sábado, 12 de agosto de 2023

558 - Capítulo XI

                                                                      Capítulo XI

SER FELIZ,

 nas lembranças!

 Uma vez, ouvi, em uma de suas palestras, o saudoso Padre Léo dizer: “Não sou uma pessoa ruim! Não, não sou!”

E eu digo agora: “Eu também não sou!” Quando penso nas minhas discussões em família, porque não queriam aceitar o meu namoro com aquele que hoje é meu esposo, fico um pouco preocupada, pois foi um tempo muito difícil pra todos nós.

Mas quando me lembro de tanta coisa boa que pude fazer pelos meus familiares, a balança pesa bem mais! Muito mais! Pequenas e grandes coisas que fiz por eles, chegando mesmo a comprar uma casa para os meus pais, logo no início do meu magistério. Consegui esta façanha por vários motivos: primeiro porque, sendo tão pobre, acostumada a viver com tão pouco, não iria gastar todo aquele salário que, muitos consideravam uma miséria e que, para mim, era uma verdadeira fortuna.

E também porque o salário não vinha todo mês, naquela época, ficando nove, dez meses sem receber; e assim, quando chegava, era um montante bem grande! Para nós, pobres, um  verdadeiro tesouro! Por isto, paguei um terço do preço da casa, ficando o restante numa nota promissória, endossada pelo meu padrinho de Batismo, irmão do meu pai, que foi depois descontada com os pagamentos seguintes.

Mas o que me veio à lembrança, e me traz uma ternura enorme é um simples fato que ocorreu muitas vezes! Explico: Eu era da Caixa Escolar, porque meus pais eram  pobres e tinham muitos filhos. E todos os dias, na hora do recreio, era servido para nós, somente para nós da Caixa, um mingau muito gostoso, de maisena e, parece, feito com leite em pó. Então, como eu o achava tão delicioso, comecei a levar no bolso do corpete da saia do uniforme, um vidrinho, creio que de leite de magnésia, aquele vidrinho azul, que ia vazio e voltava cheio pra minha mãe. E ela achava uma delícia!

Imagine: Eu recebia na caneca, ia para um corredor que dava para o banheiro e enchia o vidrinho, tomando apenas a sobra, enquanto todos os outros se regalavam com todo o conteúdo da xícara! Veja isto, gente! Só pra ver o sorriso da minha mãe, quando eu lhe entregava o vidrinho – e a cara de satisfação ao se deliciar com o mingau da escola!

Eu não era uma criança muito boazinha??? Como sou feliz com esta lembrança!

E você, tem boas lembranças, ingênuas assim?!


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