sábado, 8 de outubro de 2016

257 - A CRÔNICA DO DIA

257 - A CRÔNICA DO DIA

Esta é  mais uma crônica, escrita quando morávamos em Diamantina; mas poderia ser de hoje - ou de amanhã, talvez! Infelizmente... Mas digo que me arrepio, ainda agora, ao relembrar a cena. Intitulei-a "Por quê?” Estamos sempre cheios de interrogações pelas cenas que presenciamos a cada dia, e a tristeza é grande, ao reconhecer nossa impotência  perante tal situação. Mas, vamos à crônica: 

POR QUÊ?...

Temos poucos minutos para irmos da Praça Sete à rodoviária. A gente voa quase, pois corremos o risco de perder o ônibus das quinze e trinta. Que sufoco! Gente trombando na gente; gente empurrando a gente; gente, gente, gente! E nós, trombando também, porque... o tempo está realmente curto! E atravessando ruas na frente de carros, pois não dá pra esperar o sinal.

De repente, eu paro. Paro e olho; e começo a pensar. Meu corpo todo se arrepia. Alguma coisa me sufoca... Suspiro!... Recupero. Dou a volta. E continuo a correr. 

Por quê, meu Deus? Por que tanta miséria? Por que esses farrapos humanos pelas ruas se nos deste uma terra fértil, uma terra tão rica, tão boa? Por quê?...

Meu filho havia dito, momentos antes "de tanto ver miséria pelo mundo, a gente acaba se acostumando." Mas, não! Aquilo era demais! Um senhor já de idade avançada, jogado ali, daquela forma, uma ferida enorme na perna! Um buraco de uma carne podre, purulenta, hedionda! Que coisa horrível, meu Deus!

E gente pra lá e pra cá, gente cheia de vida, carregada de embrulhos, de saúde, de dinheiro... de indiferença!

Por que ninguém faz algo por este ser miserável, que jaz vivo na calçada?... Por que eu não faço nada por este, que também é filho de Deus? Por quê?

Uma vontade de gritar, de chorar, de clamar em altos brados, gritar como Castro Alves: "Deus, ó Deus, onde estás que não respondes?!"

O que poderemos fazer por aqueles infelizes? Você, leitor, o que poderá fazer? E os governantes? Não têm condições de fazer alguma coisa?

Gente, vamos fazer, pelo menos, isto: uma corrente de oração, uma corrente bem forte, suplicando a Deus: piedade! piedade! piedade!

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Misericórdia, Senhor!!!
(Sete Lagoas, 08/10/16)
   

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