Há ocasiões
especiais que não devem ser desperdiçadas. Quando surge o momento, aproveite,
não deixe pra depois. Principalmente em se tratando de crianças! Não devemos
deixá-las sem resposta.
Levei a Gabi e o
Lukinha para brincarem um pouquinho no Náutico. Ficaram eufóricos quando disse
isto a eles, em plena manhã de sexta-feira. Assim que chegamos, desceram
rapidamente a rampa de entrada e o Lucas admirou-se, falando alto, quase
gritando:
_ Vovó! Olha que lindo!
Vi vários troféus
sobre uma mesa: ouro, prata e bronze.
_ Olha, vovó, uma
chuteira de ouro, igual a que o Arthur ganhou aquele dia!
Arrisquei:
_ É, Lukinha,
igual a que você vai ganhar um dia!
_ Eu?! Nunca,
vovó! Nunca vou ganhar uma chuteira igual a esta. Eu não sei jogar!
_ Ora, Lucas, o
Arthur também não sabia, não! Você também vai aprender.
Parou, olhou bem
nos meus olhos e arrematou:
_ Vovó, eu não
sou bom de futebol!!!
A Gabi já passava
correndo na nossa frente, procurando um jeito de descer para ir ao parquinho.
Saímos atrás dela, e eu fui explicando a ele como foi a trajetória do Arthur.
Não falei dele, Lucas, mas fui dizendo como o primo, no início, ficava lá
parado em campo, abaixava-se, brincando com a grama; os colegas correndo atrás da
bola e ele parado com o dedo na boca... E, como ele muitas vezes ia conosco, eu disse mais: Lembra, Lucas, como a gente ficava brigando com ele, por
causa dessas coisas que ele fazia?... Lembra que ele não jogava nada? Depois, com o tempo, foi aprendendo. E deu
sorte de fazer tantos gols no campeonato, revelando-se o artilheiro do time.
Ia falar agora da
sua atuação, como ele já estava conseguindo dominar a bola... Mas ele já saiu
correndo para o escorregador. Mais tarde, comentei com seu avô e ele
disse:
_ Coitado,
Celina! Já estão colocando na cabeça do menino que ele não sabe jogar futebol. Que
maldade!... Tem que explicar pra ele...
_ Eu tentei. Aos
poucos, vamos mostrando a ele, o seu
progresso.
É claro que cada
um tem aptidão pra uma coisa; ser dos melhores, depende dos carismas; mas todos somos
capazes de aprender um pouco sobre qualquer coisa. E o Lucas tem uma vantagem:
é muito disciplinado e faz tudo o que os instrutores pedem. Corre pelo campo o
tempo todo, saltitando, e comemora as jogadas boas dos companheiros, grita
quando seu time faz um gol, é muito entusiasmado.
Sua mãe comenta:
"De vez em quando, a bola sobra pra ele, mas nem sabe o que fazer com
ela." Peço muito pra não dizer nada disto a ele. "De jeito nenhum!" afirmou. É claro que, certamente,
não vai ser um jogador de futebol. Ninguém está pensando nisto, mas o esporte
disciplina e é um exercício muito bom e necessário ao crescimento saudável.
Então, vamos incentivá-los a continuar.
Brincaram no
parquinho, viram passarinhos saltitando pelo campo, uma garça na lagoa, brincaram um pouco
na piscina, dei-lhes um banho quentinho e voltamos pra casa, em cima da hora de
almoçar e aprontar pra ir pra escola.
O assunto em
questão vai voltar, com certeza, e vamos caminhando juntos, analisando o
desempenho de cada um, em cada atividade. O que não devemos fazer, é deixar as
crianças desanimarem frente à primeira dificuldade. E ensinar a cada uma, a não se
comparar com os outros, mas superar-se a cada dia.
(Sete Lagoas,
03/07/16)
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