523 - INCÓGNITA
INCÓGNITA
Vejo-te, longínqua, nas etéreas alturas,
E, feliz, minha alma, enlevada, sorri!
Sorri porque, apesar de ver-te tão perfeita e linda,
Apesar de desejar-te com missionário ardor,
E querer, no eterno, encontrar-te, assim, um dia,
Sabe, consciente, que precisa de um tempo a mais, ainda!
Creio merecer o tempo que minh’alma deseja,
Neste templo sublime de esmerada preparação,
Porque quero-te, luminosa, plena de amor,
Pureza de candura, santa e divinal beleza,
Pérola inigualável, preciosa e rara,
Minha bela incógnita, obra-prima do Criador!
Na mais perfeita, exagerada perfeição,
É assim, somente assim, que te quero encontrar,
Incógnita minha, transfigurada e grandiosa,
Obra máxima dos muitos esforços meus,
Entre rosas e espinhos, nos degraus da vida,
Conhecer-te então, ao final, divina e gloriosa!
E, se merecimentos, eu conseguir obter,
Após longas décadas de perseverante maturação,
No findar deste tempo, que se chama Vida,
Ao explodir, finalmente, o térreo casulo meu,
Grandiosa metamorfose, que transcende linda,
Hei de encontrar-te, resplandecente, minha incógnita querida!
(Celina - 03/03/21)