quinta-feira, 22 de setembro de 2016

252 - MAL INEVITÁVEL

252 - MAL INEVITÁVEL 
                                                                           (Continuando com as crônicas publicadas no Jornal "Voz de Diamantina")

"A velhice dói. E como dói! Não, não é psicológico não! É dor física mesmo! Dói na pele, sabe? Sabe o que é sentir na pele? É o peso dos anos. A dor da velhice.

É a dor da velhice estampada na face, exposta a todos, em sulcos profundos, que vão se formando, visíveis, indesejáveis, inevitáveis!

É a dor dos anos, do tempo que se vai, das insônias, das tristezas, das desilusões, dos desenganos, das decepções, dos muitos invernos, dos tantos verões, numa alternância de temperaturas, que enregelam, que sufocam, que massacram a pele... É o outono da vida, porque a primavera (flores, colorido, euforia...) esta já se foi, já ficou para trás!

É a velhice física, um mal inevitável! E a criatura humana vai se desfazendo, vai ficando fisicamente feia, enrugada, mostrando a todos que já viveu algum tempo, que alguns anos já se foram...

Porém, muito pior que a física, é a velhice mental. Esta, sim, é triste de se ver! A velhice física, cronológica, não é degradante como a velhice mental precoce.  Esta é que realmente conta: encontramos velhos aos quinze anos, como podemos encontrar jovens aos oitenta, exibindo uma juventude exuberante, lúcida, eufórica, consciente, que não se deixou abater, apesar das intempéries, apesar do bom ou mau tempo.

A velhice física é inevitável; ninguém foge a ela. E nem se deve procurar escondê-la: ela indica simplesmente que tal ser humano é um vitorioso, que traz em si uma série de vitórias, que outros não conseguiram conquistar. Os fracos tombam nos campos de batalha. Só os fortes conseguem ir além; só aos fortes, é dado o privilégio de continuar a lutar, de erguer a cabeça e seguir adiante... e caminhar mais... muito mais...

Porém, a velhice mental não é inevitável. Podemos fugir a ela que não é consequência de bom ou mau tempo. Muito pelo contrário: quanto mais experiência de vida se tem, maior, e mais rica, e mais forte, e mais abrangente, e mais madura se torna a nossa capacidade mental.

Ouvir muito, e ler muito, e viver intensamente, estudando cada fato, procurando compreender as pessoas que nos cercam, procurando sempre acrescentar algo às nossas experiências.

E sorrir!... Ah, como é bom sorrir!... Como nos faz bem, dar e receber sorrisos, um sorriso franco, aberto, jovial, sincero! Sorrir com todos os músculos da face

No dizer de Bilac: Envelhecer rindo - como as árvores fortes envelhecem!"

(Sete Lagoas, 20/09/16)

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