342 - Natimorto
Pensei muito nisto hoje, após postar a crônica anterior. Lembrei-me de que, quando comecei o meu trabalho voluntário no Hospital Nossa Senhora das Graças, deparei-me com uma mãe toda chorosa, porque seu filho morrera no parto, após uma gestação aparentemente normal, no tempo certo. Esperava ver a carinha do filho, amamentá-lo, apertá-lo nos braços, e, de repente, recebe a notícia de que nascera morto.
Estava desconsolada a pobre mãe! Fiquei muito tempo com ela, choramos juntas, até que ela conseguiu se acalmar um pouco e me contou que aquela era a quarta gestação, a única que ela conseguira levar até o fim, porque nas anteriores, o aborto acontecia logo no início. " Desta vez... pensei que tinha dado certo!" - finalizou.
Falei ainda muitas vezes com ela pelo telefone e, recentemente, me disse que ela e o esposo agora são Ministros da Eucaristia, estão felizes, já sabem que não terão filhos, mas se conformaram com a vontade de Deus.
Há algumas semanas, uma colega minha contou-me que alguém de sua família foi para Belo Horizonte para que o parto fosse feito num hospital melhor, por médicos de renome e que o quarto do filho estava lindo, todo mobiliado para receber o herdeiro. Que aconteceu? O filho nasceu morto, decepção geral, e ainda optaram por trazer o filho para ser enterrado na sua cidade - que não é a nossa Sete Lagoas - para que os pais pudessem visitar seu túmulo sempre que quisessem chorar um pouco...
É bem triste uma história assim, não é? Mas que fazer? Há momentos de sorrir e momentos de chorar. Todos passamos por dificuldades na vida. Porém, inconscientemente, somos levados a pensar no nosso caso: recebi meus quatro filhos, no tempo normal, crianças lindas, perfeitas e saudáveis, graças a Deus. Neste particular, não houve para nós, motivos pra chorar, apenas alegria grande e muitas orações de agradecimento a Deus por tão belas dádivas dos céus. Sempre agradecendo: "Obrigada, Senhor!"
(Celina - 19/03/2019)
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