sábado, 9 de maio de 2020

440 - "Ficar em Casa!"


440  -  "Ficar em Casa!"

Comentávamos ontem, minha cunhada e eu, que até já estamos nos acostumando a ficar em casa. Quando pudermos sair de novo, vamos certamente, achar bem estranho. Mas sei que esta situação que estamos vivendo não vai demorar muito, não! Já-já, a gente vai estar de volta para a nossa Igreja, para os clubes, para a comunidade, para as nossas viagens, rever os amigos, abraços calorosos, sorrisos, a vida lá fora, enfim!

Por enquanto, cada um curtindo da melhor forma,  a sua Igreja doméstica, o seu cantinho de amor pela família, pelas suas "coisas", pelo seu "eu", voltando-se a si mesmo, numa interiorização valorosa, limpando o espírito de coisas, muitas vezes, efêmeras, inúteis. 

Serviu muito! Foi bom para que a gente pudesse sentir de novo, algumas situações de que já se esquecera. Pudemos rever também certas delícias, cujas lembranças já estavam bem remotas, cheias de mofos, de cinzas, de ferrugem, não voluntariamente, mas porque o tempo passa e vai levando em seu bojo, algumas coisas preciosas, sem que a gente se dê conta disto. Porque estávamos muito ocupados com outras coisas, talvez nem tão importantes.

Por isto, louvo a Deus por esta nova situação em nossa vida. Aqui em casa, como meu companheiro de todas as horas dorme durante a manhã, aproveito para participar das celebrações da Santa Missa, faço minhas orações particulares, rezo em comunidade, virtualmente, nos horários estabelecidos pelo grupo, e quando Jesus nos diz a todos: "Ide" - como todos, eu  também vou ver as boas mensagens e enviar  minhas gotas de esperança aos amigos, e aproveito ainda para dar um simples recado aqui nas minhas crônicas. Porque, quando ele se levanta e Jesus me diz: "Celina, vai!"-  eu vou dar a ele a atenção que merece; e vamos às plantas, aos animais de que dispomos, às músicas - cujas melodias nos fazem bem - e a uma alimentação de que o corpo necessita. 

E todos nós, confinados, podemos retomar aquele sentido particular do gostinho precioso que é estar em casa com os nossos. Como aqui somos só nós dois, a não ser os telefonemos que damos e recebemos, é um para o outro mesmo! E isto é muito bom!

Lendo estas considerações, você pode dizer assim: "Pra nós, talvez não esteja sendo tão ruim, Celina. Mas você se esquece daqueles que estão sendo dizimados pelo vírus?" Sinto muito por eles, posso responder, condoendo-me, numa compaixão sincera, não só com aqueles que se vão, mas também com a família que fica, no sofrimento e na saudade. Porém explico: A indignação é grande porque é pública, e porque são muitos os que se vão de uma vez, mas quantos acidentes vemos que levam também amigos, irmãos, famílias inteiras para a outra vida? E, como disse meu filho mais velho ontem, todos vamos morrer mesmo, não é assim? Ou alguém vai ficar pra semente?!

Não é maldade, não! É a realidade de todos nós, de toda a humanidade. Quantos dos nossos já se foram?  Meus filhos não podem contar mais com os avós paternos, nem maternos. E quantos de nós já perdemos pais, filhos, irmãos, esposos - pessoas tão queridas! - e precisamos conviver com a dor da perda? A dor é a mesma, para qualquer um! Para todos eles, as nossas fervorosas orações! E além disto, o que nós, pobres mortais, podemos fazer, a não ser, obedecer às ordens e procurar amparar àqueles que, sabemos, esperam por nossa ajuda?

Então, deixemos de lado as torturas de uma televisão que parece querer nos maltratar ao extremo e fazer sangrar até a última gota a nossa tristeza, a dor pelo outro, minando a nossa paz de espírito, os nossos desejos, a vida enfim. Vamos viver,  porque ainda estamos aqui. E viver bem. Digo ao meu esposo: "Quero ser útil a você, para que tenha boas lembranças, quando eu for chamada". Mas ele diz que quer ir primeiro. Quem pode saber?

Que Deus, o Todo-Poderoso, o Criador, o Grande Arquiteto do Universo, receba com um abraço afetuoso, aqueles que estão indo. E também a nós, quando chegar a nossa vez! Sejam felizes, meus amigos, tenham dias alegres e bons motivos para viverem! Mas... quando chegarem as lágrimas, chorem mesmo, que isto também conforta. Grande abraço!


(Celina - 09/05/2020)

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