr! Do nada, apareceu um senhor que levantou rapidamente o arame mais baixo da cerca e nos jogou do outro lado, se arrastando ele mesmo, logo em seguida, arquejante e assustadíssimo! De olhos arregalados, prostrados ali no chão, vimos  o enorme animal, com bufadas ameaçadoras, correr pra lá e pra cá, encarando-nos e batendo a cabeça no arame farpado, ferindo o chão com as patas, mostrando sua superioridade, com seus chifres gigantescos, olhos que lançavam chispas de fogo. Parecia querer devorar-nos a todos. Só muito tempo depois,  ela se cansou e desistiu de seu intento, voltando aos berros para o  lugar de onde viera. Nenhum de nós tinha voz para dizer qualquer coisa. Aquele senhor nos explicou que ela acabara de parir e prenderam seu  bezerrinho, acho que esperando descer o  leite. E que ela, a vaca Mimosa, ficava assim, muito brava,  toda vez que lhe tiravam o bezerrinho recém-nascido. 

Minhas lembranças param por aí. Não sei quem é o senhor, não sei se ele nos levou pra casa, nossa ou do Sr. Agostinho - lembrei-me agora do nome dele, o esposo de Dona Alaíde - nem se meus irmãos se lembram desse episódio malvado que me faz tremer até hoje ao pensar o que poderia ter acontecido se aquele senhor não aparecesse no exato momento daquela investida. Fico toda arrepiada ao pensar o que ela não faria conosco, com aqueles seus chifres assassinos e a  revolta em que se encontrava...  Ai!  Que medo!

Lembranças apenas, graças a Deus! E apesar do susto, um final feliz.

(Celina - 30/03/19)

quarta-feira, 27 de março de 2019

346 - Zeus

346  -  Zeus

Lembro-me perfeitamente: meus pais haviam ido levar um de meus irmãos ao médico na cidade, e nós, todos ainda bem pequenos, ficamos na fazenda de uns amigos deles, um pouco distante da nossa casa.

Quando a Dona Alaíde - parece que era este o nome dela - colocou comida nos pratinhos pra nós, pediu que todos nos assentássemos em um banquinho, encostado na parede. Eu fiquei na pontinha do banco, ao lado da cancela que dava para o terreiro. A coisa foi tão rápida que ninguém deve saber descrever direito o que aconteceu. Parece que a cancela estava aberta e um dos cachorrões da fazenda, pulou rápido pra dentro e abocanhou a minha perna! Deve ter doído horrores! Na mesma hora, a dona da casa gritou seu esposo que veio correndo, levou-os pra fora - eram uns três ou quatro - e me carregaram pra cama. O sangue jorrava, queimaram panos velhos pra estancá-lo, amarraram umas faixas, sei não! O certo é que fiquei com pavor de cachorros!

Até hoje, se encontro um pelas ruas, fico trêmula, morrendo de medo!  Por isto, nunca tive em casa um desses bichinhos, tão amigos, companheiros fiéis, que muita gente não consegue passar sem eles. Mas aí vêm os filhos. E cada um com seus gostos!

Quando morávamos em Curvelo, apareceram em casa com  um setter irlandês. Era lindo, o Brook! Quem cuidava era minha filha. E aí ela resolve ir para Belo Horizonte fazer cursinho. Adivinha para quem sobrou tomar conta do coitado?... Eu,né? Claro! Dava comida, água, ralava cenoura pra ele ficar com o pelo bem bonito;  porém, tudo meio que de longe, com medo. 

Mudamos pra cá, os meninos se casaram e têm cachorros. E aí, quando viajam, quem vai tratar dos bichos???

Agora, meu filho caçula foi embora, deixou o cachorro dele com o inquilino. Como este precisou ir pra outra casa, o pobre do Zeus ficou sem dono, precisando muito de cuidados. Haviam brigado, ele e o outro cachorro do inquilino, coitado, todo machucado, triste... Não aguentamos: adotamos o bicho! E é bem grande, um bichão: pastor alemão, capa preta, dos grandes. Está aqui, em casa. Fazer o quê , não é mesmo? Um cachorro de muitos anos, como meu esposo e eu, ambos sem querer conviver com cachorros, sem morrer de amores por eles, agora com um aqui em casa. Dócil, tranquilo, querendo "sombra e água fresca!". Terá o que quiser nos seus últimos anos de vida...

Ontem, minha filha mandou buscá-lo para um banho, visita ao veterinário, um trato. Voltou limpo e perfumado. Fique tranquilo, Zeus! Pode ficar aqui; casa, comida, água fresca...  menos roupa lavada...

Que diria São Francisco de Assis se o abandonássemos à própria sorte...
(Celina  - 27/03/19)  


345 - Janelas

345  -  Janelas

Há poucos dias, postei uma foto que fiz  do lado de dentro da janela do nosso quarto, de onde se vê um chorão mexicano. Não sei se você sabe que árvore é essa.  Ela dá umas flores vermelhas muito semelhantes àquela escova de limpar mamadeiras.  Nesse dia, a árvore estava bem verdinha, contrastando lindamente com as flores muito vermelhas, dependuradas nas pontas dos galhos. A foto estava realmente  uma obra de arte e foi muito elogiada.

Hoje, ao arrumar o quarto,  cheguei à janela lateral e me encantei com a copa da azinheira. Como está linda! Com suas folhas miúdas, muito verdes, muito unidas... Aí pensei: hoje está toda verde, mas daqui a um mês e meio ou dois - lá pelo mês de maio - ela vai estar toda branca, como uma noiva ao receber o sacramento do matrimônio! No final da floração, caem praticamente todas as folhas, e ela fica totalmente branca como neve, coisa linda de se ver!

A natureza! Como é bela! E ao abrir janelas dos fundos da casa, logo me deparo com o verde de várias tonalidades nos pés de acerolas, pitangas, limões, cajus, goiabas, mangas, orquídeas e outras plantas menores e a famosa dama da noite, de exagerado perfume. Tudo muito lindo!

Lembrei-me agora de um texto que já utilizei muitas vezes nas minhas avaliações de Língua Portuguesa, onde a autora fala de suas janelas para o mundo, nas muitas casas em que ela habitou. Não é à toa o "Windows" que temos em nossos computadores e que abre tantas janelas com uma gama enorme de curiosas maravilhas. Janelas são muito importantes!

Nossos olhos são a janela da alma. É preciso olhar com carinho. Levar boas impressões para o nosso interior. Procurar ver o que há de melhor em cada coisa, em cada pessoa, em tudo que observamos no entorno, para fazer lindos registros na alma, refletindo com leveza sobre cada um; como a visão das minhas janelas!
(Celina  -  27/03/19) 

344 - Escolhas...

344  -  Escolhas...


Ao terminar a leitura nesta manhã, lá na Sant'Ana, um texto do capítulo 4 do Deuteronômio, decidi: Vou hoje escrever uma crônica que terá um título bem atípico: "Ensina-o a teus filhos e netos" - versículo 9.

Depois, ao conversar com uma amiga, sobre vários assuntos, resolvi trocar o título por este, bem mais simples: "Escolhas". 

Porque sempre foi uma escolha bem consciente. Não só escolhi caminhar nesta direção com os filhos -  e agora, os netos - mas também foi o que sempre fiz aos alunos por todas as escolas por onde passei. 

Testemunhas não necessitamos, quando sempre optamos por dizer a verdade; mas se algum aluno meu, ou colega de trabalho, tomar conhecimento desta, dirá, com certeza: "É verdade!"

Sempre procurei levar a Palavra de Deus em todas as áreas de atuação, e não só nas comunidades religiosas de que faço parte. Claro, em todos os lugares onde moramos, participávamos ativamente de grupos de Oração, mas não é disto que quero falar. Porque ali naqueles grupos, a finalidade era exatamente esta: "Ouvir e pregar a Palavra de Deus!" Mas nas escolas, onde o objetivo maior era a alfabetização,  a linguagem matemática, o conhecimento em geral, sempre a mensagem era algo como que "coisas do alto". 

Por isto digo com carinho, que a minha escolha foi caminhar com Deus, levar o amor de Deus às pessoas, nas palavras, nas mensagens, nas reflexões, no modo de ser, no modo de agir e de levar a tomar decisões. Qualquer assunto, qualquer discussão, sempre se concluía com a mensagem de Deus, porque, afinal, Ele é o Criador de todas as coisas e, sem Ele, não existiríamos. Simples assim! Coisas de Deus!

(Celina - 27/03/19)

domingo, 24 de março de 2019

343 - "Te Amo, Jesus!"

343  - "Te Amo, Jesus!"

Levando os meninos pra natação da Gabi, de repente, do nada, eu solto em voz alta: "Te amo, Jesus!" E ela:  "Eu também te amo muito, Jesus!"

Algumas vezes, algo me faz lembrar de um fato bom e agradeço; outras vezes é por nada mesmo. Gosto de dizer isto sempre.

Na verdade, temos tanto a agradecer!... Sempre que conversamos aqui, nós dois, meu esposo fala da dificuldade enfrentada por tantos amigos seus, por causa do comportamento de seus  filhos. E aí ele diz: "Graças a Deus, nossos filhos não nos dão este tipo de problema! É filho preso; outros, na droga; outros, sem emprego, à toa, em casa; outros, ainda, pelas ruas,  sem ter o que fazer,  não gostam de estudar, não trabalham, vida totalmente vazia!..."

É... Demos muita sorte, graças a Deus! Que Ele continue nos abençoando, iluminando a vida de nossos filhos e netos, de nossos familiares e amigos, da humanidade, enfim! E é bom estar sempre em sintonia com Ele, o Deus uno e trino, o Criador de todas as coisas; o Redentor da humanidade, o amor maior! Porque Deus é amor!!!

Você está certa, Gabi! Ame Jesus, o Menino de Belém, o carpinteiro de Nazaré, o Messias prometido, o evangelizador que iniciou o Novo Testamento, inaugurando um novo período na História da Humanidade. Por isto, dizemos: a. C. e d. C. Os fatos da história são registrados assim, desta maneira - antes de Cristo e depois de Cristo. Porque a vinda ao mundo do Filho de Deus dividiu a História da Humanidade em duas grandes partes.

Olha, Gabi, o mandamento maior em nossa vida deve ser mesmo este: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos." É saudável amar! Gostar da vida com essa alegria que você  transmite, uma alegria espontânea, um estar de bem com todos - como é linda a pureza da criança, o viver, transbordando amor! Por que perdemos essa alegria ao longo da vida?

A Palavra diz: "Sede alegres sempre, fazei o Bem a todos,  rezai por aqueles que vos perseguem, tende uma vida de Oração, orai por todos, pedindo a Deus por eles..."

Passar por tribulações, períodos difíceis, humilhações, doenças e mortes, fatalidades, todas essas dificuldades que se nos apresentam, faz parte da vida. Viver é transpor obstáculos, é resolver problemas, é vencer os desafios todos que vão surgindo. E com garra, com coragem, com alegria - amando!

"Te amo, Jesus! Te amo, meu irmão! E me amo também! Viva o Amor!!!"
(Celina - 24/03/19)

terça-feira, 19 de março de 2019

342 - Natimorto

342  -  Natimorto

Pensei muito nisto hoje, após postar a crônica anterior. Lembrei-me de que, quando comecei o meu trabalho voluntário no Hospital Nossa Senhora das Graças, deparei-me com uma mãe toda chorosa, porque seu filho morrera no parto, após uma gestação aparentemente normal, no tempo certo. Esperava ver a carinha do filho, amamentá-lo, apertá-lo nos braços, e, de repente, recebe a notícia de que nascera morto. 

Estava desconsolada a pobre mãe! Fiquei muito tempo com ela, choramos juntas, até que ela conseguiu se acalmar um pouco e me contou que aquela era a quarta gestação, a única que ela conseguira levar até o fim, porque nas anteriores, o aborto acontecia logo no início. " Desta vez...  pensei  que tinha dado certo!" - finalizou.

Falei ainda muitas vezes com ela pelo telefone e, recentemente, me disse que ela e o esposo agora são Ministros da Eucaristia, estão felizes, já sabem que não terão filhos, mas se conformaram com a vontade de Deus.

Há algumas semanas, uma colega minha contou-me que alguém de sua família foi para Belo Horizonte para que o parto fosse feito num hospital melhor, por médicos de renome e que o quarto do filho estava lindo, todo mobiliado para receber o herdeiro. Que aconteceu? O filho nasceu morto, decepção geral, e ainda optaram por trazer o filho para ser enterrado na sua cidade - que não é a nossa Sete Lagoas - para que os pais pudessem visitar seu túmulo sempre que quisessem chorar um pouco...

É bem triste uma história assim, não é? Mas que fazer?  Há momentos de sorrir e momentos de chorar. Todos passamos por dificuldades na vida. Porém, inconscientemente, somos levados a pensar no nosso caso: recebi meus quatro filhos, no tempo normal,  crianças lindas, perfeitas e saudáveis, graças a Deus. Neste particular, não houve para nós, motivos pra chorar, apenas alegria grande e muitas orações de agradecimento a Deus por tão belas dádivas dos céus. Sempre agradecendo: "Obrigada, Senhor!"
(Celina - 19/03/2019)

341 - ... e - A Reta Final!

341  -  ... e - A Reta Final!

Hoje - Dia de São José. Acabei de chegar da igreja e, relendo a crônica anterior, quero complementar com esta reflexão: depois da curva parabólica da vida, falar com você da "Reta Final".

Creio não ser difícil entender que é assim que as coisas acontecem. Simples assim: a gente nasce, cresce, faz algumas escolhas e vai vivendo conforme escolheu; e um dia, a cortina se fecha. É assim. Não há como fugir!  Creio que isto, todo mundo entende. Mas talvez nem todos entendam "a reta final" E é disto que quero falar hoje, precisamente hoje. Porque ontem, meu filho mais velho, que estava conosco há quinze dias, foi embora pela manhã. E assim -  como os outros filhos aqui não apareceram, nem netos,  deu um vazio no meu coração -  mais nele que na casa - nem havia pensado nisto. Então falei da descida. Mas hoje, quero falar da subida. Espero que você entenda:

Encontrávamos, todos e cada um de nós, numa redoma de vidro, bem quentinhos, no ventre de nossa mãe e aí, de repente, chega o momento de pular pra fora e viver num novo mundo. Agora, por nossa conta! Antes, através do cordão umbilical, era a nossa mamãe que se alimentava por nós. De tudo que ela escolhia para comer, um pouquinho, certamente, era separado praquele serzinho  inocente e ainda informe que carregava dentro de si. Aos poucos, ele foi tomando forma e se fortalecendo cada vez mais. Até se achar no direito de sair dali e ter vida própria. 

Nós, que aqui estamos e podemos falar disto, fomos mais felizes que alguns que não chegaram a ver a luz do dia. Sabe por quê?... Sabe por que ele não chorava, não abria os olhos, não se movia, nenhum gesto conseguia mostrar?... Sabe por que aquele serzinho recém-chegado, para o espanto de todos, conservava-se completamente inerte?... 

Pois é! Alguns vivem dias, outros, meses; outros vão mais longe. E há os que passam de um século. E nós ainda estamos por aqui. Que bom! É procurar viver da melhor forma possível!

Mas voltando às interrogações sobre o natimorto, a resposta é muito simples: ali está somente o corpo físico, lembrando que somos físico e espírito, corpo e alma. E é esta que nos anima;  do latim, anima (ânima) - alma - sem ela o corpo nada faz -  é um ser inanimado! Isto é o que chamamos de morte: ato de separar a alma do corpo. Este vai ser enterrado, ou cremado... Ela tem seu retorno para Aquele que no-la concedeu: é a reta final, o que já aconteceu com muitos dos nossos, não é mesmo?
(Celina - 19/03/19)


segunda-feira, 18 de março de 2019

340 - Descendo a Curva Parabólica da Vida!

340  -  Descendo a Curva Parabólica da Vida!
(Reflexões de pessoas de muitos anos...)


Reli a crônica 336 e percebi, com espanto,  que  já estamos bem perto de um sentido inverso. Viver é bom! Viver muitos anos nos dá a oportunidade de compreender melhor a vida, aceitar melhor as pessoas com quem convivemos, suportar com maior facilidade os reveses que vão surgindo... O difícil é considerar a descida da curva parabólica que nos é oferecida nesse momento da existência...

No processo ascendente, a gente nem nota o tempo passar. É tanta agitação, tanta correria, tantos afazeres, uma subida, quase sempre, bem homogênea para todos. Mas quando se chega lá em cima, quando se acorda para uma reflexão detalhada da vida, quando se olha para trás e se contempla o que foi construído, junto com um bem-estar de recordações mais ou menos gratificantes, emerge, paradoxalmente, a grande interrogação: "E agora?..."

Agora... é descer preguiçosamente, o outro lado da curva... Agora, após contar as décadas vividas... é hora de recomeçar a contar os anos...  os meses... depois, os dias, horas, minutos, segundos... E depois?...

Suspiros profundos... 

Depois... É começar uma análise diferente. É começar a contar aqueles que estavam conosco e já se foram... Pessoas outras, que nos pareciam tão bem resolvidas, e que, de repente, chegam a dar cabo de sua própria vida... Tragédias constantes, levando tantos consigo, de idosos a recém-nascidos... Calamidades que explodem por todo o mundo e nos assustam a cada dia...

É... É segurar na Mão de Deus! Não há como não se voltar para o alto, num abandono resignado de pouco saber sobre a vida; vida que ainda nos é oferecida a cada amanhecer, a cada abrir os olhos e poder dizer: "Estou vivo, graças a Deus! Vou viver mais um dia!"

Até quando?... - Você sabe?... - Não! - Ninguém sabe! - Vamos então continuar descendo lentamente,  a curva parabólica da Vida, confiando na eterna presença de Deus e na sua misericórdia!!!
(Celina - 18/03/19)

sexta-feira, 15 de março de 2019

339 - Amar é Sofrer!

339  -  Amar é Sofrer!

Meu Deus! Quanto desamor; quanta indiferença; quanto vazio... Será que é para evitar a dor?... Será que essa distância, esse egocentrismo, esse tentar bastar-se a si mesmo é uma epidemia da época?...

Sabemos que amar é sofrer. Quem ama sofre pela pessoa amada, em sua presença, em sua ausência, sempre tudo dói. Será que é por isto mesmo que as pessoas não querem mais selar compromissos de amor, de amizade sincera, de um viver pelo outro e para o outro?...

Porém, sabemos também, que só Deus se basta a si mesmo. Não há ganhos em se isolar do mundo, vantagem alguma existe em fugir das pessoas, em se ver sozinho na multidão - ou fora dela. Quem se entrega propositadamente a uma prática assim, mais cedo ou mais tarde vai sentir os efeitos de sua má escolha. Porque enquanto se é jovem, tudo é mais fácil. Mas o tempo passa, os interesses se vão, a vida toma outros rumos; e não será conveniente estar só, casa vazia, espaço em branco, necessitando ser preenchido. E aí pode ser tarde demais para recomeçar...

Não tenhamos medo do sofrimento. Procuremos tecer relacionamentos sadios, buscando uma maior abrangência em nosso mundo real. Porque o virtual jamais conseguirá preencher o vigor de nossos dias; forçosamente sentiremos o vazio, a falta de abraços, de diálogo, de sorrisos, de contestações, de acolhimento sincero e aconchegante. 

Quanto sofre uma mãe pelos seus filhos! Porque os ama de verdade! Quanto sofremos enquanto namorados, noivos, esposos... A ausência, ou a presença silenciosa; os desafios, as ideias contraditórias, os diálogos inflamados, os terremotos em momentos tenebrosos...  Mas, depois da tempestade, sempre a bonança, a paz, o encontro de uma melhor solução.

Realmente, amar é sofrer; mas sofrer pela pessoa amada, é bom! Sofrer com ela! Sem o objeto do nosso amor, a vida se torna vazia, sem graça, sem meta de afeto, um nada...

Quero amar! Quero continuar amando, sofrendo, pois só assim a vida tem sentido, só assim vale a pena viver! 
                                                                                                                            (Celina - 15/03/19)

quarta-feira, 13 de março de 2019

338 - Aprender

338  -  Aprender


Como está fácil a aprendizagem. Basta querer! Todo mundo hoje tem acesso à internet e para aprender qualquer coisa, basta acessá-la. Como diz meu filho: "Tá tudo lá!" 

"Lá onde?"... Perguntei um dia - E aí você digita, clica, e a resposta vem mesmo. Agora já nem precisa digitar. Dá trabalho! Pode apenas falar. 

Meu esposo, que não tem celular, nem quer ter, fica impressionado quando duvida de  algo sobre futebol - que é o que mais vê na televisão - pergunta a um neto de poucos anos - e ele procura! E acha! E responde logo! 

"Como é que pode?" - admira o avô. "Nem sabe escrever ainda e já acha qualquer coisa no celular". "É lógico, vovô! Não precisa escrever não; é só falar!"

Novos tempos... Tempos bons para a aprendizagem! Vamos aproveitar a internet para coisas boas em nossa caminhada. Meu filho está aprendendo a Língua Inglesa. Ouve diálogos e mais diálogos o dia inteiro. Que facilidade! Quando estávamos no colégio com nossas aulinhas de Inglês, nem dicionário podíamos comprar. Tínhamos que nos contentar com aquilo que os livros traziam. E era tão pouco! E eram tão pobres os textos! É... 

A vida mudou muito em poucas décadas. É preciso aproveitar o que ela - a Vida - está nos oferecendo de bom. Mas é necessário muito cuidado, muito discernimento para não se deixar levar por ventos contrários, porque as roseiras nos dão flores lindas, mas oferecem espinhos também! Por isto, todo cuidado é pouco, para não se deixar espetar, ao colher as belas flores dessa roseira enorme que se chama internet...
                                                                                                                                (Celina -  13/03/19)  

segunda-feira, 11 de março de 2019

337 - Assunto Sério

337  -  Assunto Sério 

Acordei-me muito cedo - tudo escuro - as janelas todas hermeticamente fechadas, por causa da ventania de ontem, que parecia querer derrubar as palmeiras aqui da frente. Abri uma delas e desci a escada, segurando no corrimão e me lembrei muito das vezes que tive que descê-la assentando-me cuidadosamente em cada um dos dezoito degraus, perna esticada, porque estava com o pé engessado. Como precisamos agradecer a Deus por tudo o que somos, por tudo o que temos!

Liguei a televisão - cinco horas da manhã - e a palestra de hoje muito me fez refletir: Monsenhor Jonas Abib, 14/04/01, "Fugir do pecado como se foge de uma serpente" e diz que, em Eclesiástico se fala de curas passadas.  Fez-nos refletir sobre os pecados que cometemos no passado, e deixaram feridas que precisam ser curadas, para que a gente se sinta realmente livre.

Final de quaresma, diz ele, vem a Semana Santa;  e revivendo, sentimos em nós o que fizeram com o Filho de Deus, o Filho de Maria, o nosso Irmão Maior, Jesus Cristo.  Seu corpo ficou reduzido a trapos humanos e é isto que o pecado faz em nosso "corpo espiritual" - ele nos reduz a trapos. É sério!

Talvez a gente nem pense na consequência do pecado, que, como diz a Bíblia, é incurável, é sem remédio; só Deus pode curar. Vamos então procurar fugir das ocasiões de pecado, como fugiríamos se uma serpente venenosa viesse nos atacar. 

É tempo de voltar para o Senhor. Ele nos quer livres, felizes, distribuindo sorrisos. E ele é muito aplaudido quando diz "Está na hora de criar juízo e acabar com o pecado; e viver livres como os pássaros! E dizer: Não quero mais pecar; já me decidi; já tomei a decisão; quero ser uma pessoa boa..."

E eu fico me lembrando de Maria Valtorta em suas visões, quando Jesus diz aos discípulos: "Sede bons! Não pequeis mais! Ide em paz!"

Como é bom viver em Paz!!!
(Celina - 11/03/2019)