sexta-feira, 28 de abril de 2017

288 - FALAR DE DEUS

288 - FALAR DE DEUS

A gente cantava assim: "Eu hoje estou tão triste! Eu precisava tanto conversar com Deus..." Lembra?...

E, mais adiante: "Quando eu quero falar com Deus, eu apenas falo..." Sabe cantar esta?...

Hoje, na igreja, o sacerdote disse que precisamos falar de Deus. Que o mundo está carente de Deus. Que a humanidade se afastou de Deus - que é amor - e por isto está assim, deste jeito, num desamor assustador!

Pois é!... Conversar com Deus é fácil: falo com Ele o dia todo; tenho muito a agradecer! Muito mesmo! Mas continuo pedindo também. Peço sua proteção para as famílias, especialmente para as que meus filhos constituíram. Peço pela paz no mundo, paz no coração de cada ser humano. Peço pela conversão dos pecadores, a começar por mim mesma e pelos de minha família. Peço proteção para as crianças, idosos e deficientes, que são pessoas tão indefesas! Peço que os jovens tenham juízo bastante para se afastarem das drogas de qualquer natureza e que procurem estudar, trabalhar, ganhar o sustento honestamente, com o suor do seu rosto. 

Peço. Mas à medida que vou pedindo, já vou agradecendo também. Porque é muito bom ter uma casa para onde voltar, uma família que nos preza, ter um alimento que sacia a fome, ter onde trabalhar, possuir uma condição razoável de vida. E é aí que a gente se entristece ao pensar que há muitos que vivem na linha da pobreza e até mesmo, na miséria, quase sem perspectiva de uma vida digna. Então, redobramos nossos pedidos!

E, como pouco podemos fazer para ajudar, rogamos a Deus que aqueles que possuem nas mãos o destino do país, possam pensar um pouco mais nessas criaturas, tão sofridas, tão cruelmente provadas com a dureza da falta de condições mínimas de sobrevivência!

Porém, voltando à proposta do sacerdote: FALAR DE DEUS! A gente fala: fala na igreja, nos encontros domiciliares em momentos de oração, fala onde há pessoas ávidas para ouvir sempre mais. Isto é fácil! Mas como levar a Palavra de Deus para quem não pensa nisto?... Como falar de Deus para quem não quer ouvir?... E são precisamente os que precisam ouvir, tomar conhecimento das coisas de Deus, conscientizar-se de que tudo é de Deus e que vamos passar um dia, deixando aqui o que conseguimos alcançar. Tudo ficará para trás. Quando formos chamados, nada levaremos; nada do que construímos, nada do que fizemos, nada do que conquistamos. Não levaremos o que temos, mas apenas o que somos.

Mas também - ironia do destino! - deve ler isto apenas os que pensam como eu e que entendem as incertezas da vida terrena... E é quase certo que não tenhamos aqui, leitores que precisam mesmo mudar seu modo de pensar e de agir...  Portanto, seu vigário, a proposta é ótima, mas de difícil execução: como falar de Deus a quem não quer saber disto???

(Sete Lagoas, 28/04/17)

terça-feira, 18 de abril de 2017

287 - AMIGOS

                                                               287 – AMIGOS

Hoje é Domingo de Páscoa, 16/04/17 – dezoito horas. Refletindo sobre as comemorações da Semana Santa que hoje finda, releio em  João, início do capítulo doze: “Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde morava Lázaro, que Ele havia ressuscitado dos mortos...”

Jesus gostava muito de estar na casa de Lázaro, conversando com ele e suas irmãs, Marta e Maria. Era um ponto de encontro, um lugar de repouso, um espaço gostoso, onde Ele podia descansar, de suas constantes andanças. E como gostava de estar com esses amigos! Ali, num bate-papo gostoso, Ele se alimentava, descansava, recobrava as forças para  continuar  sua caminhada.

É muito bom ter amigos, pessoas com quem se pode contar para compartilhar momentos bons e ruins, alegrias e tristezas, problemas e buscas de soluções...

Realmente, quando se é amigo de verdade, os sentimentos se fundem, as preocupações comuns se agigantam, se abraçam, as lágrimas fluem e regam as faces abatidas...  E o consolo mútuo é um conforto imenso para a alma!...

E eu fico pensando naqueles amigos de Jesus... Aqueles que o acompanharam durante dias e dias, experimentando o seu amor, vivenciando suas boas obras, testemunhando seus prodígios, sinais nunca antes vistos, milagres extraordinários – e aí, ficam sabendo, no caso de Lázaro e suas irmãs – apenas alguns poucos dias depois - ficam sabendo, repito, de sua prisão! Preso, por quê?... Nenhum mal Ele praticou... Tudo o que Ele fazia era bom! Mostrava, em tudo que fazia, o quanto o Pai era bom! Ensinou a todos a chamarem  a Deus de Pai – o que antes, ninguém havia dito. Deus-Javé era aquele Deus distante, inatingível, um Deus terrível, lá longe, que só falava com os profetas... E agora, Ele, com toda autoridade, fala de um Pai Misericordioso que nos ama, que nos quer bem, que quer o  melhor para nós – e espera a salvação de todos. Um Deus que não está aí para nos castigar, mas para NOS PERDOAR E NOS DAR A SALVAÇÃO!

Como puderam prender Este Homem? Como podem castigá-lo tanto, fazer dele um farrapo humano, “tão desfigurado que não tinha mais aparência humana” – diz a Bíblia! E eu fico pensando no sentimento daqueles amigos... Medo e decepção se apoderam de todos...

E por isto, vivo com gozo, a sua explosão de alegria,  na ressurreição! Vê-lo de novo, estar com Ele, comer com Ele, ouvi-lo falar novamente - traz agora, um gozo muito maior – um sentimento concreto de Vitória!

Amigos!... Amigos se regozijam com as coisas boas que os outros alcançam! Obrigada, meu Deus! Que possamos ter amigos, muitos amigos... Que possamos ser amigos, amigos de verdade, que se alegram, que regozijam com o sucesso dos outros, que vivem, de fato, a comunhão em seus ideais!
 (Sete Lagoas, 16/04/17) 


quinta-feira, 6 de abril de 2017

286 - DESCARTE

286  -  DESCARTE

Recentemente, uma amiga me pediu algumas fraldas, para uma netinha. Pensei: se eu der fraldas descartáveis, joga-se fora após o uso e não se tem mais. Comprei fraldas de pano, como sempre usei; só que procuramos em várias lojas uma calça plástica e não encontramos. Até hoje, estamos procurando - ela e eu! Porque, para usar fraldas de pano, precisamos colocar na criança uma calça plástica - talvez pouca gente hoje saiba disto... Mas foi assim que criei meus quatro filhos. Sempre que vou a uma loja, com a negativa, indicam outra – “talvez lá você ache” – e tem sido assim até agora.

Por isto, os lixões estão repletos! Porque é tudo descartável: fraldas, copos, pratos, bandejas, motivos de festas, balões coloridos... Enfeita-se lindamente o local: fica maravilhoso! E no dia seguinte? É só observar as lixeiras!...

E o pior de tudo isto, é que o ser humano também está se tornando descartável. Não há mais uma possível tolerância ou paciência bastante para se poder, no mínimo, tolerar as dificuldades do outro, os limites do irmão, principalmente no que diz respeito à convivência. Se não está satisfazendo àquilo que se espera dele, descarta-se! Meu Deus, a que ponto chegamos...

Por isto, eu os exorto, especialmente aos casais, que, cada um de nós, ao percebermos as “deficiências” do outro, pensemos nas nossas, que talvez sejam maiores e mais difíceis de se corrigir, de se erradicar. A Bíblia fala de “apontar o cisco no olho do outro, e não enxergar a trave que há nos próprios olhos”. Porque é preciso primeiro, ir cortando as nossas próprias arestas, enquanto ajudamos ao outro, sinalizando aquilo que ele talvez ainda não tenha enxergado em si mesmo e que dificulta o relacionamento.

Por que continuo batendo na mesma tecla com relação aos casais? Respondo com toda propriedade: trabalhei em diversas escolas durante quase meio século e pude observar, acompanhar e tentar ajudar a tantos filhos de pais separados e, na maioria das vezes, já em outro relacionamento, o que fazia dessas crianças, pessoas tristes, revoltadas, infelizes. Padrastos e madrastas, geralmente, não são as pessoas mais indicadas para cuidarem de nossos filhos. Um ou outro foge à regra, mas são exceções raríssimas, com certeza! É triste! Talvez tenha faltado mesmo um tiquinho de paciência e amor, para que a situação se revertesse. E é uma pena!!!

Peço a Deus, em minhas orações, que os casais considerem os sentimentos que os levaram a uma vida a dois, que não percam de vista os objetivos que traçaram, que amem profundamente a seus filhos e que curtam mesmo, com toda força, a felicidade de estarem juntos – até o fim!!! Para o bem de todos!


(Sete Lagoas, 06/04/17)

domingo, 2 de abril de 2017

285 - ... E O AMOR?!...

285 - ... E O AMOR?!...

Saí cedo hoje, pra capela do hospital e só cheguei agora. Quase onze horas! O dia já vai alto e está na hora de providenciar o almoço. Antes, vou procurar um determinado papel na pasta de documentos e encontro uma carta antiga - Diamantina, 29/03/90 – Carta, nada: um compêndio, com outras datas: 01/04/90; 02/04/90...  e por aí vai. Morávamos em Diamantina e o Waldívio foi transferido para Barão de Cocais. Não nos mudamos pra lá porque os meninos estavam já num estágio avançado com relação aos estudos e não seria bom pra eles. Eu lecionava, na E.E. Profª. Júlia Kubitschek e fazia pedagogia na FAFÍDIA. Estávamos construindo e aí é que o bicho pegou de verdade! Sozinha em casa, cuidando de quatro filhos adolescentes, trabalhando, estudando, supervisionando a construção e dando andamento em todo o material necessário!

Gente, parei! Reli tudo e - sinceramente - fiquei com dó de mim! Numa sequência de ações, eu falo de pedra, brita, areia, cimento, tábuas, sinteco... Falo de engenheiro, pedreiros, pintores... Falo de preços e inflações... Falo de estudos e trabalhos, de filhos e amigos... Nomes diversos: Fernando, Madecaus, Jorginho, João, Zé Cachimbo, Geraldo Antônio, Dona Maria, Pedrinho, Márcio, Manoel, Tarcísio, Ricardo,  Olivaldo, Evandro, entre outros,  todos ligados ao momento de tumulto, na finalização da construção!

E em meio a tanta confusão, um trecho gostoso, que transcrevo: “ O Walcely é que fez um bom programa. Ontem, juntaram colchões, roupas de cama e foram dormir lá no quarto dele: ele, o Júnior e o Fred. Levaram leite, café, suco, biscoitos, sanduiches, toca-fitas, e até televisão. A Antonieta foi conosco para levar as bagagens e ficou encantada com a casa. Passamos um pano no chão, puseram os colchões e dizem que dormiram a valer. Levantaram cedo, juntaram as tábuas lá embaixo, tomaram banho e fui buscá-los para o almoço. A mãe de Fred achou um barato, o programão que fizeram.” Será que eles se lembram desse piquenique?...

Esta carta de dezesseis páginas, que enviei e voltou depois na mala para as minhas mãos, fez-me lembrar das trezentas cartas minhas que enviei a ele, quando namorados, em curto espaço de tempo em que ele foi dispensado do Banco e precisou mudar de Teixeiras. Tempo difícil que passamos, separados, quando nem podíamos contar com um aparelho de telefone. O recurso era mesmo utilizar o serviço, na época, precário, dos correios; por isto guardei, numeradas, trezentas cartas daquele período. E sabe quantas dele? Apenas cinquenta! Mas que foram lidas e deliciadas, mais de cinquenta vezes cada uma!

 Parei de escrever um pouco agora, subi e lá está ele, bem dormindo... Fiz o sinal da cruz, agradecendo a Deus por tanta bênção! Encontrei um dia esta definição: “Casamento - é um namoro que deu certo!” E eu completo, com toda certeza: bodas de prata, ouro, diamantes... é um casamento que deu certo!  E deu certo, pelo amor cultivado, pelas lágrimas derramadas, pela perseverança nos propósitos, apesar das dificuldades comuns a qualquer relacionamento.

Hoje, com tanto descarte, peço a Deus que tenha misericórdia dos casais para que possam enfrentar, com coragem, os reveses da vida! Porque é muito gratificante saber que lutou e venceu; e que se pode comprovar que, realmente,  após a tempestade, vem a bonança. E que se pode afirmar, com convicção, que o amor vem de Deus, e que com amor se persevera na luta, se delicia com bons momentos e se vence todas as noites tempestuosas que forem surgindo ao longo da caminhada. Obrigada, meu Deus, pelo amor cultivado, pela luta enfrentada, pela proteção divina recebida!

(Sete Lagoas, 31/03/17)