domingo, 29 de novembro de 2015

191 - Carta aberta para o ARTHUR

191 - CARTA ABERTA PARA O ARTHUR

Que festa linda, hein, Arthur! Que alegria você e o Clube Náutico de Sete Lagoas nos proporcionaram! Ver sua família, colegas e amigos presentes, naquela euforia, uma torcida forte, gritaria, fotos, troféu, nossa! - foi bom demais! Não poderíamos nunca imaginar, em nossas idas ao Clube toda semana, que seria assim, tão legal no fim!

Mas já pensou na sua responsabilidade agora? Já conseguiu interiorizar que você foi o artilheiro do campeonato e precisa fazer de tudo para conservar esta imagem de bom jogador?!... Ou a ficha não caiu ainda?

Desde o primeiro jogo, naquela sequência incrível de gols, que a torcida, entusiasmada, grita seu nome, esperando que você continue sendo a "salvação da pátria!" E você, traz pra casa agora, "a Chuteira de ouro!" pelos doze gols, contabilizados no site do Clube, mas, na sua contagem, são treze; lembra aquele que você fez e saiu vibrando, mas não foi computado pra você? O vovô afirma, com todas as letras, que foi seu; na verdade, você saiu vibrando - e o colega, não.  Mas, tudo bem: você tem doze gols e o segundo lugar apenas oito. Continue assim! 

E ontem, no final da festa, um dos treinadores, ao parabenizá-lo, disse: Mas, em primeiro lugar, os estudos! Lembra? Pois é! Alegra-nos também - e muito! - saber que você está bem na escola, que completou o ano com nota A! Parabéns! O futebol é o seu momento de lazer, melhora a condição física, trabalha a disciplina, é bom demais. Mas é o estudo que vai encaminhar você para a vida profissional. E por falar em disciplina, seja sempre muito disciplinado, em tudo aquilo que for fazer. Não se deixe levar nunca por impulsos negativos.

Disse ao Sávio, na carta dedicada a ele, que só escreveria a sua quando terminasse o campeonato, pois eu tinha certeza de que você teria uma brilhante atuação. E acho que foi acima das expectativas. Guarde bem seu troféu: pode ser o primeiro de muitos, se você continuar se esforçando; depende só de você. 

Também depende só de você, continuar brilhando na escola, na família, na igreja e na sociedade, pois o nosso campo de atuação pode ser enorme, basta querer, não se entregar à preguiça, procurar fazer sempre o melhor possível. Vale a pena! Digo com toda força de minha alma: vale a pena! Não vamos nos acomodar; nunca! Com a força que nos foi dada por Deus, continuemos na luta, uma luta boa, que faz de nós pessoas melhores a cada dia.

Quero fechar esta, lembrando a você uma coisa muito importante: Tudo na vida é um aprendizado, Arthur. Precisamos estar atentos e seguir as ordens daqueles que  têm algo a nos ensinar. Vou contar pra você um pequeno fato (Pra você, seus primos e todos os que vierem a tomar conhecimento, já que esta  é uma carta aberta.): Em comemoração ao Dia das Crianças, quando morávamos em Três Marias, inventaram um futebol dos professores. Eu, que nunca tinha chutado uma bola, no sorteio, saí no time de uma professora de Educação Física. Num dado momento, a bola sobrou pra ela, saiu correndo em direção ao gol e eu, boboca, correndo atrás dela; conhecedora da situação, falou rápido: Corre pro gol, Celina! Corri, sem saber o que fazer, fiquei perto do goleiro; ela driblou, passou a bola pra mim e, instintivamente, com o calcanhar, empurrei a pelota pra dentro! 

Foi uma festa! Meus alunos, de segundo ano, gritavam, pulavam, festejavam... Foram poucos minutos de jogo, mas saí do campo, com o coração aos pulos, vermelha, muito cansada, parecia que ia desmaiar! Porém valeu a pena! Porque ouvi a professora; ela sabia pra ensinar! Foi apenas uma brincadeira, para divertir os alunos (não sei se o Júnior se lembra disto), mas fiquei com a fama da vitória do nosso time, pode?!...

Por que estou contando isto? Para que você se lembre sempre de duas coisas muito importantes: obediência e disciplina. Procure ser obediente e disciplinado - e você vai ser sempre um VENCEDOR! Porque você tem carisma, Arthur! Basta considerar o apreço que seus primos têm por você.

Um abraço carinhoso da vovó e do vovô.
                                                              Sete Lagoas, 29/11/2015

 *******

(P.S.: No ano seguinte, estávamos em Diamantina e propuseram fazer o mesmo, nas comemorações da Semana das Crianças: um jogo dos professores para divertir a meninada. Coincidentemente, eu estava novamente com uma turminha de segundo ano. Mas a diretora disse que concordava com a ideia, desde que  a partida terminasse empatada; para evitar discussões entre os alunos. Sabe o que aconteceu?... Ninguém quis mais! Jogar,  sabendo que tinha que empatar?... O interessante é, numa competição, você dar tudo o que tem, fazer o melhor possível, e não, forjar  um resultado, previamente combinado. E aí, não tivemos o futebol em Diamantina, na Escola Estadual Prof. Júlia Kubitschek!)

sábado, 28 de novembro de 2015

190 - RESSUSCITE EM CADA QUEDA...

190 - RESSUSCITE EM CADA QUEDA...

Éramos noivos... Mês de Maio de mil novecentos e setenta e dois. A cidade em polvorosa! Esperávamos a chegada da Imagem de nossa Senhora de Fátima, trazida pelos missionários. Seria uma semana de muita movimentação na cidade. 

Realmente, as missões corresponderam à nossa expectativa. A imagem lindíssima,  as pombas brancas que a acompanhavam - e que sobrevoavam a multidão, vindo pousar depois na mesma imagem,  a euforia dos missionários, sinos que badalavam, músicas alegres que tocavam o coração... 

No dia da valorização do matrimônio, foram escolhidos alguns casais. Nós, o Waldívio e eu, representamos os noivos. Foi-nos dado um papelzinho - simples - que deveríamos ler, no nosso momento, lá no presbitério, após a reflexão dos namorados (Será que ele se lembra disto?...).

Guardo-o comigo até hoje. E aqui transcrevo seus dizeres: "COLOCANDO A ALIANÇA:  Põe a aliança no meu dedo. Não só a aliança, mas a palavra e o coração. E a vida - e os círculos dos anos - o círculo dos dias - o círculo das horas - e o pranto e as alegrias. Se a aliança se for, ficará o dedo que acusa - e no dedo, o vestígio. Tua aliança é pesada pois é o mundo que pões no meu dedo - o amor fará leve o fardo.  Não só o nosso amor, mas também o amor daquele que é o próprio amor, em cujo amor nos uniremos. Senhor, dai-nos força para que  o amor ressuscite em cada queda..."

Como proclamei com fé! Não falava com palavras apenas, falava com o coração. Perdi o sono hoje e fiquei relembrando - e só esperava amanhecer para contar isto pra você. Como falam fundo em nossa alma, as coisas de Deus! Aqueles cinco missionários talvez nem tivessem  a consciência da dimensão do seu trabalho de evangelização!  Lembro-me de dois nomes: Frei Ludovico, alto, claro, forte, sério - e o Frei Marciano, moreno, alegre, muito bonito, de um sorriso lindo e palavras encantadoras. A ele, entreguei o Waldívio pela mão, para que se confessasse... Foi lindo! E agradeço a Deus e a Nossa Mãezinha do Céu, por tão grande dádiva. 

Fizeram um trabalho maravilhoso em nossa pequena cidade; dia das crianças, jovens, casais, idosos, escolas... Sempre uma palavra de carinho pra cada segmento. Missão muito grande e valiosa, que certamente rendeu numerosos frutos...

No meu caso, foi uma grande bênção! Escrevi mentalmente uma crônica bem bonita, pelas horas vazias da madrugada de hoje, mas, não sei se a emoção, ou a memória que não gravou bem, esqueci-me dos termos usados. Mesmo assim,  quero muito, neste texto simples de hoje,  levar a você um pouco da felicidade de pensar nessas palavras tão verdadeiras, que nos foram entregues naquele dia longínquo, quando, sabiamente, não foi dito que não haveria quedas, mas pedia ao Senhor que o amor ressuscitasse a cada queda...  

Muito lindo tudo isto, porque as pequenas quedas - ou, quem sabe, até grandes - sempre existem, não há como fugir, ou camuflar; elas existem, e é preciso contar mesmo com a força de Deus, para que o amor vença sempre, ressuscitando das cinzas. Obrigada, Senhor, eu Te amo e Te agradeço, de coração!

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

189 - EXORTAÇÃO


189 - EXORTAÇÃO

É com muita confiança e uma fé inabalável que queremos, humildemente, exortar a todos os cristãos do Brasil e de todo o mundo, a  um mutirão de orações pela Paz. Em nome de Cristo, vamos rezar incessantemente, pedindo ao Pai das Misericórdias, que tenha piedade do ser humano. É preciso  considerar a vida como dom de Deus, considerar que foi Ele quem nos deu a vida e compete a Ele, e somente a Ele, tirá-la, a seu tempo. Não é possível banalizá-la, do jeito como tem acontecido; é inconcebível um ser humano tirar a  vida de um semelhante, por motivos tão banais...

A terra sofre com os desvios de comportamento do ser humano.  Como é possível o homem não reconhecer a Deus como seu Criador e, se seu, também do próximo? Como pode ele achar que tem o direito de sair por aí matando, destruindo, abatendo vidas que não lhe pertencem, se nem é dono da sua própria vida?...

Dirá alguém: "Sempre foi assim. Qual a diferença? Caim matou a Abel, seu irmão, segundo a Bíblia; mortes e mais mortes, o povo vivia em guerras..."

Sim, respondo, mas tenho dois pontos a considerar: Primeiro, que é com tristeza e até um tanto assustada,  que leio em Gênesis seis, cinco-seis: " O Senhor viu que a maldade do homem se multiplicava na terra: o dia todo, seu coração não fazia outra coisa senão conceber o mal, e o Senhor arrependeu-se de ter feito o homem sobre a terra." 

Realmente assustador!... É muito triste ver no Antigo Testamento da Bíblia Sagrada, tantos conflitos, tantas guerras, um povo inteiro sendo passado "ao fio da espada"! Era realmente "olho por olho, dente por dente"

Mas Jesus veio pregar a Paz! Veio falar de amor, de bondade e não mais o olho por olho, mas o "oferecer a outra face". Não foi compreendido pelos grandes da época, mas seus seguidores foram muitos e procuravam  imitá-lo em seu modo de ser. E foi assim que  suas maravilhas chegaram até nós. 

Fomos batizados, somos cristãos! Vamos tentar viver segundo  os ensinamentos de Jesus. Mas viver mesmo,  com intensidade: procurando conhecê-lo cada vez mais, lendo sua palavra, participando da comunidade paroquial, recebendo sempre a Santa Eucaristia, caminhando  com Ele, numa vida de oração e ajuda aos mais necessitados, procurando sempre fazer o bem, pessoas melhores a cada dia!

Portanto, o segundo ponto a considerar é este: Jesus Cristo veio ao mundo para que pudéssemos mudar o nosso modo de agir. Nada de alimentar o ódio, o espírito de vingança, a desunião, mas viver o Bem, a conversão diária,  como bom cristão, como missionário da Paz. 


Maria, que O trouxe ao mundo, há de nos ajudar nesta missão de Paz! Peçamos a Ela, com muito carinho, que seja nossa conselheira, nossa companheira, medianeira de todas as graças. Rezemos o rosário, como Ela pede em suas aparições, perseveremos na oração, para que o mundo creia que a Paz é possível. No silêncio do Sacrário, comprometamos com Jesus, sermos seguidores de seus passos, em nossa passagem por este mundo. Vale a pena! Vale a pena, viver em Paz com Deus e com os irmãos!

sábado, 21 de novembro de 2015

188 - SER MÃE!

188 -  SER MÃE!

É algo realmente divino, divinamente belo e encantador, o poder que nos foi confiado: Ser Mãe! Sim, podemos gerar, podemos contribuir com Deus  na perpetuação da humanidade!

É belo, divinamente belo, mas não é fácil! Precisamos pedir continuamente, à nossa Mãezinha do Céu que interceda por nós e nos cubra com seu manto sagrado - a nós e a nossos filhos! Ela que teve o privilégio de  gerar o Filho de Deus, que nos ajude também, a todas nós, a gerarmos os nossos. 

Porque não se trata apenas de carregar no ventre; é gerá-los a cada instante, durante toda a vida; gerá-los para Deus e para o mundo.  Gerá-los, participando de suas agruras, derrotas e vitórias, chorar com eles, sorrir com eles, participar de seus momentos, em cada etapa, cada novo degrau da existência. É preciso que vivam aqui, e que vivam depois, na eternidade. Por isto, a nossa missão é eterna. Como eternos são os planos de Deus para nós.

Consideremos as alegrias e os sofrimentos de cada mãe: Maria passou por tudo isto, aqui na terra! Como se alegrou! Como viveu intensamente o magnificat. E como sofreu! Ao contemplar Seu Divino Filho na cruz, sofria com as marteladas! Porém isto foi apenas o momento final, a coroação de todas as situações de espinhos...

Imagino o desconforto da Mãe, nos últimos momentos da gravidez, indo para Belém, no lombo de um animal... Imagino a sua dor, ao saber que Herodes queria matar seu Filho... Imagino as dificuldades por que passou,  em terras estranhas... E também sua aflição, ao não encontrar o Filho na caravana, no caminho de volta para casa. Teria Ele se perdido pelo caminho?... Teria ficado - onde? - em que lugar da enorme Jerusalém, apinhada de gente, naquela semana de festas?... Teria Ele sido sequestrado?... Estaria ainda vivo?... E a aflição e interrogações, no caminho de volta para a grande cidade, a fim de procurá-lo - onde?!... (Conheço bem esses momentos de dor, quando nosso filho mais velho se perdeu, com alguns amigos, nas serras de Diamantina... Noite escura!... chuvas que Deus dava!...)

Que sofrimento, ainda, para uma Mãe, que vive com seu Filho em casa até os trinta anos, vê-lo sair por lugares nunca antes visitados, sendo, muitas vezes, perseguido, humilhado, não compreendido em sua missão!... Alguns acreditavam em seus  ensinamentos; outros, não! E o invejavam... E procuravam um meio de se livrarem dele... 

Nossos filhos também passam por momentos difíceis; e sofremos, na carne, o que lhes acontece. Qual a mãe que não padece, com os sofrimentos daqueles a quem gerou?...

E participamos, silenciosamente, de suas vitórias, de sonhos realizados, pedaços de felicidade! 

Ser Mãe é isto: perpetuar-se na carne e no espírito, gerados, pela bondade de Deus, em nossas entranhas, que Ele mesmo permitiu, serem também geradas! Muito lindo, tudo isto! Obrigada, meu Deus!

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

187 - PINCELADAS

187 - PINCELADAS

O Sr. Pedro aceitou levar-nos ao aeroporto, mais uma vez. Conversa vai, conversa vem, falou-nos de seu avô, que tinha o mesmo nome. Contou-nos fatos interessantes a respeito dele, disse que era muito bravo,  e eu me lembrei de um tal Pedro Barão, um vizinho nosso, quando morávamos lá pras bandas de Rodeiro de Ubá, Diamante, Ubeba, lá longe, entre as plantações da zona rural. Um pequeno desentendimento entre ele e meu pai, virou caos total!

Nós, crianças, nada entendíamos; chega lá um caminhão e começam a colocar ali, os trapos de uma família que se despede daquele pedaço de chão. Naquele dia, não fomos para a escola, a escola é que veio até nós! Carregando às pressas, as poucas coisas que possuíamos, de repente, chega a professora e com ela, todos os nossos colegas, para se despedirem de nós.

Minha mãe, pessoa forte, naquele momento, apavorada, era ajudada por um irmão e alguns bons vizinhos; era preciso sair rápido dali, meu pai estava jurado de morte. Sabe quantos filhos?... Sete! Todos pequenos. Eu ocupava o terceiro lugar na fila e tinha apenas sete anos!... E olhe que aquele senhor – que Deus o tenha! – era um simples vizinho, morava do outro lado da estrada, nem era o dono do espaço que ocupávamos... Mas, diziam que era bravo mesmo!

Fecharam as portas! Deixamos  para trás uma história de vida, construída ali, junto aos familiares de minha mãe. Difícil calcular pensamentos dela naqueles momentos de aflição, mas de uma coisa me lembro bem: trazia nas mãos, durante todo o tempo, o terço de Nossa Senhora! Para trás ficaram animais, plantações, nossos cinco pés de manga, enormes, lindíssimos, onde brincávamos e nos deliciávamos com seus adoráveis frutos. 

Fomos para a casa de uma irmã do meu pai - santa mulher, a saudosa Tia Marcelina - até conseguir um teto, com um terreno, a fim de que  meu pai pudesse voltar a lavrar a terra, para dar de comer aos sete filhos - depois, vieram ainda mais quatro! Meus pais, grandes heróis!

Tudo isto me veio à mente - como é fantástico o pensamento! - antes de chegarmos ao aeroporto. O Sr. Pedro retorna com o nosso carro e, observando os meninos entusiasmadíssimos com a situação, fico a comparar as duas: que diferença! Fila de atendimento especial, riqueza de detalhes, aviões estacionados, uns que chegam, outros tantos que se vão! E, apesar de tantos que voam, o grito do Lukinha, que comemora a presença de uma camionete amarela no pátio. E a alegria da Gabizinha: "O vião tá subindo, vovó!" E mais tarde: "O vião palô, vovó! O vião palô!" Como é que pode? Uma velocidade tão grande e ele parece mesmo estar parado no ar!... E, com tantas nuvens no céu,  o gracejo de Luciano: "Devemos estar passando sobre Diamantina!" 

Pois é,  gente,  considerando   esta  situação  -  e  muitas outras semelhantes, de todos os membros desta nossa imensa família -  comparando-as, àquela longínqua situação, creio que podemos proclamar, com alegria: Não foi uma bênção aquele desentendimento lá atrás, no começo de nossa história, quando fomos arrancados  da roça? Claro, passamos  por angústias e dificuldades, mais nossos pais que nós, crianças, que não conhecíamos a dimensão do problema. Mas, com Deus, a gente sempre vence!  Fomos para a cidade de Teixeiras, onde tivemos condições de estudar, trabalhar, constituir família, filhos maravilhosos, que dão sua contribuição pelos mais longínquos rincões de nosso país, em  trabalhos e passeios divertidos, dentro e fora dele, ganhando o mundo, numa vida digna e feliz. Agradeçamos a Deus, por tantas dádivas! 

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

186 - FAMÍLIA EM FESTA!

186 - FAMÍLIA EM FESTA!

Hoje, sinceramente,  nem sei por onde começar: turbilhões de ideias e de fatos, um emaranhado de coisas boas, bem parecido com esta bagunça aqui da sala, que não consegui ainda destrinchar. Pensei levantar bem cedo para lavar toda a roupa usada durante a viagem, mas, amanheceu chovendo. Fui à missa e parei para marcar uma consulta com o oftalmologista, porque desde sexta, pela manhã, quando acordei com o olho esquerdo arranhando muito -  como se estivesse dentro dele, um cisco bem grande - que não tive mais sossego com o mesmo. Resultado: a manhã foi diluída com o fato, que era realmente grave, pois desde esse dia, estava com a lente dobrada, na parte superior do globo ocular.

Resolvido o problema, voltei pra casa, não sem antes, passar pela padaria: saudade do nosso pãozinho de sempre. E aqui estou eu, tentando dizer pra você um pouquinho do muito que vivenciamos nesses quatro dias de folga, beleza total!

Quando minha filha disse que queria que eu fosse com eles conhecer Porto de Galinhas, e que gostaria muito de que o pai fosse conosco, não pensei que seriam tão grandes as maravilhas nossas de cada dia. Foi realmente encantador, divinamente maravilhoso! 

Maravilhoso o fato de conseguir que o pai também fosse, ele, que não gosta de viajar de avião; maravilhoso tudo o que vimos e desfrutamos,  de praia e mar, de imensos coqueirais e canaviais, de pessoas gentis, de acomodação aconchegante, de viagens tranquilas, de belezas sem par, bênçãos sobre bênçãos! Coisas lindas de se ver!

Maravilhoso o fato de poder participar da missa de sétimo dia do Sr. Moacyr, meu sogro, não aqui, mas lá na Capela de Nossa Senhora do Desterro,  que, de acordo com o padre que celebrava, se transformará em paróquia, neste final de ano. E a homilia me arrancou lágrimas, pois ele, falando de morte, realçou o amor que se deve cultivar durante a vida, ajuntando tesouros para a eternidade. Citou vários casos de pessoas que já se foram e eu pensava a todo instante no meu sogro, que soube servir a todos que dele necessitavam. 

É impossível descrever tudo o que foi sendo registrado na minha mente, agradecimentos sem limites, vontade de dar o recado a cada instante.  Basta dizer que denomino a esses mágicos momentos,  "família em festa",  pois é sempre muito bom estarmos juntos. A primeira vez que vi o mar foi quando precisaram de mim pra ficar com a Júlia, então, bem novinha, quando conheci Nova Viçosa; depois, fiquei com o Lucas numa pousada em Arraial d'Ajuda, para que os pais pudessem estar na Bat Caverna em uma de suas apresentações. Mais tarde, fomos a Macapá e  a Foz do Iguaçu, a convite de Walcely, mas, o Waldívio sempre ficava,  por não querer estar acima das nuvens... Medo de cair? Talvez! Porém desta vez, ele aceitou ir conosco - maravilha total! Graças a Deus, tudo correu bem. Resta-nos apenas, a vontade de lá voltar. Um dia, se Deus quiser! 

Mas agora, vamos curtir nossa casa. Hoje, já fiz café cinco vezes, uma das coisas de que ele sentiu falta, muita falta. Estar em casa também é bom; bom demais! Agradeçamos a Deus, pelo nosso lar, nossa igreja doméstica, local de aprendizado constante, principalmente no que diz respeito ao amor e ao perdão. Que o Senhor abençoe sempre o nosso lar!!!

terça-feira, 10 de novembro de 2015

185 - Carta aberta para o RAFAEL


185 - Carta aberta para o RAFAEL

Oi, Rafael! Observando aqui o Lucas e a Gabi, lembrei-me muito de você. Vai ser também bonito, com certeza, o relacionamento seu, com sua irmã. Um irmão pode e deve ser um grande amigo, e é por isto que esperamos ansiosos, o seu nascimento, principalmente ela, a Letícia!

Observo-os, com alegria: como brincam! Há pouco estavam lá fora, construindo casas, carros e fazendas, com toquinhos de madeira - verdadeira obra de arte! Agora estão ali na sala e pedem pra eu colocar "A música" pra eles dançarem; uma coisa antiga, muito antiga, gravada num LP antigo, de vinil, difícil de acreditar que crianças poderiam gostar disto...

É assim: crianças nos surpreendem a cada dia. Ontem o pai deles veio com esta: chamava a atenção do Lucas porque ele está jogando os carrinhos todos no telhado; erro difícil de consertar, porque puseram rede de proteção na janela. Como o pai, severamente, desse uma grande bronca, o Lukinha  pensou, pensou e disse: "Ah, papai, criança é assim mesmo! Quando eu crescer, não vou mais fazer isto!"

Viu, Rafael?... Um dia você vai ler estas crônicas e, convivendo com eles, verá que ninguém inventou nada: eles são assim, engraçadíssimos e será muito boa a sua convivência com crianças tão espertas, inteligentes, felizes!

Ontem, quando soube da morte do Sr. Moacyr, o bisavô de vocês, a Lelê ficou triste e disse: "Ah, mamãe, eu queria levar um chocolate pra ele!" E a mamãe, tranquila: "Sabe, Lelê, ele está feliz: vai encontrar a vovó Ordália e o Papai do Céu preparou uma mesa, cheia de brigadeiros lá pra ele".


A Júlia nos contou isto, toda emocionada. Então, após o sepultamento, viemos pra casa e comemos também, brigadeiro, em sua homenagem. Porque ele cumpriu lindamente a sua missão aqui na terra e é digno de todo respeito, carinho e consideração! Só lamentamos você não chegar a conhecê-lo! Peça rara, o Senhor Moacyr Almeida!

                                                 Beijinhos pra você, Rafael!

                                                                                                  (10/11/2015)

184 - UMA MENSAGEM DE PAZ!

184 - UMA MENSAGEM DE PAZ!

Ó Tu que por aqui passas, é contigo mesmo que quero falar! Porque eu trouxe uma mensagem de Paz! Quem ma entregou me disse: "Distribui esta Paz, com todos aqueles que encontrares pelo caminho, hoje!"

A Paz esteja contigo. A Paz esteja em tua casa, esteja sempre com cada membro de tua família, porque o hoje é agora, o presente, o tempo que se está vivendo, o tempo de Deus.


Presente - é o tempo que nos é dado viver agora. Presente, é cada dia, cada amanhecer, cada nova página do grande livro que estamos escrevendo.


Se assim é, porque assim precisa ser, por que deixar escapar esta paz que nos foi conquistada a duras penas pelo nosso Salvador?!...


Jesus Cristo, ao entrar em cada casa, repetia sempre: "A Paz esteja nesta casa!" E ensinou esta saudação para seus seguidores. Deixou-nos, o Mestre, esta bênção: a Paz!


Recebendo hoje a Paz que eu te trago, sejas tu também, um promotor da Paz. Nunca te esqueças de que a recebeste e tens igualmente a missão de transmiti-la a todos de teu convívio. Procura vivê-la intensamente, e entrega-a, sem reservas, não a deixes escapar, pois, o reino de Deus é assim: quanto mais se doa, mais se tem!


Psiu! Toma! Leva! Viver em Paz é muito bom! Quero que vivas em Paz com Deus, em Paz contigo mesmo, em Paz com todos os teus irmãos! Que Deus te abençoe! Sempre!


terça-feira, 3 de novembro de 2015

183 - Carta aberta para o LUCAS

183 - Carta aberta para o LUCAS

Acho linda a amizade que você tem com seus primos, Lucas! Parecem três irmãos. Quando estão juntos - já disse isto aos seus pais - é ótimo ficar de longe, prestando atenção nos diálogos. É muito legal! Quanta coerência, principalmente naquilo que você diz!

Um dia, você vai saber do que estou falando. A facilidade que você tem de interpretação, argumentação e conclusão dos fatos, é impressionante. Faz-nos acreditar, com muita esperança, que você terá enorme  facilidade em sua vida acadêmica e, futuramente, na profissão que escolher.  Esperamos que abrace uma bem de acordo com seu jeito de ser. 

Quantos fatos interessantes são lembrados e contados, com entusiasmo. O vovô gosta muito deste e conta pros seus amigos: "Certa vez, ele bebeu um gole de pinga na sua presença e fez aquela cara feia que todos gostam de fazer. Observando, você disse: _ Tá ruim tanto assim, vovô? _ Nossa, Lucas, horrível!  _ Então, por que você bebe? A resposta veio  rápida:       _ Porque eu sou bobo!   E você, ponderando: _ Você nem é tão bobo, assim. Os outros é que pensam que você é bobo!..."

Contando para o pai dele mais tarde, este deu gostosas risadas. Aí o vovô se entusiasmou: conta pra todo mundo! E continua bebendo cachaça e fazendo careta!

Você certamente não vai querer beber essas coisas,  não é, Lucas?... Já sabe que não presta, não é nada legal e não tem gosto bom! Mas a observação foi ótima!

E se a gente fosse registrar todas as coisas lindas que vocês dizem, daria preguiça de ler o livro: seria grosso demais. Então, vamos ficando por aqui, apenas dizendo a você e aos primos que curtam muito esta amizade bonita de que vocês agora desfrutam e que nada no mundo, nenhuma intriga, nada, nada, possa distanciá-los, pois é linda a amizade de vocês.

Que sejam também amigos do Rafael, quando ele chegar, crescer e puder estar junto de vocês, conversando, brincando, colorindo os dias uns dos outros. Obrigada pelos momentos bons que você e todos eles nos proporcionam. Deus o abençoe e a todos os que convivem com você! Um carinhoso abraço da vovó Celina e do vovô Waldívio!
                                                     (Sete Lagoas, 02/11/2015)



segunda-feira, 2 de novembro de 2015

182 - Carta aberta para o SÁVIO

182 - Carta aberta para o SÁVIO

Oi, Savinho! Você deve estar na piscina agora, não é? Porque sei que o Lukinha foi pra sua casa, portanto, devem estar todos naquela farra! Não pude ir ainda. O vovô não está aqui, mas quando ele chegar, vamos ver vocês aí. Imagino a alegria da Gabi, porque é só falar em sair e ela começa: "Pisxina! Pisxina! Pisxina! Pisxina!... Um dia, levei-a ao Náutico. Nossa! Adorou a piscina! Acha que queria sair?  Nem pensar!...

Muito bom ter piscina em casa, porque você vai brincando, brincando e, quando menos espera, já está nadando... O Arthur estava na academia; já sabe nadar?...  Mas não quero falar dele agora, a carta para ele só vai sair no final de semana. Sabe por quê?... Vou esperar terminar o campeonato. Vamos falar de partidas e artilharias...


Você já vai completar cinco anos. E aí, vai poder também participar do próximo campeonato. Sei que gostaria de já estar lá, fazendo muitos gols como o Arthur; mas não tem ainda idade para se inscrever. No próximo, com certeza, vai estar fazendo uma boa atuação, se Deus quiser. 

Estou gostando de ver como você torce por ele lá no campo. No próximo, ele vai torcer pra você também. E pro Lukinha, com certeza! Espero que vocês sejam tão entusiasmados quanto o Arthur, para fazer muito bonito, nas suas jogadas. 

E brilhar também na escola, com todas as atividades cumpridas, conquistando a amizade dos professores e colegas; semear o sorriso, a alegria; ser sempre uma pessoa amável, perto da qual todos querem ficar!

Rezo para que vocês sejam estudiosos, trabalhadores, batalhadores, como seus pais. E que sejam muito amigos, cresçam unidos como irmãos, de mãos dadas em todas as conquistas. Beijos da vovó e do vovô.

                                                           (Sete Lagoas, 02 de novembro de 2015)




181 - Carta aberta para a GABRIELA

181 - Carta aberta para a GABRIELA

E aí, Gabi, tudo bem? Que levadeza está fazendo agora, hein? Está mexendo nas gavetas da mamãe - ou nos brinquedos do Lukinha? Ô energia saudável, meu Deus! Só vem a sossegar, quando dorme... Não! Injustiça! Às vezes, fica quietinha, horas brincando no cercadinho! Aí dá pra gente fazer muitas coisas. Mas, solta pela casa...

Acho maravilhoso, quando, após uma daquelas artes bem grandes, chega perto, com a carinha mais linda do mundo, um ar de interrogação, como se dissesse: "Sabe o que eu fiz agora?!" Aí, vou confirmar. Com a maior inocência, me pega pela mão e me leva até onde estava! Como brigar, se é tudo uma descoberta? Como  ficar brava com uma de suas más ações, se você não tem consciência de que está errado?!...


Um dia, arrisquei: Que feio, Gabi? Como foi que você fez isto?... Mas aí, o Lukinha, que tinha vindo contar tudo, ponderou: "Que isto, vovó? Ela é um bebê ainda. Não pode brigar com ela!"


É assim, Gabriela, a vida de irmãos. Como o Lukinha está atento ao que lhe acontece! Sempre defendendo você contra tudo, contra todos. Que vocês sejam,  durante toda a vida,  muito amigos, companheiros de jornada. Este carinho entre os irmãos é uma das maravilhas do universo! Curta muito, a amizade de seu irmão, pois será ele um de seus maiores defensores, aquele que marcará presença a seu lado, em todos os momentos, principalmente, os de maior necessidade. 


Conte sempre com ele! E conosco também! A vida pode ser linda, maravilhosa,  e você poderá sentir sempre a presença de seus pais, seus avós, todos aqueles que hoje testemunham seu crescimento. Que seu pai cante sempre pra você, com muito entusiasmo, sabendo-a merecedora do que ele tem de melhor: "Linda, te sinto mais bela, te fico na espera..."   Deus abençoe você, Gabi, e a toda a família!


                                                       (Sete Lagoas, 02 de novembro de 2015)




180 - Carta aberta para a LETÍCIA

180 - Carta aberta para a LETÍCIA

Que bom, Lelê, seu irmãozinho está quase chegando. A  mamãe  não vê a hora... Você, que já está bem grandinha, vai poder ajudá-la muito e vai ver como é gostoso cuidar do bebê. E vai sentir, dia após dia, tudo o que foi feito por você, principalmente,  no primeiro ano de vida. Que bom! Vai ver como o ser humano é totalmente dependente do adulto, quando pequenino.

E aí, quando ele crescer um pouco, vai poder brincar com você. Vão brincar com os seus brinquedos, e os brinquedos dele. Vão crescer juntos, vão pra escola, vão sair pra passear. Você e ele, serão como a mamãe e o Cristiano; ou o papai e um de seus irmãos; vão conversar, dividir suas dificuldades, seus sonhos, seus projetos...

E você, que é tão carinhosa, Lelê, vai cativá-lo, logo de início, com seu sorriso, seus mimos, seus cuidados... É assim, a vida! Queríamos muito que você ganhasse um irmãozinho: está aí, quase chegando. Faça dele o seu grande amigo, faça tudo por ele; eu digo: vale a pena! Vale a pena investir nosso tempo, empregar nossos maiores esforços, pela família. Você que já ama tanto seus pais, terá mais alguém para amar, bem pertinho de você!

Será que ele é tão lindo quanto você? Será tão inteligente quanto?... Certamente!... E o que é mais importante: um filho de Deus que merecerá nossos maiores cuidados, que será uma pessoa maravilhosa, que vem para que o mundo seja melhor. A vida será mais colorida com a presença dele entre nós, assim como quando você chegou. 

Comece de uma vez, a fazer lindos desenhos pra ele, pintar quadros, inventar brinquedos e brincadeiras. Assim, quando ele chegar, você já está com tudo pronto para recebê-lo. Não é bom? E aí, fica livre para a presença, o sorriso, a alegria geral! Deus os abençoe, sempre, sempre! 

                                          (Sete Lagoas, 02 de novembro de 2015)

179 - Carta aberta para a JÚLIA

179 - Carta aberta para a JÚLIA

Júlia, meu amor, começo esta, com o famoso Exupéry: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas." E para continuar no mesmo solene tratamento, preservemos a segunda pessoa: tu nos cativaste, Júlia! Desde o primeiro sorriso! Cativaste-nos a todos, com teu brilho, tua presença constante entre nós. Ninguém ama o que não conhece, mas nós te conhecemos, Júlia. E por isto, reafirmo: queiras ou não, és responsável pela felicidade daqueles a quem cativaste.

Na igreja, hoje, lembrei-me muito de ti. Nas mãos, o terço que trouxeste de Fátima pra mim. Olhando para a linda imagem de São José com o Menino Jesus ao colo, agradeci a Deus pelas vezes que vi o brilho no olhar de teu pai, quando te carregava, uma boneca viva, linda, mimosa, toda dengosa; contigo ao colo, ele se sentia uma pessoa melhor. Que bonita lembrança! Tu eras a mensagem de Deus-Menino aqui pra nós. E agora, já em casa, com o vidrinho de água benta, onde se lê: "Em Fátima, rezei por ti", fico pensando no que me disseste ao entregá-lo, da dificuldade de colocar dentro dele a água, gota a gota, com o dedinho. E nenhuma dificuldade te fez desistir do desejo de trazê-lo. Obrigada, Júlia!

Gostamos muito de ti; realmente nos cativaste. Tu nos ensinaste a ser melhores, a ser mais gente, mais afetivos; contigo, a doçura voltou a reinar em nossa casa, onde só havia adultos. Tu  me ensinaste a nadar, lembras? Íamos para a casa de teu pai; e lá tive a coragem de tentar. Hoje é o meu exercício predileto, duas a três vezes por semana. 

Ontem, senti tua falta, o dia todo te esperando.  Teu avô também; tinha dito a ele que virias... Aparece aqui, não te esqueças de que "tu te tornas eternamente responsável..." Porque te amamos. E a tua ausência machuca; e sei perfeitamente que não queres ferir-nos, não é? 

Tenho ouvido falar de ti, sempre. Pessoas que se lembram de tua brilhante atuação, seja declamando, dançando, nadando ou com as suaves músicas ao piano. Lá no Náutico, quase todos os dias, uma pessoa diz: "Cadê a Júlia, aquela piabinha?..." E a enfermeira que lá trabalha: "Diz à Júlia, que estou grávida; estou esperando uma menininha; ela vai gostar!"

Cativar é isto: deixar impregnado no coração de muita gente, a felicidade de boas lembranças, de mágicos momentos, vividos em comunhão, na construção de nossa história. Nós te agradecemos por isto! Um abraço carinhoso de toda a família que torce pelo teu sucesso! Que Deus te abençoe sempre, sempre!

                                          (Sete Lagoas, 02 de novembro de 2015)