459 - AQUARELA
Acordei hoje, pensando em dons de pintor, que talvez você tenha - e com toda certeza, eu não possuo - pois o quadro é digno de uma boa tela. É com uma ternura infantil, talvez bem remota, que vejo um sobrado de ar solene, em tons pastel, recortado de um azul muito lindo e brilhante, que se perde no longínquo horizonte.
Bem próximo à porta lateral, lá está ele, joelhos no chão, a concluir um canteiro circular de lindas e mimosas flores, em torno de uma majestosa árvore, de um verde claro brilhante, que exibe cachos de tenros botões, parecendo ser esta, sua primeira floração.
Bem próximo à porta lateral, lá está ele, joelhos no chão, a concluir um canteiro circular de lindas e mimosas flores, em torno de uma majestosa árvore, de um verde claro brilhante, que exibe cachos de tenros botões, parecendo ser esta, sua primeira floração.
Com que ternura, ele, o Menino, dá os últimos retoques àquelas plantinhas, com flores de tantas cores e formas, que dão um contraste magnífico à relva verde do imenso gramado, de um verde forte, quase azul, formando um original tapete vivo, que contorna toda a casa, com exceção da porta da frente de onde parte uma estrada de margens floridas, que se alonga pelo gramado e, em caprichosas curvas bem sinuosas, se perde lá na distante curva do caminho, após margear, por longo tempo, o pequeno rio de águas cristalinas, que vejo surgir por detrás da casa, mas não sei de onde vem!
Eu vejo aquela estrada, ornada de flores, à direita e à esquerda, infinitamente bela e, por não saber para onde vai, quero entabular um proveitoso diálogo com aquela criança, ou melhor, a julgar pelas vestes, já um rapazinho; porém ele está tão encantado com suas belas flores, que nem vê que, há bem tempo, eu o observo, com certa preocupação. Porque, ao ver a estrada, eu preciso lhe dizer:
"Menino, não vás! Não te enveredes por esta estrada, por mais linda que ela possa te parecer! Não vás! Não sei aonde ela irá te levar; sei, entretanto, que nenhum lugar do mundo será como este! E é bem possível que ela te leve à civilização. Não! Não vás! O mundo pode ser cruel, e há homens maldosos e irresponsáveis. Eu te peço, não vás!
Naquele lago, que tens à tua direita, peixinhos, que emergem para cumprimentar-te, ou para admirar as flores, que tu estás a plantar, são teus amigos! E aquela mãe que acaricia a cria ali no curral, certamente é ela que te fornece o nutritivo leite a toda manhã! E as aves, no cercado, te dão os ovos e a carne, para reforçar tua refeição, já tão rica, pelas tantas verduras e legumes que vejo na grande horta lá atrás - sabor de céu! Veja como o feijoal está lindo, exibindo suas gordas vagens, e o arrozal de um ouro forte, que brilha ao sol exuberante da tarde! E ali, um milharal cujas espigas, grandes e cheias, exibem suas vastas cabeleiras!..."
Ai, gente! Eu preciso dizer isto, e muito mais, a ele! Com certeza, tem carinhos de pais sempre presentes, tem irmãos para brincar; aquele lá em cima, na janela da frente, deve ser um deles! E eu me afeiçoei a este ser tão puro que, com tanta delicadeza, dá mais vida ao espaço, com a variedade de cores dessas mimosas plantinhas!
Vida no campo: ar puro, serenidade, silêncio, harmonia, aquarela completa da criação perfeita de Deus! Como é lindo, tudo, tudo!... Você é capaz de pintar isto pra mim?!
"Menino, não vás! Não te enveredes por esta estrada, por mais linda que ela possa te parecer! Não vás! Não sei aonde ela irá te levar; sei, entretanto, que nenhum lugar do mundo será como este! E é bem possível que ela te leve à civilização. Não! Não vás! O mundo pode ser cruel, e há homens maldosos e irresponsáveis. Eu te peço, não vás!
Naquele lago, que tens à tua direita, peixinhos, que emergem para cumprimentar-te, ou para admirar as flores, que tu estás a plantar, são teus amigos! E aquela mãe que acaricia a cria ali no curral, certamente é ela que te fornece o nutritivo leite a toda manhã! E as aves, no cercado, te dão os ovos e a carne, para reforçar tua refeição, já tão rica, pelas tantas verduras e legumes que vejo na grande horta lá atrás - sabor de céu! Veja como o feijoal está lindo, exibindo suas gordas vagens, e o arrozal de um ouro forte, que brilha ao sol exuberante da tarde! E ali, um milharal cujas espigas, grandes e cheias, exibem suas vastas cabeleiras!..."
Ai, gente! Eu preciso dizer isto, e muito mais, a ele! Com certeza, tem carinhos de pais sempre presentes, tem irmãos para brincar; aquele lá em cima, na janela da frente, deve ser um deles! E eu me afeiçoei a este ser tão puro que, com tanta delicadeza, dá mais vida ao espaço, com a variedade de cores dessas mimosas plantinhas!
Vida no campo: ar puro, serenidade, silêncio, harmonia, aquarela completa da criação perfeita de Deus! Como é lindo, tudo, tudo!... Você é capaz de pintar isto pra mim?!
(Celina - 28/07/2020)
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