segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

417 - Mil, Novecentos e Sessenta e Oito!

417  -  Mil, Novecentos e Sessenta e Oito!

Hoje me deparo com esta data no folheto de O DOMINGO, 26-01-2020. Chamou-me a atenção porque é uma data muito importante para mim. É realmente um marco na minha vida. Por isto, quis saber o porquê do registro  ali, daquele ano de 1968.

Trata-se da  segunda Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, que se deu nos meses de agosto/setembro, o que me coloca ainda mais curiosa, pois foi também por este período do ano, minha decisão. Trouxe para casa o referido folheto, pra saber sobre a conjunção entre um fato internacional e minha vida, individual, bem individual, bem simples, bem pequenina.

O fato se deu na cidade de Medellin, na Colômbia, e trouxe ao centro da reflexão pastoral o conhecimento da cruel desigualdade social em um continente fortemente cristão. E atesta o Padre Antônio Frizzo, da diocese de Guarulhos, que é quem assina o texto, que o catolicismo latino não foi mais o mesmo, depois de Medellin.  Iluminada pelo Espírito, baseando-se nessas reflexões, a Igreja intensificou sua opção pelos pobres, com os pobres e contra a pobreza. Então, o Padre discorre sobre a Campanha da Fraternidade e seus diversos temas, sempre se desenrolando em torno desse eixo comum. 

Mas por que isto me chamou a atenção no plano individual? Porque a partir dessa data - 1968 - a minha vida também não foi mais a mesma. Numa guinada de cento e oitenta graus, tomei as rédeas do meu caminho, sem muita clareza, mas com a firme convicção de que era o que eu devia mesmo fazer: de moça simples, quieta, tranquila, recatada, sempre em casa, pouco ou nenhum conhecimento do mundo lá fora, conheci o amor, a vida dividida, os planos a dois, num namoro tempestuoso e contestado por muitos, um drama que longe de ser só meu, era de toda a família e, parece, de toda uma sociedade, com a justificativa de que "é um desconhecido", "você não conhece a família", "nada sabe sobre ele", e por aí vai, todo mundo me jogando contra a parede, e eu firme em meus propósitos, o que me fez tomar decisões por mim mesma, claro, com muita oração e pedindo a Deus que iluminasse meus caminhos.

Um período difícil que me fez crescer muito, entre lágrimas e interrogações, mas na incrível confiança de que estava no caminho certo. Acreditei, me rebelei contra tudo e contra todos - ou quase todos - e continuei o meu caminho. Hoje, distante algumas décadas, vejo que era exatamente o que eu devia fazer. Foi difícil, muito doloroso, mas foi bom: quatro filhos, sete netos, uma vida estável. 

Se poderia ser diferente? Não! Acho que não! Foi assim, como deveria ser e, graças a Deus, com um final feliz. Obrigada, meu Deus, pela presença constante em minha vida!
(Celina - 26/01/2020)

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