353 - O poema chora!
Na leveza do existir,
sem consistência,
nenhuma potência...
Clemência!
O poema chora!
Chora
poque já não há poesia...
No seu falar,
o gemido sentido
de um pranto embutido,
entre brumas, escondido,
abatido:
já não há calor...
Sem amor,
no findar de um respiro,
o poema chora!
Chora...
Já não há espaço para o amor...
Falta-lhe o chão,
falta-lhe o pão,
sem perdão,
o poema chora!
Chora e reclama
porque já não se ama!
Porque na aridez do existir,
a poesia se vai,
lentamente,
finando,
se acabando,
se deixando consumir,
pela incerteza do estar,
no vazio da presença,
inutilidade da ausência,
que já nem se nota!
E o poema chora!
Onde o amor?
Onde o ardor?
Onde o perfume da flor?
O valor da dor?...
Criança ainda...
Quisera ser linda!
Quisera a magia,
os sonhos,
quimeras, enfim!
Onde a beleza?
Do amor, a pureza,
sem incertezas?...
No arfar do respiro,
profundo suspiro!...
Sem alegria,
sem magia,
sem mais poesia...
...E o poema chora!
(Celina - 04/05/19)
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