domingo, 28 de abril de 2019

349 - Uma Escolha Diferente

349  -  Uma Escolha Diferente


Sete Lagoas é uma cidade muito bem favorecida com relação à Igreja Católica. Graças a Deus! Como fico feliz por isto! Podemos sempre fazer escolhas diferentes. Ontem à noite pensei: vou à Missa amanhã lá na serra. Eu havia comentado com o pedreiro que alguém disse que no mês passado o bispo, Dom Aloísio, celebrou lá e foi lindíssimo e que deveria haver mais de mil pessoas. Fiquei no desejo de ir também; e resolvi. Saí às cinco e quarenta e cinco e, a passos de caminhada, lá fui eu.

Encontrei-me com uma senhora e seu cachorro na Norte-Sul e a cumprimentei. Depois foi um senhor saindo de sua casa na Vila Lobos, com quatro cachorros. Mais adiante, já lá perto do Detran, encontrei um senhor e o cumprimentei também. Por que estou dizendo isto? Para mostrar que domingo, pela manhãzinha, quase não se encontra alguém pelas ruas. 

De repente, veio um cachorro branco correndo em minha direção. Não era muito grande mas latia forte demais, quase como o nosso Zeus. Gelei. Encostei bem no muro e apressei o passo, de olho nele. Mas ele passou direto e pensei que talvez fosse daquele senhor que já estava lá na frente. Porém, ele voltou, latindo sempre.  Continuei firme. Vi uma borboleta que cruzava o meu caminho, voando bem à minha frente. Não sei por quê, eu pensei: " Estou salva!"  O cachorro se foi ; e lá vou eu, rezando o rosário. Nesta altura, já estava na metade do mesmo.

Passei em frente ao cemitério Santa Helena e aproveitei para agradecer a Deus pelos pais do Waldívio, cujos corpos ali foram colocados um dia. Passei perto do Colégio Cenecista, pensando na Júlia que lá estudou algum tempo. E comecei a subir a Serra. Pessoas de bicicleta me lembraram o Walcely que há pouco tempo esteve aqui e, pegando a bicicleta do Júnior,  fez também aquele trajeto,  trazendo lá de cima, belíssimas fotos, registrando com arte,  o evento.

Um ciclista já estava era descendo a serra e eu pensei: "Meu Deus, que coragem!" Se esta bicicleta perde o freio, nesta descida tão íngreme, que fazer?

Algumas pessoas também subiam a pé, mas não no meu ritmo; e assim iam ficando pra trás. Como agradeci a Deus, pelos pés firmes que nos levam onde queremos ir. E me lembrei de quando quebrei o pé direito, precisando caminhar de muletas, com aquele gesso pesado, ou o robofoot. Tudo passou. 

Continuei. Confesso que estava me cansando bem, mas não diminuí o passo. Uma curva... outra curva... e mais outra... Demorou bem a chegada, o que ocorreu um  pouquinho antes das sete horas, horário que eu pensava ser a Missa. Mas me enganei: foi às sete e trinta. Muito bom! Descansei, assentada ali, participei de uma belíssima celebração, presidida pelo bispo e concelebrada pelo pároco da Paróquia de São Pedro.

Desci a serra, após tirar também algumas fotos, postando no grupo dos irmãos; e, como na descida todos os santos ajudam, dei até umas corridinhas. Passei na casa de minha filha para tratar da Luna e voltei feliz para casa com uma sensação gostosa de ter feito hoje, uma boa escolha. 

São pequenas coisas que muito me alegram! Às seis horas, eu estava passando perto da Igreja de Santo Expedito, quando  ia começar a celebração. E depois, passei também bem próximo  da Paróquia de Santa Luzia e poderia ter parado ali, mas não o fiz e continuei firme no que havia decidido fazer. Obrigada, meu Deus! Participei do primeiro dia da novena de Santa Helena! Que bom! Estou feliz!

quinta-feira, 25 de abril de 2019

348 - De Volta à Infância

348  -  De Volta à Infância

Como é bom esse exercício que a gente faz de vez em quando, relembrando águas passadas, principalmente, lá no início, bem no início de nossa caminhada aqui na terra! 

Pare de ler, por favor! Feche os olhos, olhe pra dentro de si mesmo, busque lá longe, coisas que já ficaram para trás há muito tempo, lá nos primórdios de sua vida terrestre, lembrando de si, e daqueles com quem convivia. 

Até onde você consegue ir? Até cinco anos?...  Quatro?... Três anos?... Antes disto?... Quando nos mudamos do lugar onde nasci, eu ainda não completara oito anos, mas me lembro bem de muitas coisas! Poderia pintar, se tivesse essa habilidade, um quadro bem bonito com o sobrado, a horta, o quintal, a estradinha que passava dentro do nosso terreno para levar os transeuntes a outras fazendas... Também a estrada maior que ficava a oeste e levava para outros lugarejos,  contornando nossas terras - que não eram nossas, apenas morávamos lá; e o seu contorno ao sul, onde passávamos para ir à escola, à Igrejinha do povoado, como também, à casa do vovô materno. 

Nesse trecho, que ficava ao sul, após a primeira curva havia um farto bambual, de bambu gigante; não sei se você conhece, mas este eu conhecia bem: eram caules grossos, amarelados, de tamanho descomunal, e existiam em grande quantidade. Ao passar em frente ao bambual, sempre alguém gritava:   "Cuidado com a aranha!" E todos ficávamos de olho em um buraco grande que havia na raiz dos bambus.  E aí alguns falavam que já tinham visto, que ela era enorme, peluda e muito feia. Uns garotos até saíam pulando dizendo que ela saltava assim ó! -  correndo atrás de quem estivesse passando na estrada. Lendas... 

Quando íamos pra escola, somente os irmãos, ninguém se lembrava do monstro. Mas na volta, como vínhamos todos juntos, brincando, correndo, naquela algazarra, sempre algum engraçadinho começava a meter medo nos menores. E nada de aranha monstruosa! Lendas, pensávamos. 

Porém, um dia, distraídos, antes que alguém lembrasse o fato, nós a vimos! Era realmente algo descomunal: com suas enormes pernas - nem sei pra que tantas! - lá ia ela atravessando a estrada. Todo mundo disparou a gritar e a chorar; tanto que a pobrezinha parou e acho que ficou sem saber se continuava seu trajeto, ou voltava para o seu esconderijo de onde certamente viera. Falou mais alto a segunda opção, porque ela se virou de uma vez e aos saltos saiu correndo, e entrou buraco a dentro, em poucos pulos. 

Não me lembro se ficamos ali paralisados, ou se corremos todos pro mesmo lado, ou se nos dispersamos... E talvez o famoso bicho nem era tão grande assim, mas aos nossos olhos infantis, nos pareceu realmente enorme. 

Só sei que ninguém esboçou um gesto e que nesse dia chegamos muito mais rápido à nossa casa! E no dia seguinte, na escola, o assunto era só esse e os mais valentões contavam que correram atrás dela, sem dó, assustando a pobre coitada. Sei!...

O fato é que os alunos e a professora davam louvores a Deus por não precisarem passar naquele trecho da estrada, todos os dias para irem à escola!